Ouve-se frequentemente dizer que a actual geração de jovens é a mais qualificada de sempre e que apesar disso está no desemprego. Sempre pensei que o facto de ser ter uma licenciatura (por exemplo) não tinha que dar direito a ter um emprego. Através do Instapundit cheguei a este artigo de Charlie C. W. Cooke intitulado "Don't Occupy Education?" que também aborda este problema (destaques meus):
The number of people participating in the Occupy Wall Street sit-ins because they are angry that their education has not yielded the fruits that they hoped it would becomes more apparent by the day. Many of the protesters I have met are understandably ruffled that they are unemployed, and they often finish their remonstrations with a non-sequitur, delivered as if it were a knockout blow: “And I went to college!” Well, one might ask, “So what?”
I first noticed this “college = good life” fallacy back in England. A close friend of mine was looking for a job straight out of college, and remained unemployed for six months while he searched for what he described as a “graduate job.”
Aqui em Portugal também já ouvi muito licenciado dizer que tinha que arranjar um emprego adequado às suas qualificações (e, ainda por cima, na "sua área"). Como se tal fosse um direito divino!
In the West, we are hard at work establishing a culture that fetishizes education, and instills the belief that college — regardless of its content or application — will, and should, inexorably lead to a better job, or a better life, or even a better America. Worse, that one has a right to these things. In doing so, we have created a Potemkin aristocracy, one based upon the erroneous and tragic conceit that having letters after one’s name intrinsically confers excellence. We are happily encouraging our children to join its ranks, regardless of whether there is any evidence that to do so will be in their interest.
De facto, para muita gente, a educação é a panaceia para tudo. Infelizmente, não é. Não é que eu seja contra o se ter um curso superior. É lógico que um curso superior dá melhores hipóteses de se conseguir um melhor emprego. Mas, sobretudo, tem que dar uma capacidade para ter um melhor desempenho, mesmo em tarefas em que não é preciso ter uma licenciatura. Eu sei que sou melhor tradutor por ter o curso que tenho. Mas o curso foi apenas a base, o resto foi trabalho meu. Não conheço praticamente nenhum recém-licenciado de tradução que esteja completamente apto para ser tradutor independente.
Um licenciado tem que saber em que medida o facto de ter tirado essa licenciatura melhorou a suas capacidades e, também, convencer um potencial empregador das vantagens em o contratar e de lhe mostrar aquilo que poderá aportar como mais-valia à empresa.
Estar à espera de um emprego conforme às qualificações académicas e, ainda por cima, na sua área de estudos, é estar a candidatar-se ao desemprego de lonfa duração. Um curso não é um direito a um emprego, mas apenas mais uma ferramenta que nos permitirá ter sucesso na nossa vida.
Parece que a BBC descobriu que em Inglaterra mais de 5000 crianças aprendem como cortar as mãos a ladrões e outras informações úteis:
Inglaterra: Mais de 5 mil crianças aprendem textos anti-semitas
Um documentário da ‘BBC’ revela que textos árabes com mensagens anti-semitas e homofóbicas estão a ser ensinados em mais de 40 escolas e clubes sauditas a cerca de cinco mil crianças em Inglaterra.
Segundo o documentário 'Panorama BBC', os livros afirmam que os judeus foram transformados em porcos e macacos, que a punição para a sodomia é a execução e mostra ainda como cortar as mãos e os pés dos ladrões.
O embaixador saudita diz que este tipo de materiais estavaram descontextualizados. Pois, a gente sabe disso.
O senhor Albino Almeida, eterno presidente da CONFAP, diz que a visita papal e correspondente tolerância de ponto é um grande transtorno para os pais. A outra confederação, CNIPE, também se mostra desagradada, pois diz que este facto vai obrigar muitos pais a faltar ao trabalho.
Estou comovido com tanta sensibilidade para com os pais e as suas dificuldades. É claro que quando os funcionários públicos fazem greves os pais também sofrem. Quando os trabalhadores dos transportes colectivos fazem greve, os pais voltam a sofrer. Se os professores fazem greves, os pais voltam a sofrer. Há provas de aferição, ficas com as filhas em casa durante a manhã (foi o que me aconteceu hoje).
Tantas e tantas situações em que os pais têm que arranjar soluções para os filhos, mas foi no caso da visita do Papa que estes senhores decidiram fazer coro. De qualquer modo, nunca pensei em me queixar contra estas situações por não ter onde pôr os filhos. As escolas não são depósitos de meninos e, por mim, até prefiro que as minhas filhas estejam na escola apenas quando têm aulas.
A visita do Papa mexe com a cabecinha de muita gente; levantama questão da laicidade do estado, dos custos da visita (mas apoiam o TGV) e não sei o que mais. Enfim...
No Arrastão o Daniel Oliveira refere o cartaz da JSD Cascais que tem escrito "Benvindos a Cascais". Obviamente, este "benvindos" é inadmissível, mas ao que parece é bastante popular. Assim, o Bloco de Esquerda Algarve também um visível "SEJA BENVINDO À NOSSA SEDE!"
Interessante porque, no breve período em que dei aulas, foi a incapacidade da maioria dos alunos (mesmo aqueles considerados bons) de ordenar cronologicamente os acontecimentos e a subsequente confusão que tal provocava na expressão dos seus pensamentos foi uma coisa que sempre me frustrou bastante. E u não dei aulas de História, mas de Português e Francês e não era raro os alunos colocarem a poesia galego-portuguesa no século XVI, por exemplo.
Alberoni queixa de fenómenos idênticos como se pode ver por este excerto:
Nos últimos 40 anos, os pedagogos quase destruíram as bases do pensamento racional e os fundamentos da nossa civilização. E fizeram-no com a ajuda de uma única decisão: eliminando as datas, acabando com a obrigatoriedade de apresentar os factos por ordem cronológica. Agora é normal ouvir dizer que Manzoni viveu no século xvi. Não há razões para espanto porque na escola já não se ensinam os acontecimentos pela respectiva ordem temporal, dizendo, por exemplo, que Alexandre Magno viveu antes de César, que, por sua vez, viveu antes de Carlos Magno, e só depois vem Dante e, em seguida, Cristóvão Colombo.
É claro que esta incapacidade para ordernar cronologicamente os acontecimentos, de conhecer as datas, tem consequências. O passado torna-se assim uma almágama. Não advogo que, por exemplo, se aprenda história a decorar datas. Mas o seu conhecimento ajuda.
Mariano Gago fez um aviso aos reitores das universidades portuguesas para não pactuarem com praxes violentas e incita-os a informarem os caloiros de que podem recusar a praxe que não perderão quaisquer direitos:
Mariano Gago repudia as “práticas de humilhação e de agressão física e psicológica” com carácter “fascista e boçal” infligidas aos caloiros no ensino superior, “identificadas ou desculpadas como ‘praxes’ académicas”.
Pela “extraordinária gravidade” de algumas destas práticas, impõe-se “uma atitude de responsabilidade colectiva” que “não permite qualquer tolerância” com “insuportáveis violações do Estado de Direito” no meio académico. “A degradação física e psicológica dos mais novos como rito de iniciação é uma afronta aos valores da própria educação e à razão de ser das instituições de ensino superior e deve ser eficazmente combatida por todos: estudantes, professores e, muito especialmente, pelos próprios responsáveis das instituições”, defende o governante.
Há muito tempo que considero as universidades como responsáveis pelo que de mau há nas praxes. Mas parece que Mariano Gago, ministro desde 2005, só agora se apercebeu disso. Enfim, mais vale mais tarde do que nunca.
Ao se ler esta notícia, parece se chega à conclusão que a má formação em matemática não acontece só em Portugal:
According to state education officials, nearly three-quarters of the people who took the state elementary school teacher’s licensing exam this year failed the new math section.
Ou seja, só 27% dos 600 candidatos passaram na secção de matemática. Pelo que se vê, os futuros professores do Massachusets estão a receber uma inadequada preparação matemática.
Parece que o pessoal já não quer aprender matemática. Ou então, dá muito trabalho.
É absolutamente fantástica esta notícia do Público sobre a reunião do governo com peritos sobre a escolaridade obrigatória. Segundo diz a notícia:
O primeiro-ministro preside hoje à sessão de abertura de uma audição de peritos, que tem como objectivo auxiliar o Governo a concluir o mais rapidamente possível a meta de alargar a 12 anos a escolaridade obrigatória.
Como? Dá ideia que primeiro avançaram com a medida, porque parece bem, mas só agora é que se vai estudar o assunto. Não se fez qualquer trabalho preparatório? Por isso, não posso deixar de concordar com o comentário feito por Ramiro Marques:
Estudos para quê? Não é preciso fazer estudos sobre o impacto que esta medida (meter mais 30 mil alunos no ensino secundário) vai provocar no sistema porque a ministra da educação já disse que os actuais professores, equipamentos e instalações são suficientes para acomodar o aumento da escolaridade obrigatória para 12 anos. O objectivo disto é esconder a falta de resultados na economia, na saúde e na justiça, lançando para a opinião pública a ideia falsa de que o Governo tem vindo a melhorar o ensino. O que estes "peritos" vão dizer ao primeiro-ministro é aquilo que ele quer ouvir. Eu descodifico: a escola-armazém pode avançar! A estupidificação das novas gerações é necessária para que jovens e adultos, novos e velhos, fiquem privados de espírito crítico e aceitem mais facilmente um futuro que os remeterá para a condição de pobres alienados com alimentação e vestuários garantidos por subsídios estatais. Pelo menos, de fome não vão morrer. Essa não! O Governo socialista fará de quase todos os portugueses uns pobres coitados mas não deixará nenhum súbdito morrer à fome.