Domingo da Sexagésima
Hoje é o Domingo da Sexagésima segundo o Ano Litúrgico anterior a 1969, que é seguido na Forma Extraordinária do Rito Romano. A seguir, apresento o Próprio da Missa deste dia. As traduções das orações e antífonas são da minha autoria e as da leitura e do evangelho da Bíblia Sagrada dos Capuchinhos online (que, para mim, é actualmente a Bíblia de referência em Portugal).
O Domingo da Sexagésima é o segundo domingo do Tempo da Septuagésima. Este tempo é composto pelos três domingos anteriores à Quaresma e é um tempo de preparação e reflexão para a Quaresma.
O Tempo da Septuagésima, juntamente com o Tempo da Quaresma, o Tempo da Paixão, o Tempo da Páscoa e os Domingos depois do Pentecostes compõem o Ciclo da Páscoa ou da Redenção.
O ano litúrgico segundo a forma extraordinária do Rito Romano, começa no primeiro Domingo do Advento e termina no 24.º Domingo depois do Pentecostes. Divide-se em dois grandes ciclos: o Ciclo de Natal ou da Encarnação e ciclo da Páscoa ou da Redenção. Voltarei a este assunto.
Domingo da Sexagésima (Dominica in Sexagesima)
2.ª Classe (II classis)
Estação em São Paulo (Statio ad S. Paulum)
Paramentos roxos
Intróito (Ant. ad Introitum) Salmo 43, 23-26, 2
Exsúrge, quare obdórmis, Dómine? exsúrge, et ne repéllas in finem: quare fáciem tuam avértis, oblivísceris tribulatiónem nostram? adhaesit in terra venter noster: exsúrge, Dómine, ádiuva nos, et líbera nos. Ps. Deus, áuribus nostris audívimus: patres nostri annuntiavérunt nobis.
℣. Glória Patri.
Desperta, Senhor, por que dormes? Levanta-te e não nos rejeites para sempre. Por que desvias de nós o teu rosto e te esqueces da nossa tribulação? O nosso ventre está pegado ao chão. Levanta-te, Senhor, socorre-nos e salva-nos. Sl. Ó Deus, ouvimos com os nossos ouvidos, os nossos pais no-lo anunciaram.
℣. Glória ao Pai.
Oração (Oratio)
Deus, qui cónspicis, quia ex nulla nostra actióne confídimus: concéde propítius; ut, contra advérsa ómnia, Doctóris géntium protectióne muniámur. Per Dominum nostrum Iesum Christum.
Ó Deus, que vês que não podemos confiar nas nossas obras, concede, benigno, que contra todas as adversidades, sejamos protegidos pelo Doutor dos Gentios. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Leitura 2 Cor 11, 19-33; 12, 1-9
Lectio Epístolae beáti Pauli Apóstoli ad Corinthios
Fratres: Libénter suffértis insipiéntens: cum sitis ipsi sapiéntes. Sustinétis enim, si quis vos in servitútem rédigit, si quis dévorat, si quis áccipit, si quis extóllitur, si quis in fáciem vos cædit. Secúndum ignobilitátem dico, quasi nos infírmi fuérimus in hac parte. In quo quis audet, – in insipiéntia dico – áudeo et ego: Hebraei sunt, et ego: Israelítæ sunt, et ego: Semen Abrahæ sunt, et ego: Minístri Christi sunt, – ut minus sápiens dico – plus ego: in labóribus plúrimis, in carcéribus abundántius, in plagis supra modum, in mórtibus frequénter. A Iudaeis quínquies quadragénas, una minus, accépi. Ter virgis cæsus sum, semel lapidátus sum, ter naufrágium feci, nocte et die in profúndo maris fui: in itinéribus sæpe, perículis flúminum, perículis latrónum, perículis ex génere, perículis ex géntibus, perículis in civitáte, perículis in solitúdine, perículis in mari, perículis in falsis frátribus: in labóre et ærúmna, in vigíliis multis, in fame et siti, in ieiúniis multis, in frigóre et nuditáte: præter illa, quæ extrínsecus sunt, instántia mea cotidiána, sollicitúdo ómnium Ecclesiárum. Quis infirmátur, et ego non infírmor? quis scandalizátur, et ego non uror? Si gloriári opórtet: quæ infirmitátis meæ sunt, gloriábor. Deus et Pater Dómini nostri Iesu Christi, qui est benedíctus in saecula, scit quod non méntior. Damásci præpósitus gentis Arétæ regis, custodiébat civitátem Damascenórum, ut me comprehénderet: et per fenéstram in sporta dimíssus sum per murum, et sic effúgi manus eius. Si gloriári opórtet – non éxpedit quidem, – véniam autem ad visiónes et revelatiónes Dómini. Scio hóminem in Christo ante annos quatuórdecim, – sive in córpore néscio, sive extra corpus néscio, Deus scit – raptum huiúsmodi usque ad tértium cælum. Et scio huiúsmodi hóminem, – sive in córpore, sive extra corpus néscio, Deus scit:- quóniam raptus est in paradisum: et audivit arcána verba, quæ non licet homini loqui. Pro huiúsmodi gloriábor: pro me autem nihil gloriábor nisi in infirmitátibus meis. Nam, et si volúero gloriári, non ero insípiens: veritátem enim dicam: parco autem, ne quis me exístimet supra id, quod videt in me, aut áliquid audit ex me. Et ne magnitúdo revelatiónem extóllat me, datus est mihi stímulus carnis meæ ángelus sátanæ, qui me colaphízet. Propter quod ter Dóminum rogávi, ut discéderet a me: et dixit mihi: Súfficit tibi grátia mea: nam virtus in infirmitáte perfícitur. Libénter ígitur gloriábor in infirmitátibus meis, ut inhábitet in me virtus Christi.
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos: Na verdade, tão sensatos como sois, suportais de bom grado os insensatos. Suportais quem vos escraviza, vos devora, vos explora, vos trata com arrogância, vos esbofeteia. Para nossa vergonha o digo: como fracos nos mostramos. Mas daquilo de que alguém se faz forte - eu falo como insensato - também eu me posso fazer. São hebreus? Também eu. São israelitas? Também eu. São descendentes de Abraão? Também eu. São ministros de Cristo? - Falo a delirar - eu ainda mais: muito mais pelos trabalhos, muito mais pelas prisões, imensamente mais pelos açoites, muitas vezes em perigo de morte. Cinco vezes recebi dos Judeus os quarenta açoites menos um. Três vezes fui flagelado com vergastadas, uma vez apedrejado, três vezes naufraguei, e passei uma noite e um dia no alto mar. Viagens a pé sem conta, perigos nos rios, perigos de salteadores, perigos da parte dos meus irmãos de raça, perigos da parte dos pagãos, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigos da parte dos falsos irmãos! Trabalhos e duras fadigas, muitas noites sem dormir, fome e sede, frequentes jejuns, frio e nudez! Além de outras coisas, a minha preocupação quotidiana, a solicitude por todas as igrejas! Quem é fraco, sem que eu o seja também? Quem tropeça, sem que eu me sinta queimar de dor? Se é mesmo preciso gloriar-se, é da minha fraqueza que me gloriarei. O Deus e Pai do Senhor Jesus, que é bendito para sempre, sabe que não minto. Em Damasco, o etnarca do rei Aretas mandou guardar a cidade dos damascenos para me prender. Mas fui descido num cesto, por uma janela, ao longo da muralha, e assim escapei das suas mãos. É necessário que me glorie? Na verdade, não convém! Apesar disso, recorrerei às visões e revelações do Senhor. Sei de um homem, em Cristo, que, há catorze anos - ignoro se no corpo ou se fora do corpo, Deus o sabe! - foi arrebatado até ao terceiro céu. E sei que esse homem - ignoro se no corpo ou se fora do corpo, Deus o sabe! - foi arrebatado até ao paraíso e ouviu palavras inefáveis que não é permitido a um homem repetir. Desse homem gloriar-me-ei; mas de mim próprio não me hei-de gloriar, a não ser das minhas fraquezas. Decerto, se quisesse gloriar-me, não seria insensato, pois diria a verdade. Mas abstenho-me, não vá alguém formar de mim um juízo superior ao que vê em mim ou ouve dizer de mim. E porque essas revelações eram extraordinárias, para que não me enchesse de orgulho, foi-me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás, para me ferir, a fim de que não me orgulhasse. A esse respeito, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Mas Ele respondeu-me: «Basta-te a minha graça, porque a força manifesta-se na fraqueza.»
Gradual (Graduale) Salmo 82, 19 e 14
Sciant gentes, quóniam nomen tibi Deus: tu solus Altíssimus super omnem terram. ℣. Deus meus, pone illos ut rotam, et sicut stípulam ante fáciem venti.
Fiquem a saber as nações que o teu nome é Deus; só Tu és o Altíssimo sobre toda a terra. ℣. Ó meu Deus, fá-los girar como um turbilhão, e como palha levada pelo vento.
Tracto (Tractus) Salmo 59, 4 e 6
Commovísti, Dómine, terram, et conturbásti eam. ℣. Sana contritiónes eius, quia mota est. ℣. Ut fúgiant a fácie arcus: ut liberéntur elécti tui.
Senhor, abalaste a terra e a fizeste estremecer. ℣. Repara as suas brechas, porque ela está abalada. ℣. Para que fujam de diante do arco; para que vossos eleitos sejam livres.
Evangelho Lc 8, 4-15
Sequéntia sancti Evangélii secúndum Lucam
In illo témpore: Cum turba plúrima convenírent, et de civitátibus properárent ad Iesum, dixit per similitúdinem: Exiit, qui séminat, semináre semen suum: et dum séminat, áliud cécidit secus viam, et conculcátum est, et vólucres cæli comedérunt illud. Et áliud cécidit supra petram: et natum áruit, quia non habébat humórem. Et áliud cécidit inter spinas, et simul exórtæ spinæ suffocavérunt illud. Et áliud cécidit in terram bonam: et ortum fecit fructum céntuplum. Hæc dicens, clamábat: Qui habet aures audiéndi, audiat. Interrogábant autem eum discípuli eius, quæ esset hæc parábola. Quibus ipse dixit: Vobis datum est nosse mystérium regni Dei, céteris autem in parábolis: ut vidéntes non videant, et audientes non intéllegant. Est autem hæc parábola: Semen est verbum Dei. Qui autem secus viam, hi sunt qui áudiunt: déinde venit diábolus, et tollit verbum de corde eórum, ne credéntes salvi fiant. Nam qui supra petram: qui cum audierint, cum gáudio suscipiunt verbum: et hi radíces non habent: qui ad tempus credunt, et in témpore tentatiónis recédunt. Quod autem in spinas cécidit: hi sunt, qui audiérunt, et a sollicitudínibus et divítiis et voluptátibus vitæ eúntes, suffocántur, et non réferunt fructum. Quod autem in bonam terram: hi sunt, qui in corde bono et óptimo audiéntes verbum rétinent, et fructum áfferunt in patiéntia.
Continuação do santo Evangelho segundo São Lucas
Naquele tempo, como estivesse reunida uma grande multidão, e de todas as cidades viessem ter com Ele, disse esta parábola: «Saiu o semeador para semear a sua semente. Enquanto semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho, foi pisada e as aves do céu comeram-na. Outra caiu sobre a rocha e, depois de ter germinado, secou por falta de humidade. Outra caiu no meio de espinhos, e os espinhos, crescendo com ela, sufocaram-na. Uma outra caiu em boa terra e, uma vez nascida, deu fruto centuplicado.» Dizendo isto, clamava: «Quem tem ouvidos para ouvir, oiça!» Os discípulos perguntaram-lhe o significado desta parábola. Disse-lhes: «A vós foi dado conhecer os mistérios do Reino de Deus; mas aos outros fala-se-lhes em parábolas, a fim de que, vendo, não vejam e, ouvindo, não entendam.» «O significado da parábola é este: a semente é a Palavra de Deus. Os que estão à beira do caminho são aqueles que ouvem, mas em seguida vem o diabo e tira-lhes a palavra do coração, para não se salvarem, acreditando. Os que estão sobre a rocha são os que, ao ouvirem, recebem a palavra com alegria; mas, como não têm raiz, acreditam por algum tempo e afastam-se na hora da provação. A que caiu entre espinhos são aqueles que ouviram, mas, indo pelo seu caminho, são sufocados pelos cuidados, pela riqueza, pelos prazeres da vida e não chegam a dar fruto. E a que caiu em terra boa são aqueles que, tendo ouvido a palavra, com um coração bom e virtuoso, conservam-na e dão fruto com a sua perseverança.»
Credo.
Ofertório (Ant. ad Offertorium) Salmo 16, 5.6-7
Pérfice gressus meos in sémitis tuis, ut non moveántur vestígia mea: inclína aurem tuam, et exáudi verba mea: mirífica misericórdias tuas, qui salvos facis sperántes in te, Dómine.
Firma os meus passos nas tuas veredas, para que os meus pés não vacilem. Inclina para mim os teus ouvidos, e escuta as minhas palavras. Faz brilhar as maravilhas da tua misericórdia, Tu que salvas os que esperam em ti, Senhor.
Secreta (Secreta)
Oblátum tibi, Dómine, sacrifícium, vivíficet nos semper et múniat. Per Dominum nostrum Iesum Christum.
Senhor, faz com que o sacrifício que te oferecemos nos vivifique sempre e nos fortaleça. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Prefácio da Santíssima Trindade.
Comúnio (Communio) Salmo 42, 4
Introíbo ad altáre Dei, ad Deum, qui lætíficat iuventútem meam.
Vou-me aproximar do altar de Deus, do Deus, que é a alegria da minha juventude.
Pós-comúnio (Postcommunio)
Súpplices te rogámus, omnípotens Deus: ut, quos tuis réficis sacraméntis, tibi étiam plácitis móribus dignánter deservíre concédas. Per Dominum nostrum Iesum Christum.
Nós te suplicamos, ó Deus omnipotente: aos que renovas pelos teus sacramentos, concede também a graça de te servir dignamente vivendo segundo a tua vontade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.