Companheiro Vasco
Faleceu o companheiro Vasco. Costuma-se dizer que na hora da morte não se diz mal de ninguém, mas neste caso é óbvio que não posso dizer muito bem. Não falo muito naturalmente das qualidades humanas que Vasco Gonçalves teria, mas apenas da sua presença na vida política no pós-25 de Abril e como primeiro-ministro dos II, III, IV e V governos provisórios entre 1974 e 75.Essa participação não pode, de modo nenhum ser considerada positiva, pois Vasco Gonçalves parecia empenhado em comprometer Portugal numa outra ditadura mal tinha acabado uma que durava há 48 anos. Não nos podemos esquecer que foi um dos governos gonçalvistas o autor das nacionalizações que durante 15 anos atrasaram a modernização do país.
Por outro lado, durante o consulado gonçalvista o país foi colocado à beira da guerra civil. Quem viu, como eu, pela televisão, o comício de Almada no Verão Quente 75 nunca poderia achar normal um país ter um primeiro-ministro como aquele.
Ainda bem que o gonçalvismo foi rapidamente derrotado (não tão rápido como deveria ter sido, mas enfim...).