Acordo ortográfico
Não me lembro se alguma vez escrevi aqui no blog sobre o acordo ortográfico, mas, há uma coisa que me aborrece verdadeiramente, é o tipo de informação que passa, por exemplo, nas televisões portuguesas sobre o assunto.
Ainda hoje, na RTP-N, de manhã, uma notícia começou com algo deste género: "a única língua com duas ortografias". A sério? É certo que Portugal e Brasil têm ortografias oficiais, não sei se outros países de dedicam a isso. Mas, dito como foi dito, até parece que os ingles não escrevem "metre" e os americanos "meter". E como esta, muito mais. Que eu saiba, alemães e suíço também não escrevem exactamente da mesma maneira.
Depois, no decorrer da reportagem, ainda se ouvem outras barbaridades. Alguém disse, já não lembro quem, que, no caso dos documentos internacionais é preciso escrever duas versões: a portugues e a brasileira. Mas, alguém pensa que por termos uma ortografia igual (que, na verdade, mesmo com o acordo, não é integralmente igual), os documentos poderiam ser exactamente iguais para Portugal e Brasil. Será que esta gente não percebeu que a diferente ortografia é, embora a mais visível, a menos importante das diferenças entre o português falado dos dois lados do Atlântico?
E a sintaxe? E a terminologia? Não serão muito diferentes? Por exemplo, no caso da tterminologia: um documento de saúde que fale da SIDA, teria que pôr AIDS/SIDA. E na manutenção industrial em que a confiabilidade dos brasileiros é a fiabilidade dos portugueses. Isto são apenas exemplos básicos, pois em qualquer uma das línguas de especialidade, as diferenças entre Portugal e Brasil são absolutamente abissais. Temos práticas diferentes, métodos diferentes de ir buscar a terminologia. E não falo dos PALOP porque não conheço bem a sua realidade linguística. Mas, certamente também têm os seus usos próprios, sintácticos e terminológicos.
Se alguém pensa que o português europeu e o brasileiro estão apenas separados pela ortografia, bem, pode tirar o cavalinho da chuva, porque esse é o menor dos problemas.
Por mim, contabilidades do género Portugal vai mudar um maior número de palavras do que o Brail não me serve de argumento. A ortografia mudará, como sempre, mudou. Como esvremos agora, não será como os portugueses escreverão no futuro.
O meu problema com o acordo (para além de ser uma opção dirigista) é o da sua utilidade, pois, prevejo, que na maioria dos casos as vantagens apregoadas não passam de wishful thinking.
Voltarei ao assunto.
Ainda hoje, na RTP-N, de manhã, uma notícia começou com algo deste género: "a única língua com duas ortografias". A sério? É certo que Portugal e Brasil têm ortografias oficiais, não sei se outros países de dedicam a isso. Mas, dito como foi dito, até parece que os ingles não escrevem "metre" e os americanos "meter". E como esta, muito mais. Que eu saiba, alemães e suíço também não escrevem exactamente da mesma maneira.
Depois, no decorrer da reportagem, ainda se ouvem outras barbaridades. Alguém disse, já não lembro quem, que, no caso dos documentos internacionais é preciso escrever duas versões: a portugues e a brasileira. Mas, alguém pensa que por termos uma ortografia igual (que, na verdade, mesmo com o acordo, não é integralmente igual), os documentos poderiam ser exactamente iguais para Portugal e Brasil. Será que esta gente não percebeu que a diferente ortografia é, embora a mais visível, a menos importante das diferenças entre o português falado dos dois lados do Atlântico?
E a sintaxe? E a terminologia? Não serão muito diferentes? Por exemplo, no caso da tterminologia: um documento de saúde que fale da SIDA, teria que pôr AIDS/SIDA. E na manutenção industrial em que a confiabilidade dos brasileiros é a fiabilidade dos portugueses. Isto são apenas exemplos básicos, pois em qualquer uma das línguas de especialidade, as diferenças entre Portugal e Brasil são absolutamente abissais. Temos práticas diferentes, métodos diferentes de ir buscar a terminologia. E não falo dos PALOP porque não conheço bem a sua realidade linguística. Mas, certamente também têm os seus usos próprios, sintácticos e terminológicos.
Se alguém pensa que o português europeu e o brasileiro estão apenas separados pela ortografia, bem, pode tirar o cavalinho da chuva, porque esse é o menor dos problemas.
Por mim, contabilidades do género Portugal vai mudar um maior número de palavras do que o Brail não me serve de argumento. A ortografia mudará, como sempre, mudou. Como esvremos agora, não será como os portugueses escreverão no futuro.
O meu problema com o acordo (para além de ser uma opção dirigista) é o da sua utilidade, pois, prevejo, que na maioria dos casos as vantagens apregoadas não passam de wishful thinking.
Voltarei ao assunto.