Da Tradução (II)
E do acabamento do liuro eu dey encomenda ao leçençeado frey Ioham uerba meu conffessor, fazendo per outrem o q de acabar per my entonçes era embargado. E elle tomou aquelle liuvro que eu tynha feyto. E também outro, que fez seneca en q me eu fundara, e apanhou o q achou em elles q fosse bem dicto ou bem ordenado. E corregendo e acreçentando o q entendeo seer compridoyro, acabou o liuro adeante scripto, o quall he dictado em alguũs logares, quanto quer scuro, e em outros bem claro, e parte troncado e em pausas curtas, que ao dictar som de gram trabalho. E outra parte em pausas compridas q de rrazoar he mais chaã maneyra. E tall deferença he em elle feita porque aynda q prinçipalmente o liuro aos prinçipes seia aderençado, a outros muytos daa geeral doutrina. E porque antre muytos ha desuayramento, assy de entenderes como de uoontades, desuayradamente foy a obra composta, pera o engenhoso e sotill achar delectaçom a seu entendimento. E ao simprez porem nom minguasse a tal clareza per q aprender podesse as cousas que a elle conuem. E tambem aquelles q filham prazer em nouas maneyras de curto fallar achassem hi alguũ comprimento, do que em esto quer o seu deseio. E os q chaaõ fallam e querem ouuyr achassem scriptura segundo seu geyto. E porque senhor o uosso mandado ffoy prinçipal aazo de seer acabada aquesta obra he grande rrazom auerdes della o primeyro uso, porem aenvyo aa uossa merçee.
«Dedicatória ao Infante D. Duarte», O Livro da Virtuosa Bemfeitoria do Infante D. Pedro. 3.ª edição, com uma introdução e notas por Joaquim Costa. Porto, Biblioteca Pública Municipal do Porto/Empresa Industrial Gráfica do Porto, 1946, p. 22
«Dedicatória ao Infante D. Duarte», O Livro da Virtuosa Bemfeitoria do Infante D. Pedro. 3.ª edição, com uma introdução e notas por Joaquim Costa. Porto, Biblioteca Pública Municipal do Porto/Empresa Industrial Gráfica do Porto, 1946, p. 22