O Estado é deles
Esta notícia do Público é bastante esclarecedora quanto à forma como o PS encara o estado, ou melhor, como o PS se apropria do estado. Eis um excerto (destaques meus):
O Ministério da Educação pediu a uma escola do primeiro ciclo de Castelo de Vide autorização para filmar crianças a utilizar o Magalhães. Mas, segundo conta hoje o Rádio Clube e o jornal “24 Horas”, as imagens acabaram por passar num tempo de antena do Partido Socialista, na RTP, no passado dia 22.
O vídeo pode ser visto aqui.
Pode dizer-se que o PS e o PSD, quando no governo, se apropriam do estado, mas há uma coisa em que o PS é diferente do PSD: é que quando o fazem, fazem-no como se fosse direito deles, como se fosse natural e devido. Fazem-no por que pensam ser um direito próprio e, por isso, fazem-no como muito maior desfaçatez.
O PS gosta muito de ser visto como herdeiro do Partido Republicano e, por isso, está sempre a falar na ética republicana. Mas, como toda a gente que seja imparcial sabe, a esquerda republicana não primou, na 1.ª República, pela sua prática democrática. Como refere Rui Ramos ("O dia dos equívocos" in Outra Opinião - Ensaios de Opinião, O Independente: Lisboa, 2004, p. 28):
Com o 5 de Outubro, o estado tornou-se propriedade de um partido, que não admitia a rotação no governo. Para defender o seu monopólio, o PRP nunca teve problemas em desrespeitar a legalidade e as garantias dos cidadãos. Logo em 1910, uns juízes que se atreveram a considerar improcedente o processo criminal intentado contra um dos inimigos do PRP viram-se oficialmente ameaçados de serem deportados para a Índia. Ficou-se a saber que o governo republicano considerava os tribunais um mero instrumento do pode executivo para exercer punições políticas.
Ainda estamos longe deste cenário, mas a sensação que o PS tem que o estado lhe pertencem é muitíssimo parecida com a sensação que o Partido Republicano tinha em relação ao estado.