Turquia? Não, obrigado!
Como os meus leitores sabem, eu sou contra a Turquia na UE. Sou também da opinião de que não se deveria sequer abrir negociações tendo em vista a entrada na Turquia na UE. Há demasiadas questões políticas, culturais, religiosas, geográficas, demográficas em jogo para que o barco seja levado a bom porto. Penso mesmo que a entrada da Turquia na UE não iria aproveitar a ninguém. E, a minha posição nada tem que ver com a UE ser ou não um clube cristão, ou não.
No entanto é certo que o problema da Turquia é ser um país muçulmano e de, como todos os países muçulmanos, ter problemas com islamitas que estão em guerra declarada (embora andem para aí uns idiotas que ainda não viram isso) com o Ocidente (e não só com os Estados Unidos, ao contrário do que pensam esses míopes). Dizem-me que a Turquia é um país laico. Mas depois leio notícias como esta. A Turquia é um país laico à força, Lembrem-se que 80 anos de União Soviética não conseguiu acabar com as religiões aí existentes. Mas o império caíu, as religiões reapareceram em toda a força. E o mesmo acontece em vários países do leste europeu. Não se pode confundir os habitantes de Istambul com os da Anatólia ou os do Curdistão turco. Eu como não alinho em teorias multiculturalistas, tenho muitas dúvidas quanto à sã convivência entre povos tão diferentes dentro do mesmo espaço europeu.
Apesar de a Turquia ter interferido nos assuntos europeus durante cinco séculos, quase nada absorveu da cultura europeia. Culturalmente a Turquia seria um corpo estranho, não partilhando uma herança comum. Nada daquilo que influenciou e ajudou a construir a Europa de hoje, tem alguma importância na Turquia.
E pequenos episódios como aquele relatado na notícia, no dia nacional da Turquia, que comemora a criação da república da Turquia e, ao mesmo tempo, o fim do Império Otomano, são significativos de como a laicidade da Turquia é apenas um verniz que nunca penetrou profundamente no país.