A Era Obama
Chegou já a última época dos oráculos de Cumas.
Renasce de raiz a grande sucessão dos séculos.
Eis que volta já a Virgem, volta o reino de Saturno,
e já do alto dos céus desce uma nova geração.
Favorece, ó casta Lucina, o menino a nascer; com ele cessará
a idade do ferro, e em todo o mundo surgirá desde logo
a de ouro. Reina já o teu caro Apolo.
[...]
Esse menino receberá uma vida divina, e verá entre os deuses
os heróis misturados; ele mesmo será visto por aqueles,
e governará o orbe pacificado pelas paternas virtudes.
Sem ser cultivada, a terra será a primeira a dar-te de prenda,
menino, as coleantes heras no meio do bácaro,
derramando a colocásia à mistura com o ridente acanto.
Por si mesmas, as cabras virão trazer a casa
os úberos tensos de leite, e aos leõe enormes não temerão os rebanhos.
[...]
O solo não sofrerá com o arado, nem a videira com a podoa;
o lavrador robusto desligará também o jugo aos touros,
e a lã não aprenderá a falsidade da mudança de cor,
mas por si mesmo o carneiro nos prados transformará o seu velo,
ora com uma púrpura delicada, ora com o açafrão.
[...]
Olha o mundo a oscilar na abóbada celeste,
as terras, a extensão do mar, a profundeza do céu.
Olha como tudo se compraz com o século vindouro!
Virgílio, Bucólicas (IV 4-10, 15-22, 40-44, 50-52), trad. Maria Helena da Rocha Pereira