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Super Flumina

Liberae sunt enim nostrae cogitationes - Cícero (Mil. 29 - 79) . Um blog de Rui Oliveira superflumina@sapo.pt

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Liberae sunt enim nostrae cogitationes - Cícero (Mil. 29 - 79) . Um blog de Rui Oliveira superflumina@sapo.pt

Desinformação ou ignorância?

No telejornal das 20 horas da TF1 (a partir dos 14.36 / Chapitre 8) de 07/10/2013, o apresentador Gilles Bouleau diz o seguinte (destaques meus):

 

Pendant ces inspections, la guerre civile fait toujours rage. Les combats prennent notamment au piège la communauté chrétienne du pays. Les chrétiens, environ 1 million, sont présents en Syrie depuis 1400 ans.

 

Os cristãos existem na Síria há 1400 anos? Onde é que ele foi buscar esta informação? Será que na TF1 não sabem que a Síria está intimamente ligada à disseminação do Cristianismo por toda a Ásia ainda no tempo dos Apóstolos? Que o Patriarcado de Antioquia foi, durante os primeiros séculos da Era Cristã, mais importante do que o de Roma? Que foi em Antioquia que, pela primeira vez, os Evangelhos foram pregados aos gentios (Act 11, 19-26) e que “Foi em Antioquia que, pela primeira vez, os discípulos começaram a ser tratados pelo nome de «cristãos»” (Act 11, 26)?

 

Isto já para não falar já na conversão de Saulo no caminho de Damasco (Act 9, 1-18)

 

Na Síria, Turquia ou Egipto, o Cristianismo antecede o Islão por vários séculos. Não são invasores. Estão lá há quase dois milénios. Mas há jornalistas que não sabem ou fingem não saber.

Ratisbona, laicidade e laicismo

O título acima é o título do artigo de opinião de Anselmo Borges de hoje no Diário de Notícias. Um excelente texto que recupera a lição de Ratisbona de Bento XVI, para terminar a falar do grande desafio que o mundo islâmico  tem pela frente (agora que a Primavera árabe se está a transformar num longo Inverno). Os dois últimos parágrafos sintetizam a questão (destaques meus):

 

Ainda nesse ano, Bento XVI visitou a Turquia. No regresso, declarou que o mundo muçulmano se encontra hoje, "com grande urgência", perante uma tarefa semelhante à dos cristãos a partir do Iluminismo e que o Vaticano II levou a bom termo. "É necessário acolher as verdadeiras conquistas do Iluminismo, os direitos humanos e especialmente a liberdade da fé e do seu exercício, reconhecendo neles elementos essenciais também para a autenticidade da religião." Mas, por outro lado, não deixou de prevenir para os perigos do laicismo, que quer retirar a religião do espaço público, cortando a relação com a Transcendência. Não é aceitável "uma ditadura da razão positivista que exclui Deus da vida da comunidade e dos ordenamentos públicos, privando assim o Homem de critérios específicos seus de medida".

 

Por mim, penso que este diálogo, que foi tão difícil para Igreja Católica, o será ainda mais para o mundo islâmico. De facto, enquanto Jesus disse que se deve dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus, mandou Pedro meter a espada na bainha, e os cristãos nunca entenderam a Bíblia como ditado de Deus; o Alcorão, para lá de um livro sagrado, vindo directamente de Deus, é um código civil e penal, e Maomé, para lá de fundador religioso, foi também um líder político e militar.

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