Faz hoje exactamente 69 anos que morreu Fernando Pessoa que, segundo Octavio Paz, premio Nobel da literatura e seu tradutor mexicano, era o maior poeta do século XX.
Nascido a 13 de Junho de 1888 em Lisboa, Pessoa faleceu a 30 de Nobembro de 1935, também em Lisboa, aos 47 anos, quando estava em plena maturidade poética.
Como já disse, não sou um especialista em Pessoa noutro artigo, mas tenho uma grande admiração pela sua obra, sobretudo pela Mensagem, que tem alguns dos melhores poemas que jamais li, mas também pelos seus heterónimos Alberto Caeiro e Ricardo Reis que têm poesias absolutamente admiráveis (p. ex. a série «O Guardador de Rebanhos» de Caeiro).
Não tenho muito tempo para continuar a falar de Pessoa, pelo que deixo aqui um dos poemas de que mais gosto:
QUINTA D. SEBASTIÃO REI DE PORTUGAL
Louco, sim, louco, porque quis grandeza Qual a Sorte a não dá. Não coube em mim minha certeza; Por isso onde o areal está Ficou meu ser que houve, não o que há.
Minha loucura, outros que me a tomem Com o que nela ia. Sem a loucura que é o homem Mais que a besta sadia, Cadáver adiado que procria?
NoJornal de Notícias de hoje, Edgar Correia, falando sobre o 17º Congresso do PCP, termina assim o seu artigo (destaque meu):
O grupo que se constituiu para impedir o "Novo Impulso" e tomar de assalto a direcção consuma assim no "congresso" de Almada a ruptura definitiva no PCP. Mas com isso clarifica a situação no campo comunista os caminhos do estalinismo e do comunismo democrático separam-se aqui.
Perdoem-me a pergunta: comunismo democrático? que raio de coisa é essa? Não há aqui uma verdadeira contradição nos seus próprios termos?
Seria bom que Edgar Correia nos explicasse o que é isso de comunismo democrático. Parece-me uma tarefa ingente, mas pode ser que ele se desenvencilhe.
Num texto intitulado "O provincianismo português", datado de 1928, Fernando Pessoa tenta definir o provincianismo português (mesmo daqueles que se julgavam cosmopolitas) da seguinte forma:
O provincianismo consiste em pertencer a uma civilização sem tomar parte no desenvolvimento superior dela - em segui-la pois mimeticamente, com uma subordinação inconsciente e feliz. A síndroma provinciana compreende, pelo menos, três sintomas flagrantes: o entusiasmo e admiração pelos grandes meios e pelas grandes cidades; o entusiasmo e admiração pelo progresso e pela modernidade; e, na esfera mental superior, a incpacidade da ironia.
Depois, vai caracterizando cada um destes três aspectos e quando chega ao segundo escreve (destaques meus):
O amor ao progresso é a outra forma do mesmo característico provinciano. Os civilizados criam o progresso, criam a moda, criam a modernidade; por isso lhes não atribuem importância de maior. Ninguém atribui importância ao que produz. Quem não produz é que admira a produção. Diga-se incindentalmente: é esta uma das explicações do socialismo. Se alguma tendência têm os criadores de civilização, é a de não repararem bem na importância do que criam. O Infante D. Henrique com ser o mais sistemático de todos os criadores de civilização, não viu contudo que prodígio estava criando - toda a civilização transoceânica moderna, embora com consequências abomináveis, como a existência dos Estados Unidos.
Não conheço suficientemente todos os textos em prosa publicados por Pessoa, nem sequer a sua vida e obra (afinal de contas não sou um especialista em Pessoa), para pode explicar este tipo de afirmação. Mas, provavelmente, embora por razões diferentes, haja uma cultura europeia que tem a tendência de menorizar, culturalmente, os Estados Unidos.
Georges Duhamel (1884-1966), em "Scènes de la vie future", em 1930, escreveu o seguinte sobre o cinema:
C'est un divertissement d'ilotes, un passe-temps d'illettrés de créatures misérables, ahuries par leur besogne et leurs soucis. C’est, savamment empoisonnée, la nourriture d'une multitude que les Puissances de Moloch ont jugée, condamnée et qu'elles achèvent d'avilir.
Un spectacle qui ne demande aucun effort, qui ne suppose aucune suite dans les idées, nesoulève aucunequestion, n'aborde sérieusement aucun problème, n'allume aucune passion, n'éveille au fond des cœurs aucunelumière, n'excite aucune espérance, sinon celle, ridicule, d'être un jour " star " à Los Angeles.
(...)
J'affirme qu'un peuple soumis pendant un demi-siècle au régime actuel des cinémas américains s'achemine vers la pire décadence. J'affirme qu'un peuple hébété par des plaisirs fugitifs, épidermiques, obtenus sans le moindre effort intellectuel, j'affirme qu'un tel peuple se trouvera, quelque jour, incapable de mener à bien une œuvre de longue haleine et de s'élever, si peu que ce soit, par l'énergie de la pensée. J'entends bien que l'on m'objectera les grandes entreprises de l'Amérique, les gros bateaux, les grands buildings. Non !Un building s'élève de deux ou trois étages par semaine. Il a fallu vingt ans à Wagner pour construire la Tétralogie, une vie à Littré pour édifier son dictionnaire.
O anti-americanismo não é coisa de agora, nem sequer nasceu com a guerra do Vietname. É coisa que provavelmente antecede a própria criação dos Estados Unidos da América. A leitura do livro de Philippe Roger (2002), L'ennemi américain. Généalogie de l'antiaméricanisme français, Paris, Editions du Seuil, pode ser bastante elucidativo para uma perspectiva histórica deste fenómeno.
Agora, quanto ao possível anti-americanismo de Fernando Pessoa, bem, vou ter que me informar mais.
Estive pela primeira vez na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Como é possível (para o meu gosto) que se tenha construído coisa tão feia, mesmo ao lado do magnífico edifício da Faculdade de Arquitectura, de Siza Vieira?
Não vou desdizer o JVC, a FLUP não é a coisa mais bonita do mundo. Mas, pelo menos, a sua biblioteca, não sendo das mais equipadas do mundo (por exemplo, não tem tomadas para computadores portáteis em todas as mesas, ao contrário da biblioteca da FEUP) tem uma extraordinária vista sobre o rio Douro do lado sul. Vou para lá ler frequentemente.
Mesmo no seu interior a FLUP sofre, também, do facto de ter demorado tanto tempo a ser concretizada que, quando foi inaugurada já estava um pouco curta para o número de alunos. O interior sofre ainda da sua concepção um pouco antiga (apesar de ter sido inaugurada há menos de 10 anos). Comparada com a Faculdade de Engenharia (FEUP), essa diferença nota-se em múltiplos pormenores.
Mas, acreditem, que o maior problema da FLUP não é o das instalações.
Andam para aí uma vozes a pedirem a reforma da ONU para que esta tenha mais capacidade de intervenção no mundo e evitar aventuras "unilaterais" (isto é, segundo eles, dos Estados Unidos).
É óbvio que eu não alinho nesta da ONU como uma espécie de governo mundial, Deus nos livre disso!, pois já na pouca coisas que pode fazer, falhou sempre estrondosamente (ver o caso do Ruanda). Os anos de Kofi Annan à sua frente foi totalmente desastrosa, onde a ONU se meteu houve sempre barraca (podem-me falar de Timor Leste, mas aí se não houvesse a Austrália e Portugal o processo teria falhado como todos os outros).
A ONU é uma torre de Babel, que ainda por cima nem sequer sabe para que lado há-de crescer.
Depois acontecem coisas como o "escândalo petróleo por alimentos" que, curiosamente, tão pouca repercussão tem tido nos nossos media. Agora vem uma notícia que diz que o filho de Annan recebeu dinheiro vindo deste programa...
Ontem, relembrei aqui o 25 de Novembro de 1975, hoje, ao ouvir a mensagem de Álvaro Cunhal ao congresso do PCP, parecia-me ter recuado ainda para trás desta data.
Realmente, há pessoas que nunca mudam, Cunhal nunca mudará. E isso, neste caso, não é qualidade nenhuma...
se é certo que o 25 de Abril de 1974 derrubou uma ditadura, não menos certo é que o 25 de Novembro de 1975 nos livrou da instalação de uma ditadura ainda pior.
O mês de Novembro de 1975 foi todo ele muito quente. Como experiência pessoal lembro-me de quando da independência de Angola (11 de Novembro) se produziram incidentes no liceu que eu frequentava, obrigando inclusive ao encerramento das aulas durante uns dias (que para mim tinha começado a 4 de Novembro, foi na altura do primeiro 7º ano Unificado de sempre).
Mas a 12 de Novembro a Assembleia da República foi cercada pelos trabalhadores da construção civil. A situação foi tão complicada nesse mês que a 19 de Novembro o VI Governo Provisório (presidido pelo Almirante Pinheiro de Azevedo) suspendeu funções governativas. A tensão cresceu até que a 25 de Novembro há uma tentativa de golpe de estado protagonizada pela esquerda/extrema-esquerda.
Portugal esteve então à beira de uma guerra civil embora o golpe tivesse sido impedido, embora com a perda de 3 vidas, 2 comandos e um polícia militar.
O 25 de Novembro não é uma data de somenos (embora alguns gostem de a esquecer). Foi esta data que nos permitiu manter na rota da Europa evitando os amanhãs que cantam (que na alturam estavam em plena pujança).
Muita tinta fez correr, e ainda vai fazendo, o caso Buttiglione (esta da tinta é metafora, pois agora é tudo informatizado), estou-me a lembrar das acesas discussões, por exemplo, no Blasfémias.
Depois disso, também CAA tem aproveitado para ir mandando picadas aos católicos ditos "profissionais". Também está na moda, entre a esquerda e os bem-pensantes, dizer mal da direita cristã evangélica (que eu suponho não saberem do que se trata, tão ignorantes e cheios de preconceitos quanto ao Cristianismo são estes bem-pensantes).
Mas o que eles não dizem, e que em parte pode explicar o voto de cristão nos Estados Unidos, é que os liberais (no sentido norte-americano do termo) são tão ou mais fundamentalistas no seu afã de afastar Deus da vida dos americanos. Estas iluminadas criaturas (de que por cá também temos desta espécie) não querem sequer ouvir falar de Deus e então, se for no sector da Escola Pública americana (as ciências da educação não criam aves rarae apenas em Portugal, nos EUA não é melhor). O politicamente correcto destas criaturas quer impedir a referência a Deus (isto é do Deus cristão, que Alá pode entrar), com base na sacrossanta ideia de separação entre a Igreja e o Estado que, nos EUA, não está inscrita sequer na Constituição.
LOS ANGELES (Reuters) - A California teacher has been barred by his school from giving students documents from American history that refer to God -- including the Declaration of Independence.
Steven Williams, a fifth-grade teacher at Stevens Creek School in the San Francisco Bay area suburb of Cupertino, sued for discrimination on Monday, claiming he had been singled out for censorship by principal Patricia Vidmar because he is a Christian.
"It's a fact of American history that our founders were religious men, and to hide this fact from young fifth-graders in the name of political correctness is outrageous and shameful," said Williams' attorney, Terry Thompson.
"Williams wants to teach his students the true history of our country," he said. "There is nothing in the Establishment Clause (of the U.S. Constitution) that prohibits a teacher from showing students the Declaration of Independence."
Isto é, os responsáveis pela escola, sob pretexto da separação Igreja/Estado, querem impedir o verdadeiro conhecimento por partes dos alunos. Querem esconder a religiosidade dos seus antepassados. E ninguém pode ser ofendido por isso, porque se trata de História. Aqui está um tique que os ateístas partilham com os marxistas (e com os defensores do politicamente correcto): a vontade de reescrever a História e, neste caso, apagar Deus dela.
Se pensam que isto é um caso isolado, podem ler no excelente Tongue Tied város casos recentes deste mesmo tipo, por exemplo, este ou este ou ainda este.
Todo este radicalismo anticristão dos "liberais" (americanos) foi sem dúvida uma das razões que lhes fez perder as eleições. Mas, eles, encerrados na sua Torre de Marfim, não olham para a realidade.
Em conclusão, é por isso que quando eu ouço ateístas a dizer que apenas querem a separação real da Igreja e do Estado, não posso acreditar neles. O que os move é um verdadeiro ódio ao Cristianismo, pois acham-se criaturas iluminadas, crentes na "Razão" (e quantos crimes foram cometidos em nome dela nos últimos dois séculos?) que querem libertar os outros do obscurantismo religioso. Enfim, menorizam os outros não acreditando que eles possam estar a pensar pela sua própria cabeça.
Este sim, é um prémio digno do grande democrata Chávez! vejam só a companhia dele em Tripoli; estavam lá, por exemplo, Daniel Ortega e Ben Bella (este para muita gente já nada diz...).
A lista dos anteriores laureados também é notável: Nelson Mandela, Fidel Castro, Ben Bella, as crianças palestinianas da Intifada, os índios da América, etc...
Todo um manual de um terceiro-mundista profissional. Deve ser bom ser reconhecido pelos seus.
Post-scriptum: Já que o Chirac anda por lá, não lhe querem distribuir também um premiozito? Afinal ele até tinha uns ditadores amigalhaços.