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Super Flumina

Liberae sunt enim nostrae cogitationes - Cícero (Mil. 29 - 79) . Um blog de Rui Oliveira superflumina@sapo.pt

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Liberae sunt enim nostrae cogitationes - Cícero (Mil. 29 - 79) . Um blog de Rui Oliveira superflumina@sapo.pt

2009 não deixa saudades

Este ano que acabará em breve não deixa muitas saudades. Aliás todo este início de séc. XXI é um perfeito desastre para Portugal, pelo que a crise apenas que rebentou no ano passado apenas veio acrescentar um pouco mais de miséria.

 

O problema vem desde o consulado de Guterres, tempo em que as reformas deveriam ter sido feitas, mas em que o governo socialista de então preferiu gastar alegremente e em festa o dinheiro então chegado.

 

Acabada a festa guterrista, tivemos os governos de coligação PSD/CDS e, mais uma vez, uma oportunidade perdida. Durão Barroso nada fez, nada reformou e Santana Lopes também . É cerrto que não o deixaram, nunca saberemos do que seria capaz, mas a acumulação de episódios infelizes, uma má imprensa e um presidente socialista interromperam a experiência (de qualquer modo, Santana já reconheceu que foi um erro ter aceitado o governo naquelas condições).

 

Desde 2005 que somos (des)governados por Sócrates (não pelo PS). É para mim claro que este senhor tem um projecto de poder pessoal, comportamentos autoritários e pouco dado a aceitar críticas. Sócrates desperdiçou a sua maioria absoluta em guerras estúpidas e em pseudo-reformas que não chegaram a lado nenhum. Como bons socialistas que são aumentaram a despesa e fizeram a "consolidação" orçamental à base de impostos (tendo a carga fiscal aumentado), tendo aumentado o peso do Estado na economia.

 

Agora, depois de ter perdido a maioria absoluta, o governo Sócrates parece cansado e não irá, de modo algum, tomar as medidas necessárias. Irá é, certamente, inventar mil artifícios para sacar mais dinheiro dos contribuintes, porque se há coisa que não sabe fazer é cortar na despesa, para além de ir insistir na quimera do investimento público.

 

Enfim, 2010 também não augura nada de bom.

Acordo Ortográfico

Hoje o Público tem o Acordo Ortográfico em manchete, tratando o assunto em vários artigos, tendo até dedicado um editorial "Por que rejeitamos o acordo" para dizer que não o vai seguir.

 

Sobre o assunto, não tenho muito a dizer, apenas que tem feito correr mais tinta do que merece. Em primeiro lugar, não sei se era verdadeiramente necessário um novo acordo ortográfico. A uniformização da ortografia não é assim tão grande como isso e o que mais afasta as variantes europeia e brasileira do português está longe de ser a ortografia.

 

É absolutamente natural que a ortografia evolua e também é natural que haja uma norma. Aliás no séc. XIX, como eu já referi num post passado, Teixeira de Vasconcelos queixou-se da anarquia reinante na ortografia portuguesa em meados do séc. XIX. Só em 1911 é que se concluiu o primeiro acordo ortográfico. Ainda assim, Fernando Pessoa em 1934 editou a Mensagem com uma ortografia arcaizante.

 

Por mim, como tradutor, a questão é simples, farei a tradução na versão que o cliente quiser. Facto é que, se quiser o trabalho segundo o Acordo Ortográfico de 1990, vou ter que o estudar um pouco mais, pois ainda tenho algumas dúvidas (o Acordo é muito mais do que acção->ação ou óptimo->ótimo e outras que tais).

 

Por outro lado, a questão do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa também é importante, pois como diz Margarita Correia (na notícia do Público):

 

"O texto legal [do acordo] é aberto, mas é ambíguo e tem até contradições internas. Mas ninguém o vai ler quando tiver uma dúvida. O que se espera é que haja especialistas que façam a interpretação através do Vocabulário".

 

Ora, se o Acordo Ortográfico de 1990 é ambíguo, algo não correu muito bem na sua elaboração (para além da também mencionada facultividade entre diversas formas - lá se foi a intenção uniformizadora). Por fim, não posso deixar de achar piada quando a notícia refere o seguinte (sublinhado meu):

 

"O acordo remete muitas vezes para uma tradição, mas em lugar nenhum define qual é essa tradição. Por isso optámos por regularizar bastante a ortografia". Em muitos casos isto significou tirar os hífens (de "cor-de-rosa", por exemplo, que o acordo admitia com hífens referindo a "tradição", ao mesmo tempo que deixava sem hífen "cor de vinho"). Quando a referência é a pronúncia optou-se por seguir a da região de Lisboa.

 

Por que é que se optou por seguir a pronúncia da região de Lisboa? Será por acaso a mais "correcta"? Ou foi "porque sim"?

 

Para mim, o problema do Acordo Ortográfico de 1990 não está se cedemos mais ou menos do que o Brasil na nossa ortografia (isso não me interessa nada), mas mais na sensação de que ele não resolverá aquilo que pretende resolver, isto é, de que a existência de duas ortografias é prejudicial para a língua portuguesa ("A existência de duas ortografias oficiais da língua portuguesa, a lusitana e a brasileira, tem sido considerada como largamente prejudicial para a unidade intercontinental do português e para o seu prestígio no Mundo."- Portal da Língua Portuguesa - Memória breve dos acordos ortográficos)

 

É que, como qualquer pessoa que, por exemplo, leia textos técnicos sabe, não é por se escrever com a mesma ortografia que a diferença entre as duas variantes se vai atenuar. Um texto brasileiro será sempre um texto brasileiro, como um texto português será sempre um texto português a nível de estrutura sintática e terminologia, só para dar um exemplo.

 

Por último, só para dizer que todo este processo foi, no mínimo, mal conduzido pois desde 1990 andamos a discutir isto.

Sem dúvida

Não posso deixar de concordar com Pacheco Pereira quando diz:

 

Ou seja, sem condicionantes de emprego, carreira, interesses económicos, dependência dos cargos e acima de tudo real, absoluta, profunda independência do governo e do establishment

do poder.

 

Mas, a um outro nível, como as distritais e secções ou mesmo núcleos, eu já ficava contente que os dirigentes tivessem uma vida para além da política.

Verdades intemporais

Sempre pensei que uma das maneiras de matar o interesse dos jovens por certas obras literárias era colocá-los nos curricula do ensino secundário. Penso que muita gente acaba o secundário a detestar Os Lusíadas, Os Maias ou O Memorial do Convento (entre outras) porque as estudaram de uma maneira completamente espartilhada.

 

Descobri agora que afinal o que acontece a estas obras literárias já acontecia a outras, como a Eneida, quase dois mil anos atrás na Roma Imperial. Estava eu a ler os Epigramas de Marcial (Edições 70), quando deparo com estes versos (livro VIII, 3, trad. Paulo Sérgio Ferreira):

 

[...]

«Como podes tu, ingrato, abandonar as doces bagatelas?

Diz-me cá: com a tua preguiça, que é que melhor farás?

Acaso te apraz trocar o soco pelos trágicos coturnos

ou reboar, em verso de iguais pés, o horror das guerras,

para seres ditado, com voz rouca, por um inchado professor

e odiado por moças já grandotas e prendados rapazinhos?

[...]

 

Nem o grande Virgílio escapava a este facto.

 

O verdadeiro democrata

Enquanto na blogosfera portuguesa anda para aí gente muito contentinha com a agressão a Berlusconi ( como se sabe um perigosíssimo proto-fascista e por isso merecedor da agressão), o muito admirado camarada bolivariano que (des)governa a Venezuela já nem disfarça que se quer tornar num ditadorzeco e acaba de mandar às malvas a independência do poder judicial.

 

Essa coisa da separação de poderes é coisa antiga, que não comove o camarada Chavez, não. O progressismo chavista é assim.

Idiotice em estado puro...

Desta vez vem da Grã-Bretanha onde um tribunal britânico ia emitir mas depois não emitiu um mandado de captura contra Tzipi Livni por supostos crimes de guerra ocorridos na ofensiva em Gaza há cerca de um ano.

 

Enfim, se os ingleses se dedicassem mas é a caçar os terroristas que têm em casa é que faziam bem. Agora dar largas a estas fantasias de jurisdições universais, um dia, vai acabar mal para alguém e não sei se os países que detêm estas juridisções não se irão arrepender.

 

Entretanto, em Israel, nega-se que esse mandado tenha existido, mas o facto é que ela não pôs os pés em Inglaterra (e fez bem...).

 

Israel tem sido o país mais cuidadoso, quando em guerra, para com as populações civis, até porque enfrentam assassinos que não têm problemas em se disfarçar junto da população civil, casuando-lhe inúmeras mortes desnecessárias. No entanto, toda a intellegentsia europeia dedica-se a demonizar o único país do Médio Oriente que é uma verdadeira democracia.

 

Está a ficar bem...

... mas ainda pode ficar melhor. Depois do empate do Benfica em Olhão, ontem, o Porto só tem é que ganhar hoje para poder, na próxima jornada, passar à frente do Benfica. É claro que aquelas mentes benfiquistas tenebrosas já viram conspirações devido à expulsão do Di María ou do amarelo ao Coentrão, mas nada dizem do David Luiz. Queixam-se do primeiro golo do Olhanense, esquecem-se de golos que já marcaram de livres ou penáltis inexistentes.

 

Enfim, é preciso apenas que o Porto cumpra a sua obrigação e na Luz ajustam-se contas.

Líricos...

Através do 5 dias fiquei a saber que há uns pândegos que querem realizar uma ioditice qualquer chamada "No Berlusconi Day". Que Berlusconi não flor que se cheire, estamos de acordo. Mas também considero que entre ele e o Prodi, os italianos fizeram a escolha certa.

 

Quanto à democracia italiana estar em perigo, tenho as minhas dúvidas. Parece-me que a portuguesa está bem pior. Mas, afinal, o que é que estes senhores querem. Berlusconi foi eleito e a menos que cometa alguma crime, deverá cumprir o seu mandato se para isso tiver engenho e arte (embora as coisas no seu governo não estejam a ir lá muito bem).

 

Mas, enfim, que ser divirtam ao menos com a iniciativa.

Tratado de Lisboa

Hoje, entrou em vigor o Tratado de Lisboa com (alguma) pompa e circunstância. De facto, também o motivo não era de muito pompa ou festa, pois o processo de ratificação deste tratado foi tortuoso e muito pouco transparente. A escolha de Van Rumpoy e Catherine Ashton foi também mais um sinal da falta de transparência e até da alguma irrelevância que os cargos para os quis foram escolhidos terão.

 

Enfim, a união burocrática a que temos tido direito.

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