Há uns dias , o Hélder Guégués referia o uso de "desenhar" como sinónimo de "conceber", por exemplo, chamando-lhe anglicismo semantico. Este uso, segundo o Hélder foi "carinhosamente adoptado pela comunicação social". Bem, parece-me que o Hélder tem razão, pois ainda hoje, no noticiário do meio-dia da RTP Informação, dizia-se, a propósito da Capital Europeia da Cultura em Guimarães, que o grupo catalão La Fura dels Bauls tinha "desenhado" um espectáculo específico para o evento. Não há dúvida, parece que esta acepção pegou de estaca. Enfim...
Segundo esta notícia "Pais criticam retirada de Educação Cívica das escolas". Para mim, esta notícia está errada: não são os pais que criticam, mas a Confap, pela voz de Albino Almeida, que critica a saída da Educação Cívica no âmbito da revisão curricular. É bom não confundir "pais" com a "Confap", pois não são a mesma coisa e eu, particularmente, nunca me senti representado pela Confap (nem quero).
Quanto à educação Cívica, da maneira que era leccionada nos casos em que tenho conhecimento, não servia para nada.
No seguimento do post anterior, sobre esta notícia do Público, e da troca de comentários por ele originada, não posso deixar de recomendar a leitura de Ce qu'on voit et ce qu'on ne voit pas (IV. Théâtres, Beaux-Arts) de Frédéric Bastiat. Foi escrito há mais de 160 anos, mas continua verdadeiramente actual. Eis alguns excertos (destaques meus):
Mais, par une déduction aussi fausse qu'injuste, sait-on de quoi on accuse les économistes? c'est, quand nous repoussons la subvention, de repousser la chose même qu'il s'agit de subventionner, et d'être les ennemis de tous les genres d'activité, parce que nous voulons que ces activités, d'une part soient libres, et de l'autre cherchent en elles-mêmes leur propre récompense. Ainsi, demandons-nous que l'État n'intervienne pas, par l'impôt, dans les matières religieuses? nous sommes des athées. Demandons-nous que l'État n'intervienne pas, par l'impôt, dans l'éducation? nous haïssons les lumières. Disons-nous que l'État ne doit pas donner, par l'impôt, une valeur factice au sol, à tel ordre d'industrie? nous sommes les ennemis de la propriété et du travail. Pensons-nous que l'État ne doit pas subventionner les artistes? nous sommes des barbares qui jugeons les arts inutiles.
[...]
Loin que nous entretenions l'absurde pensée d'anéantir la religion, l'éducation, la propriété, le travail et les arts quand nous demandons que l'État protège le libre développement de tous ces ordres d'activité humaine, sans les soudoyer aux dépens les uns des autres, nous croyons au contraire que toutes ces forces vives de la société se développeraient harmonieusement sous l'influence de la liberté, qu'aucune d'elles ne deviendrait, comme nous le voyons aujourd'hui, une source de troubles, d'abus, de tyrannie et de désordre.
Nos adversaires croient qu'une activité qui n'est ni soudoyée ni réglementée est une activité anéantie. Nous croyons le contraire. Leur foi est dans le législateur, non dans l'humanité. La nôtre est dans l'humanité, non dans le législateur.
... não tem vícios, diz o ditado popular. E diz muito bem. E podíamos aproveitar este facto, para acabar com alguns desses vícios como, por exemplo, o subsídio à produção de cinema. Em 2012, não se sabe quando os concursos serão abertos, segundo nos diz o Público. Acrescento eu que podiam nem sequer ser abertos. Por é que o contribuinte tem que pagar o cinema produzido em Portugal? Tenho a certeza que mesmo sem subsídios, vai continuar a haver cinema feito em Portugal. E não me venham com essa coisa da cultura, pois a cultura também existe sem subsídios estatais.