Conforme o JCD nota neste post, a pergunta que Paulo Ferreira faz na sua coluna de opinião do Jornal de Notícias de ontem é puramente retórica. Já todos sabemos que quem mentiu descaradamente chegou a primeiro-ministro de Portugal. Por isso, não é por aí que o Paulo Rangel não chega a primeiro-ministro.
Engraçado é a forma como Paulo Ferreira acaba o referido escrito:
Se vencer a luta pela liderança do partido e concorrer a primeiro-ministro, como saberemos se, a cada declaração de substância que produz, não estará Rangel a mentir? E se chegar a primeiro-ministro? Que confiança deve Rangel merecer dos portugueses?
Solução possível: talvez tenhamos que o fazer passar, regularmente, por um detector de mentiras. Para descanso de todos nós
Talvez Paulo Ferreira devesse aplicar esse mesmo princípio ao actual primeiro-ministro, não?
Mas não me parece que isso aconteça, este mesmo Paulo Ferreira foi capaz de dizer sem se rir, ontem, na RTP-N, que Vítor Constância desempenhou com imparcialidade o seu cargo de governador do Banco de Portugal. Yeah, right!
Depois desta notícia, foi mesmo esta canção que me veio à cabeça. Nos últimos cinco anos, com Sócrates, Portugal tornou-se numa imensa tourada. Será que agora também teremos um inteligente para dizer que se acabaram as canções"
O Benfica empatou em Setúbal e para isso lá teve uma ajudinha do árbitro (assistente). Já tinhamos percebido que o Benfica tem que ganhar este campeonato, dê para onde der.
No seguimento da falsa afirmação de que os glaciadors dos Himalaias derreteriam até 2035, (meu post anterior), agora o Telegraph vem dizer que a redução do gelo nos Alpes, Andes e África devida ao aquecimento global afirmada pelo relatório de 2007 do IPCC foi baseada num artigo de uma revista e numa tese de mestrado que recolheram opiniões de montanhistas e guias de montanha, mas sem dados científicos.
Sinceramente não sei se o gelo está em retracção ou não nas mais altas montanhas do mundo, mas o que se pode concluir daqui é que o IPCC está é mais interessado em fazer política.
Embora sendo portuense de nascimento e senhorense por residência, nada me preocupou a Red Bull Air Race ter ido para Lisboa, pois a empresa organizadora tem toda a liberdade de querer procurar outras paragens. Quanto à transparência do processo, isso aí é outra coisa, e pela notícias entretanto sabidas, parece-me ue a negociação não foi, particularmente, um sucesso.
Digo isto, porque entretanto têm-se sabido alguns pormenores que, a serem verdade, deveriam preocupar os munícipes lisboetas e oeirenses. Primeiro, a notícia de que a câmara de Lisboa e, em menor medida, a de Oeiras, assumiram o risco financeiro se não houver patrocinadores, coisa que não acontecia com o Porto e Gaia, depois, a câmara de Lisboa tem dúvidas quanto à correcta interpretação do contrato, sendo que pode haver o risco de a Red Bull ter o exclusivo da publicidadena área da prova, inviabilizando a angariação de patrocínios, fazendo com que as duas câmaras mais a ATL tenham que pagar os 3,5 milhões de euros.
Isto parece uma autêntica trapalhada. Vamos lá ver se não serão os munícipes a pagarem toda esta sede de protagonismo (se calhar pensarem que a Red Bull deixava Porto e Gaia só pelos lindos olhos de Lisboa - parece-me lógico que o que eles queriam era melhorar o contrato).
Só mais um pormenor. Sinceramente não compreendo o espanto dos vereadores por o contrato estar em inglês, nem o facto da resolução dos litígios ser em Viena. Se assim está é porque as partes assim o acordaram e são inúmeros os contratos com entidades portugueses que estão noutras línguas e com a resolução de litígios fora de Portugal. Para mim, isso parece-me o menor dos problemas (desde que as pessoas sejam competentes e saibam o questão a fazer e a assinar).
Este ano que acabará em breve não deixa muitas saudades. Aliás todo este início de séc. XXI é um perfeito desastre para Portugal, pelo que a crise apenas que rebentou no ano passado apenas veio acrescentar um pouco mais de miséria.
O problema vem desde o consulado de Guterres, tempo em que as reformas deveriam ter sido feitas, mas em que o governo socialista de então preferiu gastar alegremente e em festa o dinheiro então chegado.
Acabada a festa guterrista, tivemos os governos de coligação PSD/CDS e, mais uma vez, uma oportunidade perdida. Durão Barroso nada fez, nada reformou e Santana Lopes também . É cerrto que não o deixaram, nunca saberemos do que seria capaz, mas a acumulação de episódios infelizes, uma má imprensa e um presidente socialista interromperam a experiência (de qualquer modo, Santana já reconheceu que foi um erro ter aceitado o governo naquelas condições).
Desde 2005 que somos (des)governados por Sócrates (não pelo PS). É para mim claro que este senhor tem um projecto de poder pessoal, comportamentos autoritários e pouco dado a aceitar críticas. Sócrates desperdiçou a sua maioria absoluta em guerras estúpidas e em pseudo-reformas que não chegaram a lado nenhum. Como bons socialistas que são aumentaram a despesa e fizeram a "consolidação" orçamental à base de impostos (tendo a carga fiscal aumentado), tendo aumentado o peso do Estado na economia.
Agora, depois de ter perdido a maioria absoluta, o governo Sócrates parece cansado e não irá, de modo algum, tomar as medidas necessárias. Irá é, certamente, inventar mil artifícios para sacar mais dinheiro dos contribuintes, porque se há coisa que não sabe fazer é cortar na despesa, para além de ir insistir na quimera do investimento público.
A notícia já não é nova, pois passou-se no dia em que Khadafi discursou na assembleia-geral das Nações Unidas. Segundo o Correio da Manhã, Khadafi deixa tradutor de rastos.
Não quero ser picuinhas, mas Khadafi não deixou o tradutor de rastos, quando muito deixou o intérprete de rastos. Não é exactamente a mesma coisa.
Eu sou tradutor, mas nunca serei um intérprete. Cada profissão tem especificidades próprias que as tornam bastante diferentes. O intérprete embora se prepare para quilo que vai fazer tem que ter sempre uma rapidez de pensamento e um desembaraço admiráveis. Eu prefiro, mesmo com prazos apertados, mais da reflexão que a tradução permite.
Lentamente a justiça vai abordando o problema dos excessos da praxe. Depois dos casos de Macedo de Cavaleiros e de Santarém, chegou a vez de um caso muito mais grave, o caso passado na tuna da Universidade Lusíada de Famalicão em 2001. Com o processo-crime arquivado, a família moveu um processo cível que teve agora uma decisão, com a Universidade Lusíada a ser considerada como responsável.
É bom que as universidades não se demitam das suas responsabilidades, pois a grande parte nada faz para controlar os excessos da praxe. Este caso é demasiado lamentável para se falar muito sobre ele e deveria envergonhar toda academia.
Já por diversas manifestei neste blog a minha oposição às praxes. A conversa da integração não me convence e ler testemunho como este no Correio da Manhã não são muito encorajadores:
"COMEMOS NO CHÃO MAS É DIVERTIDO",
Ricardo Caeiro, 17 anos, Universidade de Évora
As praxes facilitam a integração. Os veteranos metem-nos ovos na cabeça, pintam-nos a cara e as mãos, mas o melhor são os jantares. Comemos no chão, com uma colher, mas é divertido e não pagamos. Ninguém se sente humilhado.
Enfim, cada um diverte-se como quer. Mas actividades como esta não me parecem muito inteligentes. Para se sentirem integrados têm que ser humilhados (mesmo que sintam que não), insultados e outras coisas que tal. Parece-me que os "doutores" têm é problemas de auto-estima.
Por outro lado, nunca percebi onde está o divertimento de andar em rebanho, como meia dúzia de pastores vestidos de negro a dar ordens. Tudo isto é arcaico, básico...
Passando por cima do aspecto publicitário, não há dúvida que temos um ministro da economia com grande capacidade argumentativa, vindo defender um servidor público, Basílio Horta, que decidiu imiscuir-se na campanha eleitoral europeia.
De Basílio Horta nunca tive boa opinião e, por isso, muito naturalmente, nas eleições em que ele se opôs a Mário Soares eu votei nulo, pois estas duas hipóteses eram igualmente más. Se o Basílio Horta democrata-cristão (ou lá o que o valha) já não era grande coisa, o Basílio Horta socrático ainda é pior, esquecendo-se das funções que ocupa. Se quer voltar à política, não tenho dúvidas que o Sócrates lhe assina a proposta de militante.
De qualquer modo, talvez fosse bom que este governo se dedicasse um pouco a governar, pois isto de andar sempre na comunicação social e inaugurações não lhe deve deixar muito tempo para combater a crise.
Comemorou-se hoje mais um 25 de Abril. O 35.º aniversário da Revolução do Cravos. E nas declarações, que se repetem todos os anos, se ouve que "falta cumprir Abril" ou que o "25 de Abril foi uma revolução inacabada". Sinceramente, não sei o que quer dizer que é "preciso cumprir Abril". Cheira-me a coisa religiosa. Provavelmente, "cumprir Abril" é instaurar o paraíso na Terra. Mas, isso já nós sabemos, acaba sempre mal, pois no século XX já foi tentado e morreram milhões de pessoas.
Não acredito em paraísos na Terra e nem sequer preciso de recorrer ao famoso tópico pessimista barroco do "homo homini lupus". Não considero que as sociedades tenham que ser uma selva, mas o que é verdade é que não há regimes ideais e, reconheço, que o homem é imperfeito, pelo que imperfeitas serão as suas realizações. Todavia, é sempre possíveis melhorá-las e é isso que devemos fazer, mas sem acreditar na "marcha inexorável do progresso" (tão do agrado do século XIX) que supostamente a humanidade deveria trilhar. Como disse G. K. Chesterton (em What's Wrong With the World), "one of the first things that are wrong is this: the deep and silent modern assumption that past things have become impossible" . Não podemos dar nada por garantido.
Do 25 de Abril fica sobretudo a implantação da democracia, certamente imperfeita, mas ainda assim democracia, o que já não é pouco. O queriam mais? Muito e eu também. Agora, cheira-me que esse cumprir Abril é do domínio da utopia e, como se sabe, as utopias costumam ser totalitárias.
Para mim, o 25 de Abril está a cumprir enquanto Portugal for uma democracia. Tudo o resto cabe também anós fazermos alguma coisa para sermos e estarmos melhores.