Fundações privadas mas não muito
Leio no Público que a Fundação José Saramago vai receber a Casa dos Bicos para aí instalar o seu pólo português, bem como a biblioteca do escritor. Na votação da Câmara, só o PSD e o Movimento Lisboa com Carmona é que se opuseram, e muito bem, a esta cedência.
É claro que António Costa vem logo dizer que as objecções levantadas se devem a uma questão de "mesquinhez da direita portuguesa que nunca perdoou a José Saramago ter recebido o prémio Nobel".
Este é o tipo de crítica que se faz quando se quer lançar o opróbio sob a opinião contrária e não se a quer discutir racionalmente. De notar que até Ruben de Carvalho recomendou rigor na proposta, de modo a ela não estar ferida de qualquer ilegalidade.
Por mim, estou sempre contra a participação do estado, quer pela administração central ou local, em fundações privadas. As fundações devem ser criadas com fundos privados. Quem não tem dinheiro para fazer uma fundação, não a faz.
Já basta a Fundação Mários Soares que recebe subsídios do estado e da Câmara Municipal de Lisboa. Assim, qualquer um faz uma fundação.
Quanto à questão do prémio Nobel, estamos conversados. Nos últimos 20 anos (para ser simpático), os prémios têm sido distribuídos por critérios que nem sempre têm que ver com a literatura e não é pela recepção desse prémio que se vê se estamos ou não na presença de um grande escritor.
Saramago, como escritor, é-me completamente indiferente. Não é, nem de longe, nem de perto, um dos meus escritores portugueses favoritos. Tenho dois livros dele para ler há bastante tempo, mas sempre que começo um deles acabo por encontrar outros livros mais interessantes (costumo ler mais do que um livro ao mesmo tempo) e, pimba, lá fica o Saramago para trás. Enfim, um dia há-de ser...