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Super Flumina

Liberae sunt enim nostrae cogitationes - Cícero (Mil. 29 - 79) . Um blog de Rui Oliveira superflumina@sapo.pt

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Cinema... outra vez os subsídios

Não posso deixar de concordar com o post de André Abrantes do Amaral sobre o ridículo dos cineastas que decidiram fazer um ultimato ao governo. Não havendo dinheiro público, como disse já Francisco José Viegas uma vez, "qual foi a parte de não há dinheiro" que eles não perceberam. Por outro, por que deverá o estado subsidiar o cinema. Faz parte das funções essenciais do estado? Eu penso que não é dever do estado fazê-lo. Já em Bastiat, em 1850, explicou as razões pelas quais o Estado não deveria subsidiar as artes (tradução minha):

 

Em primeiro lugar, poder-se-ia dizer, há uma questão de justiça distributiva. Será que o direito do legislador irá até ao ponto de desfalcar o salário do artesão para constituir um suplemento de proveitos para o artista? O Sr. Lamartine dizia: «Se suprimirdes o subsídio de um teatro, onde é que parareis neste caminho, não seríeis logicamente levados a suprimir as vossas Faculdades, os vossos Museus, os vossos Institutos, as vossas Bibliotecas? » Poder-se-lhe-ia responder: «Se deseja subsidiar tudo o que é bom e útil, onde é que parará neste caminho, não seria logicamente levado a constituir uma lista civil para a agricultura, a indústria, o comércio, a beneficência, a instrução? » Além disso, será que é certo que os subsídios favorecem o progresso da arte? É uma questão que está longe de estar resolvida e nós vemos pelos nossos próprios olhos que os teatros que prosperam são aqueles que vivem a sua própria vida. Por fim, elevando-se a mais altas considerações, pode observar-se que as necessidades e desejos nascem uns dos outros e elevam-se cada vez mais para regiões mais puras, à medida que a riqueza pública permite satisfazê-los; que o governo não tem nada que se imiscuir nesta correspondência, já que, num dado estado da fortuna actual, ele não saberia estimular, através de impostos, as indústrias do luxo sem afectar as indústrias de primeira necessidade, interferindo assim na marcha natural da civilização. Pode-se observar que estas deslocações artificiais das necessidades, gostos, trabalho e população colocam os povos numa situação precária e perigosa, que já não tem uma base sólida.

 

De facto, o Estado não pode subsidiar tudo o que é útil, pois é preciso entender que quando o Estado subsidia algo, isso significa que desviou dinheiro de um lado para outro. Ou seja, fez uma discriminação: favoreceu uns, prejudicando outros. O que estes senhores estão a dizer é: os contribuintes (pois, como já dizia Margaret Thatcher, "there is no such thing as public money") que paguem a nossa actividade. Ora, por mais meritória que essa actividade seja, os contribuintes não têm que a subsidiar.

Fait divers

Não deixei de sorrir quando vi esta notícia no ABC. Pelos vistos, a Generalitat acreditou demasiado na publicidade dos tradutores automáticos, mas como se pode ver será um pouco exagerado pensar que a tradução automática poderá vir a substituir em breve a tradução humana. Como dizia o chefe da aldeia dos irredutíveis gauleses "amanhã não será a véspera desse dia". Entretanto, como a própria notícia o diz, a opção da tradução automática foi retirada (fizeram bem, porque quem não perceber catalão e quiser ficar mais ou menos informado sobre o que lá se escreve, sempre pode ir ao Google pôr o url no tradutor automático e traduzir para a língua que desejar).

 

A tradução automática melhoru imenso nos últimos anos e continuará a melhorar no futuro. Duvido que alguma vez possa substituir toda a tradução humana. Como tradutor, não tenho muito medo destes avanços. Por outro lado, a tradução automática até é útil para línguas que não dominamos, mas de que queremos saber de que trata o texto. E nem sempre produz frases estúpidas, sendo que, em muitos casos até já me surpreendeu pela boa qualidade da tradução. Mas, sobretudo no tipo de traduções que faço, está longe de ser útil.

 

Mas vou continuar a acompanhar a sua evolução e sem grandes medos. A evolução tecnológica, a vários níveis, também faz parte da profissão de tradutor.

 

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