... tão apreciada por algumas pessoas de esquerda pela sua oposição aos Estados Unidos (só por isso, pois em mais nada há semelhanças entre eles), elegeu (?) um presidente ultra-conservador. Nota-se. Desde a história nuclear dos últimos tempos, e que o recente nobelizado pela paz subestimou até ao ponto de agora nada poder fazer, até às mais recentes declarações do presidente, há indicações claras que a ditadura teocrática é irreformável per si.
O senhor Ahmadinejad defendeu claramente a eliminação do Estado Israel. Pelo menos tem o mérito de dizer, sem hipocrisias, o que muita gente, da extrema direita à extrema esquerda pensa sobre o assunto. Aquilo de dizer que defende os direitos dos palestinianos é, em muitos casos, apenas um disfarce para aquilo que verdadeiramente os incomoda: a existência de Israel.
Para a Turquia ser um estado-membro da U.E. muito trabalho ainda há que fazer, sobretudo na reforma das mentalidades. Ontem, ao ver o resumo do jogo do Fenerbahce, via-se na assistência muitas mulheres que em nada se distinguiam das mulheres ocidentais.
Mas, como eu já disse várias vezes, Istambul não é representativa do que se passa no resto da Turquia. Segundo a BBC, numa pequena amostra numa universidade turca do sudeste do país, muitos homens apoiam os crimes de honra.
Embora a amostra seja pequena, é ilustrativo de uma realidade persistente na Turquia que até já atingiu os países europeus, pois ainda recentemente na Alemanha uma jovem foi morta pelo irmão (por ordem do pai). O seu erro? Querer viver como uma alemã.
A justiça turca parece, por pressão da U.E., querer combater este tipo de crime bárbaro (que também existia no países europeus há não tanto tempo assim)e se o conseguir isso será um enorme passo.
É este o tipo de desafios que a Turquia tem que vencer para poder tornar-se membro da U.E. e, sinceramente, não acredito que em 10 ou 15 anos, este, como outros, problema possa ser resolvido de acordo com os padrões europeus.
No Humanae Litterae, um artigo sobre Virgílio, neste caso uma síntese biográfica. Penso, se tiver tempo para isso, publicar pelo menos mais um artigo sobre a obra de Virgílio.
Hoje será conhecido o prémio Nobel da literatura.Digo desde já que, para mim, é totalmente irrelevante, pois nunca comprei qualquer livro apenas por o seu autor ter sido premiado nessa ano com o prémio.
Mas, esta irrelevância do prémio passa também por o tipo de escritores que têm sido escolhidos, como é caso exemplar o da laureada do ano passado que, do pouco que li dela, é de uma enorme mediocridade. Aliás, já nem tenho o livro, não valia a pena (já tenho os livros fora das estantes, nem sei onde inventar mais espaço, pelo que o lastro inútil vai fora...)
Sei que no mundo da literatura será sempre muito difícil agradar a todos, ter uma decisão unânime, pois, habitualmente, não é só a literatura que está em apreço (tudo conta desde a ideologia, raça, religião, região geográfica, etc.). Mas, não faria mal o prémio Nobel ter critérios menos politicamente correctos e usar critérios um pouco mais literários.
De qualquer modo, é também irrealista pensar que os "sábios" da Academia Sueca sejam capazes de conhecer todos os escritores, ou que tenham lido uma parte substancial da obra de todos os escritores que fazem parte da lista do possíveis nobelizados. Por outro lado, ninguém no mundo tem a capacidade de conhecer todos os escritores do mundo ou o que se passa no mundo da literatura em todos os países do mundo.
Por isso, apesar de ser de longo o mais prestigioso, o prémio Nobel não é, senão, mais um prémio literário, com todas as qualidades e defeitos que daí advêm.
Post scriptum. A bolinha da sorte saiu a Harold Pinter. Que dizer? Nada, porque não posso falar daquilo que não sei. Conheço apenas superficialmente a sua obra e nunca vi nenhuma peça. Do que conheço, não me atraiu muito, pelo que nunca mais pensei em voltar a lê-lo. Estou errado? Talvez, mas vai ser difícil mudar de opinião.
Leio no Jornal de Notícias que, após a derrota do PS no Porto, Narciso Miranda está pronto a avançar para a Distrital e Orlando Gaspar e José Luís Catarino para a Concelhia. Só vos posso dizer, tempos sinistros se aproximam para o PS Porto. Não há ninguém novo para tomare estes lugares. É que, se Narciso não augura nada de bom, o Orlando Gaspar é verdadeiramente sinistro.
Também muito divertida é a análise feita no interior do PS pela derrota em Lisboa e Porto. Pegando numa outra notícia no mesmo jornal:
Leitura diferente é feita para Porto e Lisboa. A maioria absoluta de Rui Rio é associada ao apoio anunciado por Pinto de Costa a Francisco Assis, na véspera das eleições.
Em Lisboa, segundo um dirigente socialista, a derrota ficou a dever-se ao facto de não haver coligação à Esquerda "Foi um erro". "É uma lição para o PS perceber que já não se ganham os centros urbanos, sem a CDU ou o BE". Risos foi o que causou a declaração de Carrilho entre o núcleo duro que estava no Rato. "Até parece que foi o secretário-geral a ir buscá-lo a casa para ser candidato".
A hipótese de que Pinto da Costa foi mais prejudicial do que benéfico é verdadeiramente extraordinária. Talvez o PS (e não só) tenha aprendido a lição e, para a próxima, se deixe de bajulações ao futebol. De uma vez por todas, seria bom que os políticos deixassem de ter medo dos presidentes dos clubes (e das SAD) de futebol.
Quanto à derrota de Carrilho, realmente, o homem impõe-se ao partido, tem um projecto político que pretende chegar a presidente da república e depois espalha-se. É lógico que ele não poderia estar bem disposto.
Neste país que supostamente poderá aderir à União Europeia, a descrição do genocídio arménio pode dar lugar à prisão. Que o dia Ohran Pamuk que se arrisca a para à prisão por ter falado num jornl suíço sobre o massacre de arménios e curdos.
Ouço Fernando Rosas na RTP1 a verberar contra os candidatos da marginalidade...
Espantoso, estes tipos do Bloco sempre tão prontos a defenderem e a desculpabilizarem os marginais de todo o tipo (obviamente vítimas da sociedade demoliberal capitalista) e agora condenam estes candidatos sem mais nem menos? Nem se quer lhe dão o benefício da dúvida?
Também não serão estes autarcas vítimas inocentes da sociedade?
Até agora as informações disponíveis (só projecções, a CNE pifou) dizem que Rui Rio ganhou no Porto. Ainda bem.
As vitórias de Carmona, Seara, Encarnação e sobretudo se se confirmar Aveiro (Santarém dizem que também, mas ainda não acredito), são também bastante boas.