Leio no Haaretz que o ministro dos negócios estrangeiros francês cometeu uma monumental gaffe na sua visita a Israel:
The French satirical magazine Le Canard Enchaine reported in its September 14th issue that during the visit of French Foreign Minister Philippe Douste-Blazy to the new Holocaust museum in Jerusalem's Yad Vashem on September 8, he asked - while perusing maps of European sites where Jewish communities had been destroyed - whether British Jews were not also murdered. Needless to say, Douste-Blazy's question was met by his hosts with amazement. "But Monsieur le minister," Le Canard quoted the ensuing conversation, "England was never conquered by the Nazis during World War II."
The minister apparently was not content with this answer, which, according to the magazine, was given by the museum curator, and persisted, asking: "Yes, but were there no Jews who were deported from England?"
Como a notícia partia do Le Canard Enchaîné a minha primeira reacção foi de um certo cepticismo, pois é difícil de acreditar. Mas o Haaretz investigou e garante que a história de passou exactamente assim.
Se a história for verdadeira, tenho a impressão que a Velha Europa tem que deixar de gozar com a suposta ignorância dos americanos.
Conforme se sabe, Jaime Gama aceitou a proposta do PS (e apoiada pelo BE) sobre o referendo ao aborto. É claro que esta proposta, mais do que o cumprimento de uma promessa do PS (não faltaria tempo para realizar o referendo em 2006), insere-se na estratégia política do PS. Por isso, não posso deixar de estar de acordo, neste particular, com o que diz Ricardo Costa.
Mas, o mais interessante, e em consequência deste episódio,é que agora parece que se vai ter que esclarecer um ponto (mais um?) obscuro da nossa querida Constituição: se uma legislatura pode ter mais de 4 sessõs legislativas, pois os constitucionalistas encontram-se divididos. Vejamos o que diz a Constituição:
CAPÍTULO III Organização e funcionamento
Artigo 171.º (Legislatura)
1. A legislatura tem a duração de quatro sessões legislativas.
2. No caso de dissolução, a Assembleia então eleita inicia nova legislatura cuja duração será inicialmente acrescida do tempo necessário para se completar o período correspondente à sessão legislativa em curso à data da eleição.
Desde já digo que não sou jurista, pelo que não vou brincar aos constitucionalistas. Os meus comentários têm apenas um outro objectivo que é o demonstrar a falta de clareza que por vezes é produzida pelo poder legislativo.
No caso deste artigo, temos Vital Moreira que, como refere nesta entrada, considera possível, em certos casos de dissolução, que a legislatura tenha 5 sessões legislativas.
Será que não se poderia redigir de um modo mais claro este artigo? Apesar de tudo, numa opinião de um não jurista (realço isto pois na interpretação de um texto entram outros factores que não apenas os linguísticos), inclino-me mais para a sua hipótese devido à expressão "inicialmente acrescida". No artigo 174.º pode ler-se:
Artigo 174.º (Sessão legislativa, período de funcionamento e convocação)
1. A sessão legislativa tem a duração de um ano e inicia-se a 15 de Setembro.
2. O período normal de funcionamento da Assembleia da República decorre de 15 de Setembro a 15 de Junho, sem prejuízo das suspensões que a Assembleia deliberar por maioria de dois terços dos Deputados presentes.
[...]
Numa primeira leitura,lendo o n.º 2 do artigo 171.º juntamento com o lido nos n.ºs 1 e 2 do artigo 174.º, penso que a X legislatura começou a 10 de Março de 2005 (1.ª sessão plenária), sendo o tempo que medeia entre 10 de Março e 15 de Setembro aquele referido como o "necessário para se completar o período correspondente à sessão legislativa em curso à data da eleição", continuando depois em 15 de Setembro essa sessão legislativa por mais um ano até Setembro de 2006.
No entanto, Vital Moreira, como se poder ler aqui conclui que:
Nesse caso, a legislatura parece compreender 5 sessões legislativas (não apenas 4), visto que o período sobrante da sessão legislativa em curso à data da eleição haverá de constituir uma sessão legislativa autónoma da nova Assembleia.
Pelo excerto transcrito não consigo ver como Vital Moreira chega a esta conclusão (mas o objectivo desta entrada de Vital Moreira era de provar que tinha esta opinião há já muito tempo, não o de explicar o porquê da sua opinião), embora numa outra entrada adiante algumas das suas razões (embora não me convençam muito; deve haver outras).
Ora, é certo, que o n.º 2 do artigo 171.º não diz que o tempo sobrante da anterior sessão legislativa é acrescentado à 1.ª sessão legislativa da nova legislatura, diz apenas que à nova legislatura será acrescentado esse tempo sobrante. Se por sessão autónoma ou sessão prolongada, nada está escrito explicitamente.
Esta redacção foi introduzida na revisão constitucional de 1982 (artigo 174.º), pois o posterior preceito constitucional impunha eleições legislativas intercalares, pois a dissolução do parlamento não fazia terminar a legislatura, cf artigo 174.º. Por isso, Sá Carneiro, com um intervalo inferior a um ano teve que ganhar duas eleições com maioria absoluta (Dezembro de 1979 e Outubro de 1980).
Mas, sem dúvida, que esta redacção não foi a mais feliz, pois não esclarece de modo definitivo a questão da integração do tempo sobrante na nova legislatura. E neste aspecto estou já a contar com uma noção não linguística referida por Vital Moreira aqui, de que "as regras especiais prevalecem sobre as regras gerais". Se assim não fosse, a questão nem sequer se colocava.
Por aqui se vê que nenhuma análise de texto se pode fazer apenas tendo em conta a vertente linguística, pois o conhecimento extralinguístico (em diversos aspectos) é importante para se conseguir chegar a uma análise correcta. Talvez por isso não seria pedir demais aos legisladores que utilizassem uma linguagem mais rigorosa, não apenas no termos técnicos necessários, mas também rigorosa ao nível da sua construção, tornando os textos mais transparentes?
Desde que os colonos e os soldados israelitas sairam da Faixa de Gaza a situação não deixou de piorar, com bandos armados a montarem postos de controlos, pilhagens, assassinatos, etc...
KEN LIVINGSTONE provoked outrage yesterday when he compared an outspoken Muslim scholar who backs suicide bombings to the reforming Pope John XXIII.
The Mayor of London said that the position of Sheikh Yusuf al-Qaradawi was similar to that of the late Pope because he was the most senior Islamic scholar saying that Islam must engage with the world.
“Sheik Qaradawi is I think very similar to the position of Pope John XXIII. An absolutely sane Islamist,” Mr Livingstone said.
He said that Sheik Qaradawi was a leading Islamic scholar calling for Islam to engage with the world, supporting democracy in the Middle East and calling for Islam to accept the changing role of women. “Of all the Muslim thinkers in the world today he is the most positive force for change,” he said.
Al-Qaradawi condemned the terrorist attacks in London but he has described suicide bombings in Israel as martyrdom operations. He has also been criticised by Jewish and gay rights groups who accused him of anti-Semitism and homophobia.
Depois das escorregadelas anti-semitas deste senhor, vem o disparate pegado. Enfim, os londrinos é que sabem porque o continuam a aturar.
De vez em quando falo neste blog acerca da tradução que se vai fazendo em Portugal. É natural que me interesse pelo assunto, afinal, é a minha profissão. Mas hoje, vou transcrever uma entrada interessante sobre tradução publicada no blogue A oeste nada de novo:
POST SCRIPTUM SOBRE A TRADUÇÃO DE AS ORIGENS DO MAL DE GEORGES MINOIS
A tradução de As Origens do Mal foi entregue a Carlos Correia Monteiro de Oliveira, o que é uma boa notícia, pois o tradutor das obras precedentes (Serafim Ferreira) foi avançando paulatinamente até alcançar o nível do assassinato na tradução de História do Ateísmo, em que frequentemente pôs a edição portuguesa a dizer precisamente o contrário do original francês.
Se Carlos Oliveira comete os mesmos erros, tal não é evidente (o que, paradoxalmente, será um demérito face a Serafim Ferreira, com quem conseguíamos muitas vezes "reconstruir" o sentido original...), mas numa coisa ambos se irmanam: no critério (ou falta dele) quanto à tradução (ou não) de alguns títulos de obras e ao aportuguesamento (ou não) dos nomes de certos autores e personagens históricas ou mitológicas. É assim que surgem pérolas como a deusa grega «Gaïa», a seita dos «caïnitas» e o romancista «Dostoïevski», teólogos gregos como «Numérius d'Apamée», «Marcion du Pont» (ambos do séc. II) ou «Méthode d'Olympe» (séc. IV), o famoso escocês «Jean Duns Scot» (sécs. XIII–XIV) e muitos outros «Jeans» holandeses, alemães e doutras paragens, o «Livre des jubilés» (composto por uma seita judaica entre 135 a. C. e 105 a. C. e encontrado em Qumran) ou as obras de Ireneu (séc. II) e do alemão Martinho Lutero (séc. XVI), todas com títulos em francês — e ainda o meu preferido, o rei «Jacques I de Inglaterra». Ou, reverso da medalha, um certo «Teodoro» Roosevelt...
Sejamos claros: deixar em francês títulos de obras não originalmente publicadas nessa língua ou nomes de personagens históricas não francófonas que por tradição são conhecidos na sua forma aportuguesada (ou afrancesada, no caso dos países francófonos, daí a opção de G. Minois) denota, antes de mais, ignorância e falta de cultura geral. O tradutor, simplesmente, não faz a mínima ideia de quem tais personagens foram — nem procurou saber.
Transcrevo este texto porque não podia deixar de estar mais de acordo com a conclusão do mesmo. Aliás, já num texto anterior, intitulado Legendagem eu tinha referido este tipo de problemas de falta de cultura geral. E, também, já por várias vezes, referi que os nomes próprios são uma das principais vítimas desta falta de cultura geral e de preguiça mental durante o processo de tradução. Para traduzir não basta saber línguas. Afinal, e isso já foi dito por muita gente, um tradutor é um mediador cultural entre duas culturas.
Os palestinianos têm dado uma imagem degradante de si próprios com o que têm feito em Gaza, onde não apenas destruiram e queimaram sinagogas (vazias), como até infra-estruturas com que a Autoridade Palestiniana esperava contar para desenvolver a região, ver, por exemplo, o Gateway Pundit.
Com a crescente progressão dos radicais islâmicos na sociedade palestiniana, não sei se a Autoridade Palestiniana terá força para se impor. Para já, para mim, impera o pessimismo. Não acredito muito nisso.
Publi-reportagem ou apenas algum desconhecimento ou deslumbramento? Fico sempre na dúvida quando vejo artigos como aquele que é assinado por Gabriela Oliveira, intitulado "Espanha árabe", no Notícias Magazine n.º 694 de hoje. (atenção: texto longo)
Porquê esta sensação? Talvez, por exemplo, por frases como esta:
Córdoba era então [séc. X] a cidade mais próspera e culta da Europa, reunindo os mais importantes pensadores, poetas e artistas à volta da corte.
É claro que o facto de, também, no séc. X, o Império Bizantino ter atingido o seu apogeu (tinha conseguido bater os árabes na Síria e na Arménia), não entrou em consideração na redacção desta frase. A Europa Ocidental estava ainda a sair de um período complicado da sua história, mas o Império Bizantino, herdeiro do Império Romano do Oriente, continuava a sua marcha vindo directamente da Antiguidade tardia. E, que eu saiba, a sua capital Constantinopla fica na Europa. A afirmação é, no mínimo, imprecisa.
O artigo continua entre superlativos e hipérboles aos árabes, sua arte, cultura, etc... (uns merecidos, outros nem por isso), mas os dois últimos parágrafos são mesmo a cereja em cima do bolo (destaques meus):
Andaluzia, terra de poetas, filósofos, artistas... Terras de memórias imperecíveis da presença árabe. Ainda hoje subsistem na língua portuguesa cerca de seiscentos vocábulos árabes. Arroz, armazém, almofada, laranja, limão, alcântara, almeida, álgebra... são apenas algumas das muitas palavras que usamos no dia-a-dia. A contribuição do conhecimento árabe desempenhou um papel crucial no campo das matemáticas, da astronomia, da agricultura, das ciências náuticas. «É preciso não esquecer que foram os muçulmanos que fizeram perdurar os clássicos da Antiguidade, a cultura greco-latina, traduzindo-os primeiro para árabe. Só mais tarde, a partir do séc. XI, ficaram acessíveis em latim. A Península Ibérica foi a placa giratória a partir da qual a sabedoria antiga se propagou pela Europa, nas diferentes disciplinas», comentou Manuel Gandra. O extremismo era naquela época panágio do cristianismo, basta recordar a Inquisição e as Cruzadas contra os «pagãos infiéis». Ao percorrermos a Andaluzia fazemos uma viagem no tempo, que evoca outros locais históricos do nosso país. Córdoba e Granada reavivam memórias de um património árabe que nos é comum. Outrora todos fazíamos parte do grandioso al-Andalus.
Bem, estes dois parágrafos têm afirmações inexactas e que não respeitam a verdade histórica, para além da última ser verdadeiramente duvidosa. Comecemos pela primeira afirmação destacada por mim.
A afirmação de Manuel Gandra é pelo menos inexacta pela sua generalização. Se ele se referir ao facto de Aristóteles ou Platão terem sido primeiro traduzidos para árabe e só depois para latim, está certo. Mas, é claro que os autores latinos foram preservados sobretudo pela Igreja na Europa Ocidental, mesmo autores que poderiam, pelo conteúdo das suas obras, serem desprezados. Por exemplo, Catulo (séc. I a.C.), cujos poemas estavam muito longe da moral cristãe e que são mencionados no séc. VII d.C. por Santo Isidoro de Sevilha (Origines 6, 12, 3; 19, 33) ou ainda por Ratherius, em 965 d.C., que declarou formalmente ter lido os seus poemas (Patrologia latina de Migne, t. 136, p. 752). Depois destas referências, o texto mais antigo completo que conhecemos de Catulo data do séc. XIV. Onde foram conservados os sucessivos manuscristos que fizeram chegar até nós estes poemas? Provavelmente nas bibliotecas das catedrais e mosteiros.
Outro facto, se calhar desconhecido da maioria, é o facto de, por exemplo, Virgílio (séc. I a.C.) não ter entrado na lista de livros proibidos no tempo de Carlos Magno devido à sua eglóga IV em que fala de uma era messiânica (com a vinda de um menino), que fez com que Virgílio fosse conservado no Império Carolíngio (apesar da égloga II). Muitos autores latinos foram lidos na Idade Média, se calhar em maior número do que agora.
Por isso, a frase peca por uma generalização excessiva que só é verdadeira num número limitado de casos, isto é, em autores gregos. Ainda a este propósito, deve-se dizer que, apesar do contacto dos muçulmanos com a cultura greco-latina, eles jamais a assimilaram. Socorro-me para este ponto do que escreveu Francisco Rodríguez Adrados (universitário espanhol) que escreveu o seguinte (ABC, 14/08/2005, "Choque de civilizaciones? Pues sí"):
Porque se habla mucho dos los califas ilustrados - Harum al Rashid, Al Mamún, Al Mansur, los fatimíes de Egipto - que hacían traducir al árabe la sabídura griega que luego creció en el mismo mundo árabe (Al Andalus incluido, por supuesto) e pasó a la Cristiandad, en latín o castellano, a través en parte de España. Hubo el notable intento de combinar el Corán con Platón y Aristóteles, paralelo al de Santo Tomás y otros entre los cristianos.
Quedó en nada. Por qué essos admiradores del Islam medieval (con razón, pero sin ella en sus ataques al Cristianismo), por qué no dicen que esa flor se agostó en el siglo XI, con los selyúcidas, los almorávides, los almohades? los almohades? Que Averroes, un aristotélico, acabó confinado en Lucena, Al Motamid desterrado en África? La concordia entre el Corán y los griegos fue imposible y los filósofos fueron tenidos, más o menos, por heréticos. En Occidente triunfaron, en el mundo musulmán no. Y el islam se volvió impenetrable, esta es la cuestión. La base de todo.
Para além de que os muçulmanos não fizeram propagar toda a filosofia antiga pela Europa (afinal os textos dos autores latinos estavam disponíveis), também acabaram por não recolher grandes frutos dos autores gregos, pelo menos em alguns campos do saber.
A segunda afirmação destacada é ainda mais extraordinária pois não é apenas inexacta, é completamente falsa. Em primeiro lugar, precisamos de situar no tempo quer a Inquisição, quer as Cruzadas. A Inquisição foi criada no início do séc. XIII, dirigida contra os heréticos (por exemplo, os cátaros) e o seu papel declinou bastante no séc. XV. Não esquecer que a Inquisição espanhola (e mais tarde a portuguesa) são de natureza muito diferente dessa primeira Inquisição, pois estavam sob controlo apertado do Estado (eram inquisições reais ao serviço do estado) e não da Igreja.
Em segundo lugar, as Cruzadas iniciaram no final do séc. XI (Jerusalém foi conquistada em 1099). Mas, pode dizer-se que o espírito de cruzada foi antecedeu as próprias cruzadas, com o afluxo de francos à Espanha medieval para ajudar Afonso VII de Castela à derrota de Zalaca (1086) às mãos dos Almorávidas. Ora estes almorávidas, segundo o Dicionário de História Universal de Michel Mourre, "devido ao seu fanatismo intolerante, ao seu rígido ritualismo, provocaram graves prejuízos à brilhante civilização que florescia no princípio do séc. XI" (C.Leitores, vol. 1, pág. 56). Os Almorávidas foram derrubados pelos Almóadas, em 1147, que queriam um regresso às fontes religiosas essenciais do islão, afirmando a crença absoluta na unidade divina, e que acusavam os outros muçulmanos de serem politeístas. Também não haveria muito tolerância por estes lados.
Por outro lado, a conquista de Jerusalém por parte dos turcos seljúcidas em 1078 tornaram também mais difícil a vida das populações cristãs e judaicas na Terra Santa, bem como as peregrinações que os cristãos ocidentais costumavam fazer.
Por fim, não esquecer, para aqueles que pensam que as cruzadas foram uma agressão ao islão, que o primeiro agressor for o islão quando conquistou Jerusalém em 636 ao Império Bizantino. Os islão expandiu-se na ponta da espada e foram os muçulmanos quem primeiro atacou os cristãos.
Por outro lado, há um certo mito quando a propalada tolerância dos muçulmanos para com as minorias que vivem em estados controlados por muçulmanos. Será que ninguém ouviu falar na palavra "dhimmi". Os infiéis, segundo a lei corânica, serão sempre cidadãos de segunda classe que nunca terão os mesmos direitos que os cidadãos muçulmanos. E isso era o que acontecia na Espanha árabe.
A este propósito aconselho a leitura do texto "Jihad begot the Crusades" (parte I e parte II), de que transcrevo aqui a conclusão:
It is ahistorical and frankly absurd to separate the Crusades from the anti-Christian jihad wars that antedated and precipitated them. Four and one-half centuries of devastating jihad conquests (i.e., 632-1095 C.E.), and the cruel imposition of dhimmitude on the vanquished, primarily Christian populations, finally engendered a sustained, organized and violent response when Christendom perceived its very survival to be imperiled. Jacques Ellul has characterized the origins and effects of this transformation: [80]
…the Crusade is an imitation of the jihad. Thus the Crusade includes a guarantee of salvation. The one who dies in holy war (i.e., jihad) goes straight to Paradise, and the same applies to the one who takes part in a Crusade. This is no coincidence; it is an exact equivalent. The Crusades, which were once admired as an expression of absolute faith, and which are now the subject of accusations against the Church and Christianity, are of Muslim, not Christian origin…The nonviolence of Jesus Christ changes into a war in conflict with that waged by the foe. Like that war, this is now a holy war.
The devastating Islamic institution of jihad must be acknowledged, renounced, dismantled, and relegated forever to the dustbin of history, by Muslims themselves. As Professor Walid Phares, in a frank, astute commentary entitled “Jihad is Jihad”, noted: [81]
In the Christian world, modern Christians outlawed crusading; they did not rewrite history to legitimize themselves. Those who believe that the jihad holy war is a sin today must have the courage to de-legitimize it and outlaw it as well.
Na Idade Média o extremismo era apanágio de todos e qualquer outra asserção é pura e simplesmente falsa, para além de demonstrar pouca informação ou desconhecimento sobre o assunto (chama-se "emprenhar pelos ouvidos", toma-se acriticamente como boas as afirmações que a inteligentsia vai produzindo).
A terceira afirmação destacada não tem qualquer sentido. "Outrora todos fazíamos parte do grandioso al-Andalus". E daí? Outrora não fizemos nós parte do grandioso Império Romano também?
Também aqui recorro a Rodríguez Adrado:
De diálogo, alianza de civilizaciones, «todos somos andaluces», poco. Un gran intercambio, sí, de elementos materiales, pero ideológica y socialmente, Occidente e Islam se dieron las espaldas. Lo esencial: el Islamismo jamás se asimiló, como tantos pueblos y religiones, a la tradición greco-romana, la que hizo posible la apertura de Occidente a una nuova sociedad, a una literatura y un pensamiento más abiertos. Jamás. pese a los influjos helenizantes en los siglos del VIII al X u XI, occidentalizantes desde el XIX, en su línea central los musulmanes han mantenido un pensamiento conservador estable, teocrático.
O que me motivou a escrever esta entrada não foi uma tentativa de diminuir a civilização árabe que esteve presente na Península Ibérica de 711 a 1492 e, que por isso mesmo, teve que deixar influências por estas terras. Mas, se antigamente quase se ignorava a influência dos árabes na península, agora não se pode passar para o outro extremo, isto é o de hiperbolizar a importância dos árabes na península, comparando-os com os cristãos, considerando estes pouco mais do que neandartais. Os árabes tiveram uma civilização brilhante, mas que parou de evoluir, ao contrário da civilização ocidental que aproveitou tudo o que de bom havia nas outras culturas para se desenvolver. E, não nos podemos esquecer, que em Constantinopla estava uma civilização que nada devia aos árabes.
Artigos como estes parece-me publi-reportagem paga por algum país árabe (o que não acredito) ou apenas, aquela mania muito ocidental, de deslumbramento paroquial perante uma civilização que não a nossa, que, desde de logo, se considera como superior a nossa.
Ainda mais haveria a dizer sobre este artigo, mas vou-me ficar por aqui.
Chega o novo ano escolar e lá venho eu falar das praxes universitárias (é recorrente, ano após ano). E porquê? Ia eu a descer devagarinho a Av. Marechal Gomes da Costa quando do outro lado vejo um grupo (de ambos os sexos) vestidos de negro (com aquilo que se convencionou chamar traje académico) a escoltar um grupo maior de pessoas vestidas à civil (sem dúvida caloirose também de ambos os sexos). Penso que deveriam ser da Católica, pois fica logo ali abaixo (eles levavam aquelas fitinhas com cores mas, confesso, nunca soube muito bem distinguir as cores; as únicas que conheço são as da FLUP porque era a minha faculdade, não que alguma vez tenha envergado o traje académico, pois para farda bastaram os 16 meses de tropa).
Eu pensei, quando vi a cena, que havia algo de errado. Estamos no início de Setembro, as aulas ainda não começaram, que raio andavam aqueles tipos a fazer. Será que os caloiros actuais têm um prazer masoquista e já andam a rondar a faculdade semanas antes das aulas começarem? Será que os chamados "doutores" (de quê não sei, pois muitos deles já têm mais matrículas do que o número de anos dos cursos que frequentam, o que não abona muito em favor deles) andam também a rondar as faculdades nesta altura do ano à procura de caloiros só para se divertirem sadicamente um pouco?
Já no ano passado, quando em Setembro fui ao Centro de Linguística da FLUP, situado ainda em terrenos da antiga FLUP, onde hoje está a Faculdade de Ciências(?) da Educação, vi o mesmo tipo de cenas. Já na altura me interroguei: será que não têm mais nada para fazer? É que a praxe é uma completa perda de tempo e ninguém me convence de que ela é ncessária para a integração na vida universitária. Pelo menos, eu, como muitos outros, não precisei dela para nada.
Nunca compreendi, e provavelmente nunca compreenderei, o que pode levar alguém a gostar de praxar e muito menos o que leva alguém a gostar de ser praxad0, muito menos andarem já em Setembro nestas cenas.