Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Super Flumina

Liberae sunt enim nostrae cogitationes - Cícero (Mil. 29 - 79) . Um blog de Rui Oliveira superflumina@sapo.pt

Super Flumina

Liberae sunt enim nostrae cogitationes - Cícero (Mil. 29 - 79) . Um blog de Rui Oliveira superflumina@sapo.pt

Ciência em evolução

Quando nos anos 80 a datação por carbono-14 dava ao Santo Sudário uma antiguidade que não iria além de tempos medieivais (julgo que séc. XIV), vieram logo dizer que a ciência tinha provado que o Sudário era um mito.

Agora, um senhor chamado Raymond Rogers publica uma investigação que diz que o Santo Sudário pode ser mais antigo do que anteriormente pensado e que poderia ter entre 1300 e 3000 anos.

Há gente que anda sempre com a ciência na boca, como se esta tivesse a verdade absoluta (numa crença positivista completamente fora de tempo), e como prova de que a religião não passa de uma falácia. Mas a ciência não é estática nem sequer tão exacta como nos querem fazer crer. A evolução é constante e novos paradigmas vêm desafiar e tentar desalojar os anteriores.

Pela minha parte não sei, sinceramente, se o Santo Sudário tem 600 ou 3000 anos, nem isso tem qualquer importância para a minha fé. Mas, andar sempre a brandir com a ciência na mão a acusar a religião de ser uma mentira não é, certamente, a melhor opção para quem, muito legitimamente, pensa que Deus não existe.

Esperemos novos desenvolvimentos.

Nunca mais!

Auschwitz foi libertada há 60 anos pelas tropas soviéticas.

Perante o horror da descoberta, pensou-se que nunca mais, mas depois disso continuaram os massacres e os genocídios.

Mesmo perante a banalização do mal, e mesmo por causa dela, nunca deveremos esquecer a "solução final" de Hitler. É que há muitos hitlerzinhos por aí à espreita...

Há 30 anos

Para os saudosos dos PREC e da mítica época de 1974/75 e das "amplas liberdades" que nos queriam impor, quisessemos ou não essas "liberdades", o Jornal de Notícias, numa secção sem ligação, lembra uma notícia de 26/01/1975 sobre o Congresso do CDS. Ei-la:

Extremistas boicotaram congresso do CDS

O Congresso do CDS realizado no Porto foi marcado, pouco depois do início dos trabalhos por uma manifestação de violência desencadeada por indivíduos referenciados como militantes da extrema-esquerda. A meio da tarde, começaram a afluir ao Palácio de Cristal, onde decorria a reunião partidária, milhares de populares, que rotulavam o CDS de "partido fascista", clamando que a sua presença na cidade era uma "verdadeira provocação aos democratas". Um dispositivos policial começou por impedir a invasão do recinto pela mole intensa em fúria, que a partir de dado momento passou a arremessar "cocktails Molotov" e montou um cerco por forma a impossibilitar a saída do recinto de quem quer que fosse.

Nos recontros com as forças policiais registaram-se dez feridos, dois dos quais em estado grave, e em face do rumo que estava a ser seguido pelos acontecimentos, as Forças Armadas decidiram intervir, fazendo deslocar para o local forças militares para porem ponto final a tão melindrosa situação.

Viveram-se horas de grande ansiedade e apenas após o nascer do dia seguinte se tornou possível libertar do cerco não só as centenas de congressistas, entre os quais muitos convidados estrangeiros, como os próprios jornalistas destacados para relatar a reunião magna dos centristas.

Isto era esta provavelmente uma amostra da "democracia participativa" tão do gosto do nosso Bloco de Esquerdo, principal herdeira ideológicos destes "populares" enfurecidos.

Os novos "protocolos dos sábios de Sião"?

Na véspera da comemoração dos 60 anos da libertação do campo de extermínio de Auschwitz, leio esta notícia, deveras preocupante: 19 deputados russos exigem a interdição jurídica de todas as organizações judaicas. Razões? Extremamente racionais como se pode ver, ou melhor, ler:

Les avis négatifs exprimés par les patriotes russes sur les qualités juives typiques et sur les actions juives dirigées contre les non-juifs correspondent à la réalité. Ces actions ne sont guère spontanées, mais sont réglementées par le judaïsme et pratiquées depuis deux millénaires. Les discours et les publications des patriotes dirigés contre les Juifs, qui leur sont incriminés, représentent en fait une auto-défense qui contient peut-être des ardeurs stylistiques, mais qui est exacte pour l'essentiel.

Plusieurs actions anti-juives sont organisées en permanence dans le monde entier par des Juifs eux-mêmes dans le but de provoquer des mesures punitives contre des patriotes (…) Les règles et le mode de vie des Juifs permettent de comprendre pourquoi les Juifs ont toujours été confrontés, parmi tous les peuples, au soi-disant « antisémitisme », voire au refus de cette morale judaïque. C'est pour cette raison que les Juifs n'avaient pas tous les droits dans les États chrétiens et n'ont obtenu l'égalité des droits qu'à la suite des révolutions bourgeoises antimonarchiques. De même, dans l'Empire russe, après des tentatives infructueuses de rendre les Juifs « pareils à tout le monde », ils ont été privés d'égalité non pas parce qu'ils étaient des Juifs ethniques (l'Empire a été multinational), non pas parce qu'ils n'étaient pas chrétiens (il y avait des musulmans et des bouddhistes dans l'Empire), mais parce que la religion juive est anti-chrétienne et prône la haine du prochain, allant jusqu'à des meurtres rituels. Plusieurs cas de cet extrémisme rituel ont été prouvés par la justice…

Todos os estereótipos estão aqui presentes, recuperando os mitos que circularam durante séculos e também o tipo de acusação feita nos "Protocolos dos sábios de Sião". Aliás, foi na Rússia imperial que esse livro foi fabricado, pelo que talvez não seja de admirar.

Mas se talvez não nos admiremos com isto, talvez devamos ficar preocupados. O anti-semitismo é algo que parece que vai-e-vem e nenhum país europeu está livre disso.

Louçã "persiste et signe"

Louçã não se arrepende de ter dito a Portas que ele não tinha direito a pronunciar-se sobre o aborto porque nunca tinha sido pai.

E mais, com uma argumentação absolutamente extraordinária. Disse Louçã:

Cada um tem o direito à sua opinião, mas o que realmente está em causa é saber se pode haver a diferenciação sectária do campo da vida e da morte, até porque hoje nas listas do PP, estão pessoas que entendem que uma mulher violada tem que ser presa se tiver abortado.

Bem, peço desculpa, mas em bom português pergunto: o que é que tem o cu que ver com as calças? É que não percebi a relevância desta explicação para a frase bem (neo)fascista de Louçã de achar que uma pessoa que não tenha filhos não pode ter opinião sobre o aborto.

É que o que Louçã disse foi que dezenas (ou centenas) de milhares de portugueses, de esquerda ou de direita, homo ou heterossexuais, não podem ter opinião sobre este assunto. E isto é absolutamente absurdo.

Será que os portugueses que não fazem política não podem ter opinião sobre a política portuguesa porque há alguns deles que defendem que Mao foi um verdadeiro humanista?Será que é preciso jogar futebol para se ter opinião sobre a falta que não era falta mas que deuorigem ao golo da vitória ao adversário?

Por outro lado, aqueles que desculpavam o contexto para uma afirmação tão obtusa não têm agora como desculpá-lo. O homem é mesmo assim, isto é, assim para o anti-democrático.

Multiculturalismo

Hoje estou a aproveitar o ter um pouco mais de tempo livre para ir lendo o que se foi escrevendo na semana passada em vários blogs. Dentre as várias leituras, quero destacar o artigo Multiculturalismo por Luís Marvão no seu Office Lounging.

Dito de outro modo, o multiculturalismo estabelece o primado da comunidade sobre o indivíduo. Insiste na especificidade, no direito à diferença das comunidades, entidades monolíticas onde não há espaço para a esfera individual. Nessa deriva identitária, o indivíduo fica encerrado na sua identidade de origem.

Este determinismo é fonte de atropelos à dignidade da pessoa humana : se uma rapariga é obrigada a casar contra a sua vontade, tal é visto como uma prática ancorada nos costumes ancestrais da comunidade, não havendo por isso lugar a intervenção do Estado na defesa da dignidade individual. E a pobre rapariga, não constituída em sujeito autónomo, somente parte de um todo, lá tem de se sujeitar à sua sorte; e não há associação de defesa dos direitos humanos que se interesse pela sua causa.

Concordando com o diagnóstico, não posso deixar de concordar também com a prescrição:

As sociedades ocidentais necessitam de remover este corpo ideológico, enfatizar mais as semelhanças do que as diferenças entre os vários agrupamentos humanos; enfatizar a dignidade do indivíduo, independentemente das pertenças culturais, étnicas ou religiosas; enfatizar a Cidadania e os Direitos Humanos.

O multiculturalismo (ou a diversidade ou whatever) não é o respeito pelas culturas diferentes da nossa. É antes a perpetuação da opressão de uma sociedade, de uma religião, de uma moralidade sobre o indivíduo, impedindo aquilo por o qual muita gente se bateu no Ocidente: o (verdadeiro) direito à diferença.

Notas soltas (act.)

Na última semana não tive muito tempo para o blog, pelo que alguns assuntos não foram comentados em devido tempo.

- No muito já comentado debate Portas-Louçã na SIC-N, Louçã disse que só quem alguma vez gerou uma vida poderia ter opinião sobre o aborto. Alguns blogs, levaram isto para uma suposta homofobia. Penso que não é o caso. Desde já a frase de Louçã é inaceitável, porque levada ao extremo significaria que só poderíamos ter opinião sobre aquilo em que tivessemos experiência. Por outro lado, não há contextualização que salve a inaceitabilidade de tal opinião. Penso, apenas, que esta afirmação demonstrou, se tal era necessário pois os mais atentos já disso se deram conta há muito tempo, que a modernidade do Bloco de Esquerda é apenas uma fachada, um verniz que estala à mínima contariedade. E como os tiques de moralismo que afectam o Bloco - moralismo apoiado numa suposta superioridade moral sobre todos os outros partidos - rapidamente resvalam para o totalitarismo.

- Marcelo discursou ao lado de Filipe Menezes em Celorico de Bastos. Foi no mínimo aborrecido para aqueles que gostam de ver guerrilhas internas no PSD. Não é que Santana e Marcelo tenham feito as pazes. Para mim se dá o caso que Marcelo, tal como eu que não sou um santanista, penso que, apesar de tudo, será sempre melhor para o país o PSD ganhar as eleições com Santana do que Sócrates com o PS.

- O programa de governo do PS foi apresentado no passado fim-de-semana durante o Fórum Novas Fronteiras. Como já era de esperar, nada de novo... Vitorino tentou explicar aos assistentes que o pior inimigo do PS era a abstenção. Bem, para mim, depois de ter visto a pré-campanha do PS, penso que o maior adversário do PS nestas eleições é mesmo o próprio PS. A quantidade de asneiras tem sido assinalável. Começo a convencer-me que não é líquido uma vitória do PS.

- De notar que passam hoje 40 anos sobre a morte de um dos grandes estadistas do séc. XX, Winston Churchill. Chruchill foi sem dúvida um homem controverso durante toda a sua vida, mas foi um dos primeiros na Grã-Bretanha a ver o perigo de Alemanha nazi. Nas conferências de guerra, Estaline temia-o mais do que a Roosevelt (é natural, Roosevelt era mais socialista do que Churchill, que nunca gostara dos bolcheviques). Foi também Churchill que marcou o início da Guerra Fria, com o seu célebre discurso no Westminster College, em Fulton, Missouri, a 5 de Março de 1946, quando disse:

From Stettin in the Baltic to Trieste in the Adriatic an iron curtain has descended across the Continent. Behind that line lie all the capitals of the ancient states of Central and Eastern Europe. Warsaw, Berlin, Prague, Vienna, Budapest, Belgrade, Bucharest and Sofia; all these famous cities and the populations around them lie in what I must call the Soviet sphere, and all are subject, in one form or another, not only to Soviet influence but to a very high and in some cases increasing measure of control from Moscow.

Apesar de referir países que acabaram por não ficar na órbita de Moscovo, como por exemplo na Áustria, a metáfora "cortina de ferro" foi imediatamente adoptada e marcou o início da "guerra fria".

- Já me ia esquecendo de que hoje também faz um ano que morreu Miklos Féher. Eu simpatizava com Féher mesmo quando ele era tão pouco utilizado no Porto. Féher foi vítima de uma guerra que não era a dele e, mesmo descontando o facto de não ser um goleador como Jardel, fez falta ao Porto, por exemplo, na época em que o Sporting ganhou o campeonato com Inácio. Féher quase não foi utilizado, depois foi para o Braga, etc., etc., etc... Por fim rumou a Lisboa. Não gostei como o Porto tratou Féher, como também não gostei do modo como o Porto tratou com Drulovic. Por vezes o meu clube trata muito mal os seus futebolistas. Não sei como ficou o caso da indemnização que o Porto pediu ao Benfica por causa da transferência de Féher, mas só lhe ficava bem ter acabado com o assunto.

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Links

Blogs

  •  
  • Notícias

  •  
  • Política e Economia

  •  
  • Religião

    Arquivo

    1. 2020
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    14. 2019
    15. J
    16. F
    17. M
    18. A
    19. M
    20. J
    21. J
    22. A
    23. S
    24. O
    25. N
    26. D
    27. 2018
    28. J
    29. F
    30. M
    31. A
    32. M
    33. J
    34. J
    35. A
    36. S
    37. O
    38. N
    39. D
    40. 2017
    41. J
    42. F
    43. M
    44. A
    45. M
    46. J
    47. J
    48. A
    49. S
    50. O
    51. N
    52. D
    53. 2016
    54. J
    55. F
    56. M
    57. A
    58. M
    59. J
    60. J
    61. A
    62. S
    63. O
    64. N
    65. D
    66. 2015
    67. J
    68. F
    69. M
    70. A
    71. M
    72. J
    73. J
    74. A
    75. S
    76. O
    77. N
    78. D
    79. 2014
    80. J
    81. F
    82. M
    83. A
    84. M
    85. J
    86. J
    87. A
    88. S
    89. O
    90. N
    91. D
    92. 2013
    93. J
    94. F
    95. M
    96. A
    97. M
    98. J
    99. J
    100. A
    101. S
    102. O
    103. N
    104. D
    105. 2012
    106. J
    107. F
    108. M
    109. A
    110. M
    111. J
    112. J
    113. A
    114. S
    115. O
    116. N
    117. D
    118. 2011
    119. J
    120. F
    121. M
    122. A
    123. M
    124. J
    125. J
    126. A
    127. S
    128. O
    129. N
    130. D
    131. 2010
    132. J
    133. F
    134. M
    135. A
    136. M
    137. J
    138. J
    139. A
    140. S
    141. O
    142. N
    143. D
    144. 2009
    145. J
    146. F
    147. M
    148. A
    149. M
    150. J
    151. J
    152. A
    153. S
    154. O
    155. N
    156. D
    157. 2008
    158. J
    159. F
    160. M
    161. A
    162. M
    163. J
    164. J
    165. A
    166. S
    167. O
    168. N
    169. D
    170. 2007
    171. J
    172. F
    173. M
    174. A
    175. M
    176. J
    177. J
    178. A
    179. S
    180. O
    181. N
    182. D
    183. 2006
    184. J
    185. F
    186. M
    187. A
    188. M
    189. J
    190. J
    191. A
    192. S
    193. O
    194. N
    195. D
    196. 2005
    197. J
    198. F
    199. M
    200. A
    201. M
    202. J
    203. J
    204. A
    205. S
    206. O
    207. N
    208. D
    209. 2004
    210. J
    211. F
    212. M
    213. A
    214. M
    215. J
    216. J
    217. A
    218. S
    219. O
    220. N
    221. D
    222. 2003
    223. J
    224. F
    225. M
    226. A
    227. M
    228. J
    229. J
    230. A
    231. S
    232. O
    233. N
    234. D