...deu-se a tomada da Bastilha, que era um símbolo (pouco mais do que isso) do poder real.
No entanto a Revolução Francesa não começou nesse dia. Dá-se o nome de Revolução Francesa a todos os movimentos revolucionários havidos entre 5 de Maio de 1789, abertura dos Estados Gerais, e 9 de Novembro de 1799, data do golpe de 18 de Brumário do ano VIII, que colocou Bonaparte no poder.
A Revolução Francesa abrange por isso um período de 10 anos. Não vou falar daqui da sua herança, isso ficará para outra altura, quando houver um pouco mais de tempo, mas ela não se pode entender sem a Revolução Americana pois, apesar das diferenças, tem óbvias ligações mesmo se o caminho seguido foi muitíssimo diferentes.
De qualquer forma, estas duas Revoluções marcam o início do caminho para a época contemporânea.
Segundo o diário Asharq Al Awsat, Rocard terá afirmado que « la promesse Balfour accordant le droit aux Juifs de créer leur État en Palestine était une erreur historique », negou a legitimidade do estado israleita « l'erreur historique que constitue la fondation d'Israël qui a été créé sur des critères racistes » e insistiu na deslegitimização « Israël est un cas exceptionnel né d'une erreur historique et qui s'est transformé en un État racial qui a rassemblé des millions de Juifs venus du monde entier. Pire il constitue une menace à ses voisins »
O PSF está a ser tomado pelo anti-semitismo (parece que Pascal Boniface fez escola). François Zimeray, eurodeputado socialista na anterior legislatura foi posto de lado nas recentes eleições europeias. Porquê? Pelas suas posições relativas ao Médio-Oriente onde nunca alinhou com a histeria anti-israelita da esquerda. Zimeray foi dos que quis investigar o desvio de fundos europeus por parte da Autoridade Palestiniana (aliás, foi o único socialista que o fez). O PS francês tratou de o pôr na rua agora. Assim vai a esquerda que, por mais do que diga, é, verdadeiramente, anti-semita.
Há 64 anos, o General Charles de Gaulle pronunciou na BBC o seu célebre apelo para a continuação da guerra contra a Alemanha, em resposta ao discurso do dia anterior do General Philippe Pétain (herói francês da 1.ª Guerra Mundial e então com 84 anos) em que este pedia à Alemanha as condições para pedir o Armísticio (que seria assinado a 22 de Junho em Compiègne, com cessar-fogo efectivo em 25 do mesmo mês) que poria fim à chamada Batalha de França.
Eis a versão oficial do discurso (ligeiramente diferente daquele que foi verdadeiramente pronunciado):
«Les chefs qui, depuis de nombreuses années, sont à la tête des armées françaises, ont formé un gouvernement. Ce gouvernement, alléguant la défaite de nos armées, s'est mis en rapport avec l'ennemi pour cesser le combat.
Certes, nous avons été, nous sommes, submergés par la force mécanique, terrestre et aérienne, de l'ennemi. Infiniment plus que leur nombre, ce sont les chars, les avions, la tactique des Allemands qui nous font reculer. Ce sont les chars, les avions, la tactique des Allemands qui ont surpris nos chefs au point de les amener là où ils en sont aujourd'hui. Mais le dernier mot est-il dit ? L'espérance doit-elle disparaître ? La défaite est-elle définitive ? Non ! Croyez-moi, moi qui vous parle en connaissance de cause et vous dis que rien n'est perdu pour la France. Les mêmes moyens qui nous ont vaincus peuvent faire venir un jour la victoire.
Car la France n'est pas seule ! Elle n'est pas seule ! Elle n'est pas seule ! Elle a un vaste Empire derrière elle. Elle peut faire bloc avec l'Empire britannique qui tient la mer et continue la lutte. Elle peut, comme l'Angleterre, utiliser sans limites l'immense industrie des États-Unis.
Cette guerre n'est pas limitée au territoire malheureux de notre pays. Cette guerre n'est pas tranchée par la bataille de France. Cette guerre est une guerre mondiale. Toutes les fautes, tous les retards, toutes les souffrances, n'empêchent pas qu'il y a, dans l'univers, tous les moyens nécessaires pour écraser un jour nos ennemis. Foudroyés aujourd'hui par la force mécanique, nous pourrons vaincre dans l'avenir par une force mécanique supérieure. Le destin du monde est là.
Moi, Général de Gaulle, actuellement à Londres, j'invite les officiers et les soldats français qui se trouvent en territoire britannique ou qui viendraient à s'y trouver, avec leurs armes ou sans leurs armes, j'invite les ingénieurs et les ouvriers spécialistes des industries d'armement qui se trouvent en territoire britannique ou qui viendraient à s'y trouver, à se mettre en rapport avec moi.
Quoi qu'il arrive, la flamme de la résistance française ne doit pas s'éteindre et ne s'éteindra pas.
Demain, comme aujourd'hui, je parlerai à la Radio de Londres.»
De qualquer forma também é muito diferentes, aliás, não tem nada que ver, com o cartaz que um mês depois foi afixado em Londres e que, hoje em dia, está presente em todos os locais que assinalam o apelo de 18 de Junho. Eis o texto desta versão:
A TOUS LES FRANÇAIS
La France a perdu une bataille! Mais la France n'a pas perdu la guerre!
Des gouvernements de rencontre ont pu capituler, cédant à la panique, oubliant l'honneur, livrant le pays à la servitude. Cependant, rien n'est perdu!
Rien n'est perdu, parce que cette guerre est une guerre mondiale. Dans l'univers libre, des forces immenses n'ont pas encore donné. Um jour, ces forces écraseront l'ennemi. Il faut que la France, ce jour-là, soit presente à la victoire. Alors, elle retrouvera sa liberté et sa grandeur. Tel est mon but, mon seul but!
Voilà pourquoi je convie tous les Français, où qu'ils se trouvent, à s'unir à moi dans l'action, dans le sacrifice et dans l'esperance.
Notre patrie est en peril de mort. Luttons tous pour la sauver!
VIVE LA FRANCE!
Pode gostar-se ou não do General de Gaulle, do modo como chegou ao poder e implantou a 5.ª República em 1958, mas não podemos ter dúvida que, se não fosse de Gaulle, a França não teria emergido da 2.ª Guerra Mundial com o estatuto de potência vencedora, ou, então alcançado o direito de veto no Conselho de Segurança da ONU.
Porque, provavelmente, exagerando no seu patriotismo e nacionalismo (sempre a ideia du "grandeur de la France" numa altura em que esta já a tinha perdido), de Gaulle tinha uma coisa que falta à maior parte dos políticos actuais: uma ideia. Ele tinha "une certaine idée de la France". E foi por essa ideia que ele sempre se bateu.
Hoje, como esperado o presidente francês, Jacques Chirac, discursou sobre esta questão. Chirac declarou-se a favor a favor da lei que proíbe os signos religiosos "ostensibles" nas escolas francesas, manifestou-se contra o estabelecimento dos feriados islâmico e hebraico e preconizou o estabelecimento de um "code de laïcité".
Pode ler-se a notícia aqui. Por outro lado, o problema parece alastrar-se pela a Europa.
Na Alemanha, depois do estado do Bade-Wurtemberg, é a Baviera que proíbe o uso do véu nas escolas. Mas ao contrário da França, apenas o véu, e sou o véu, é contemplado pela lei.
Segundo a Revue-politique.com, são proibidas as vestimentas que sejam percebidas como "incompatibles avec les valeurs constitutionnelles fondamentales et les objectifs pédagogiques, y compris les valeurs culturelles et éducatives chrétiennes et occidentales".
A decisão não afecta os símbolos cristãos e judeus pois eles "reflètent les valeurs de l'occident chrétien et que les églises et les communautés juives reconnaissent sans réserve la Loi fondamentale et la Constitution bavaroise".
Não sei o que o futuro nos reserva, mas a Europa vai ter que começar a ter a coragem de enfrentar este problema e não meter a cabeça na areia. Porque o problema não é só francês ou alemão, mas europeu.
O Islão e a Europa têm uma história conflituosa. Há muita gente que quer negar o choque de civilizações, mas ele parece cada vez mais nítido.
Estará a Europa à altura do desafio? Não me parece...
Ontem, no Abrupto, Pacheco Pereira referia a questão do véu islâmico que atravessa a Europa e, muito particularmente, a França. Hoje. no Libération está este artigo com declarações de raparigas que recusam o véu e os problemas que têm por causa disso. Esta é uma questão séria que vai muito para além do problema de uso de uma determinada indumentária e à qual a França, 14 anos depois da sua emergência, não soube ainda dar uma resposta (que obviamente não pode ser da badalada lei de proibição de que agora se fala).
Vai nestes últimos tempos um grande em França a propósito do véu islâmico. Jean-Louis Harouel tem um excelente artigo no Le Figaro, em que explica por que é que o Estado francês não deve aceitar o véu nas escolas, mas não só, pois também explica em que consiste a matriz cristã da Europa.