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Super Flumina

Liberae sunt enim nostrae cogitationes - Cícero (Mil. 29 - 79) . Um blog de Rui Oliveira superflumina@sapo.pt

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Liberae sunt enim nostrae cogitationes - Cícero (Mil. 29 - 79) . Um blog de Rui Oliveira superflumina@sapo.pt

Carlos Martel

Há 1272 anos, a 25 de Outubro de 732 d.C., Carlos Martel, maire du palais da decadente corte merovíngia, juntamente com o duque Eudes, que governava a Aquitânia, então um país independente do reino franco, derrotou as tropas muçulmanas de Abd el-Rahmann, governador de Espanha, entre Poitiers e Tours.

Abd el-Rahmann foi morto na batalha e, no dia seguinte, as suas tropas retiraram. Esta batalha foi o ponto final da expansão do Islão para norte. A partir daí, Carlos Martel desceu para o Midi e começou a desalojar os vários chefes muçulmanos que aí se tinham instalado alguns anos antes.

Esta vitória foi importante porque de facto marcou o fim da tentativa de expansão. Os muçulmanos já tinham sido derrotados em Toulouse em 9 de Junho de 721 d.C. pelo já referido duque Eudes e que solidificou a independência da Aquitânia em relação ao Reino dos Francos. Mas Eudes não se ficou por aí e fez uma aliança com Munuza, governador berbere da Septimânia que, em bora muçulmano estava em revolta contra a Espanha muçulmana. Eudes deu a sua filha em casamento a Munuza (naquele tempo os preconceitos religiosos ficavam atrás das considerações políticas), mas no seguimento da guerra Munuza foi morto em batalha com Abd el-Rahmann. este decidiu fazer uma expedeção punitiva contra a Aquitânia. Eudes teve que chamar Carlos Martel a contragosto, pois saberia que havia o perigo dos Francos estenderem os seus domínios para sul. Mas perante a ameaça, assim o fez e deste modo, a invasão muçulmana pode ser definitivamente parada. É claro que a Aquitânia, bem como a Provença, acabam por cair sob domínio franco devido às suas campanhas de 737 e 739.

Carlos Martel (c. 668 - 741), sucedeu a seu pai, Pepino de Herstal, em 714, como maire du palais, que nestes últimos anos dos reinos dos Merovíngios era quem exercia efectivamente o poder. A 14 de Outubro de 714, em Néry, Carlos Martel à frente dos francos austrasianos, venceu os francos neustrianos, e a Austrásia e a Nêustria reuniram-se num único reino franco.

O poder da família cresceu de tal modo, que em 751, o seu filho Pepino, o Breve, que lhe sucedeu em 741, derrubou o último rei merovíngio, Childerico III, fazendo-se proclamar rei. O sucessor de Pepino foi Carlos Magno que levou o império carolíngio à sua máxima expansão. O nome de carolíngio dada a esta família deve-se ao facto dos seus mais ilustres representates serem ambos Carlos (Karolus em dialecto germânico), Carlos Martel e Carlos Magno

Legendagem

Tenho normalmente um grande apreço por aqueles que fazem tradução/legendagem de programas de televisão porque conheço as condições difíceis com que muitas vezes trabalham. Conheço pelo menos duas pessoas que fazem tradução para as televisões nacionais, conheço as suas competências e sei do que são capazes. Por isso, não sou demasiado crítico em relação a alguns erros que acontecem na legendagem de programas.

Acresce ainda que sendo eu tradutor, e tendo paixão pela minha profissão, jamais gostaria de ser intérprete ou responsável por tradução/legendagem de programas. E porquê? Se há competências básicas similares, os processos são por vezes muito diferentes, requerendo também outros processos de trabalho de que eu não gosto muito. Gosto de trabalhar com textos escritos (sim, não se espantem por eu escrever "textos escritos" porque a definição de texto é algo complexa ao longo da curta história da linguística) e apenas com estes.

Mas se sou tolerante com erros de decorrem das condições em que a tradução e legendagem é realizada, não deixando tempo para reflectir sobre algumas das decisões de tradução tomadas (e de que os clientes se estão perfeitamente nas tintas porque desconhecem o que é traduzir), já não o sou tanto com erros que relevam de uma cultura geral ou formação incompletas para além do admissivel

Para ilustrar o que digo, dois exemplos:
1 - Canal Odisseia, programa Maravilhas do Mundo, sobre a cidade de Córdoba. A certa altura o locutor diz, falando a propósito da queda de Granada, "Castilla" e "Isabel e Ferdinand". Que eu saiba em português seria "Castela" e "Isabel e Fernando". A língua de origem do documentário era alemã, assim se explica o nome do rei. Isto é falta de cultura geral.

2 - Canal História, programa Reescrevendo a História sobre a morte de Marilyn Monroe. A certa altura o locutor diz "teoristas da conspiração" em vez de "teóricos da conspiração" ou, melhor, mais natural em português, "adeptos das teorias da conspiração". Aqui, no mínimo houve falta de atenção...

Exemplos como estes são às dezenas e por vezes, pelo menos para mim, arruinam aquilo (não é propriamente o caso destes, mas houve alguns no passado verdadeiramente desastrosos) que estou a ver. Um poucochinho de mais atenção, dentro do possível, não seria pior.

Eleições no Kosovo

Hoje há eleições no Kosovo. Passados 5 anos sobre a vergonhosa intervenção da Nato sobre um parte integrante da República Sérvia, em nome de uma limpeza étnica inexistente (não que os sérvios fossem simpáticos com os kosovares albaneses, mas aquilo que se disse antes da guerra era uma propalada mentira), a limpeza étnica esta feita. Neste momento só 80000 sérvios vivem no Kosovo, centenas de igrejas e mosteiros cristãos, que nem os turcos otomanos incendiaram, tendo dezenas de milhar fugido de lá.

A política unilateral americana do mui amado Clinton criou um problema maior do qua havia antes. Nessa altura, ninguém na Europa se preocupou com a legalidade internacional, nem com a opinião da ONU. O caso é que passado 5 anos, vamos ter uma palhaçada de eleições, sabe-se lá para quê, porque a comunidade internacional não sabe o que fazer com aquilo: o protectorado vai-se manter? por quando tempo mais? Dar independência? E amputar um estado soberano?

Miser Kosovo!

Leitura indispensável

Como habitualmente às sextas, não posso deixar de recomendar a leitura de Le Bloc-Notes de Ivan Rioufol no Le Figaro. Destaco dois assuntos: o movimento antiglobalização e a tentanção penal para condenar o anti-semitismo.

L'épuisement altermondialiste

La droite cessera-elle un jour d'avoir peur de son ombre ? L'année dernière, elle multipliait les clins d'oeil aux altermondialistes, qui tenaient leur forum social européen à Saint-Denis. «Devenir altermondialiste, pourquoi pas ?», lançait Alain Juppé, heureux de cet autoportrait si peu bourgeois, tandis que Jean-Pierre Raffarin, bonhomme, saluait les militants «avec bonne humeur» et que François Bayrou, inspiré, y voyait «un mouvement important qui est en train de naître». Un an après, qu'a-t-on vu de son rassemblement, qui s'est clos le week-end dernier à Londres ? Un mouvement déjà à bout de souffle, ratiocinant sur son anti-impérialisme, son antilibéralisme, son antisionisme et n'arrivant pas à faire taire la déception dans ses rangs.

Voilà où mènent les contestations artificiellement gonflées par les médias et étourdiment applaudies par les politiques, fascinés par ce qui se réclame de la nouveauté et de la transgression. En l'occurrence, il est permis de retenir de cet épisode que la droite complexée aura eu des mots plus sévères pour stigmatiser la brutalité du libéralisme du Medef que pour mettre en garde contre le collectivisme des antimondialistes, désireux «d'éradiquer l'idéologie libérale» et de renverser le capitalisme en faisant alliance avec l'islamisme révolutionnaire et tiers-mondiste.


De facto, como aqui já várias vezes referi, o movimento antiglobalização não é alternativa à globalização porque veicula soluções totalitárias, para além deste movimento estar a aliar-se a movimentos islamitas no seu ódio à democracia representativa ocidental.

Antisémitisme : la tentation pénale

Le rapport rendu, mardi, par Jean-Christophe Rufin (prix Goncourt 2001) sur le racisme et l'antisémitisme : l'écrivain dénonce avec raison l'«antisionisme radical», qui dénie en fait à l'Etat d'Israël le droit d'exister. Rufin y voit un antisémitisme non avoué. Paradoxalement porté par les discours antiracistes des belles âmes, bovistes, gauchistes et autres altermondialistes, cet antisionisme sytématique ne veut voir de coupables que chez le juif «colonisateur» et «raciste». Il ferme les yeux sur l'idéologie antijuive et guerrière de l'islamiste, élevé au rang d'irréprochable victime. L'extrême droite antisémite est proche de cet antisionisme-là, qui n'a rien à voir avec la critique, admissible et souhaitable, de la politique de Sharon.

Mais faut-il pour autant sanctionner pénalement, comme le propose Rufin, ceux qui accusent Israël de nazisme, d'apartheid ou d'être un «Etat raciste», cette dernière expression ayant valu à Alain Ménargues, responsable de Radio France internationale, de démissionner cette semaine ? Il y a là un mauvais réflexe qui, sous couvert des meilleures intentions, remet en cause la liberté d'expression, qui ne trouve pas toujours ses avocats pour la défendre. Cette pénalisation introduirait de surcroît une sorte de délit sacrilège qui risquerait d'être contre-productif, en attisant les ressentiments. D'autant qu'il existe aussi, dans les cités, un racisme occulté contre la France elle-même.


Já por muitas vezes escrevi neste blog contra a mania em países nórdicos e no Canadá de penalizarem aquilo que é considerado "hate speech". Normalmente os lóbis LGBT, feministas, islamitas são muito activos a procurarem calar as vozes não concordantes com o politicamente correcto com a ameaça de processos judiciais.
Mas se discordo desta mania de chamar a todos "homófobos" (Buttiglione tem agora as suas palavras sempre adjectivadas com "homofóbico" - uma verdadeira estupidez, ele limitou-se a exprimir a sua opinião) ou "islamófobos" (palavra criada por Tariq Ramadan para contrariar "anti-semitismo") ou das tentativas de processos como em França se tentou contra Louis Chagnon, também acho que se deve evitar a tentação de combater o anti-semitismo apenas pela via penal. Para além de estarmos a impedir a liberdade de expressão, esse combate judiciário não será eficaz. A maior eficácia será a de não deixarmos passar todos os actos anti-semitas e denunciá-los sem meias palavras.

Já diziam os latinos

"primum uiuere, deinde philosophari"

É de facto um preceito sensato. Assegurar os seus meios de subsistência em primeiro lugar (viver primeiro) e, só depois, então, filosofar. É um pouco o que me vai acontecer nos próximos tempos. A tradução de um livro com cerca de 500 páginas vai-me manter ocupado durante uns tempos. Não tanto como aquilo que seria necessário (as traduções técnicas são sempre para ontem).

Como perceberam trata-se de um livro técnico, não de um de literatura. Perguntam-me, por vezes, porque não traduzo literatura. Bem, há pelo menos duas razões: 1) ninguém mo pediu; 2) a tradução técnica paga melhor.

Quando às vezes digo isto, as pessoas ficam um pouco espantadas, pois obviamente não sabem muito bem como estas coisas funcionam. Para muita gente, tradutor sério e respeitado é aqueles que traduz literatura. Os outros, os tradutores técnicos (chamemos-lhe assim), não lhes merecem o mesmo respeito, pois afinal traduzir manuais ou outras coisas não é propriamente tradução a sério. É claro que quem assim pensa, não sabe que para traduzir não basta saber línguas... antes bastasse.

Estienne Dolet (1509?-1546), tradutor francês, que morreu na fogueira por causa de uma tradução que fez de Platão em que um "rien" pareceu dar ideia às autoridades eclesiásticas de que Dolet estaria a dizer que a alma não era imortal, disse em 1540, no seu La manière de bien traduire d'une langue en autre:

"Il faut que le traducteur entende parfaictement le sens et la matière de l'autheur qu'il traduit" (p. 13) Este era o primeiro preceito.

O segundo preceito "que le traducteur ait parfaicte congnaissance de la langue de l'autheur qu'il traduict; et soit pareillement excellent en la langue en laquelle il se mect à traduire" (p. 14/15).

Dolet dá ainda outros três preceitos para a realização de uma boa tradução São preceitos muito gerais e sucintos, mas que demonstram uma tomada de consciência sobre os problemas da tradução.

Mas é certo que praticamente toda a teorização sobre tradução feiita até meados do séc. XX dedicava-se quase exclusivamente à tradução literária. Friedrich Schleiemacher (1768-1834), no seu muitíssimo famoso texto Über die verschiedenen Methoden des Übersezens (Dos diferentes métodos de traduzir) de 1813, distingue dois tipos de tradução: a interpretação e a tradução. Aquilo a que ele chama interpretação seria a actual tradução técnica e geral. Com o nome de tradução "a sério" são mereciam as traduções de obras literárias e académicas. Da chamada "interpretação" (não confundir com o sentido moderno do termo), Scheleiemacher diz (uso a tradução de Douglas Robison in Western Translation Theory, p. 227):

Translating in this field is thus a merely mechanical task that can be performed by anyone with a modest proficiency in both languages, and where, so long as obvious errors are avoided, there is little difference between better and worse renditions." No mínimo podemos dizer que ele não tinha esta tradução em grande conta.

Quanto a tradução "propriamente dita" (ainda segundo Schleiemacher, p. 227):

The situation is totally different in art and scholarship, and generally wherever thought, one with the word, reigns more securely than the thing of which the word is but an arbitrary and yet well-established sign. For how infinitely and intricate the business becomes here! What accurate knowledge, what command of both languages it hten requires!" Que diferença de tom. E a partir daqui, e só para as traduções literárias e académicas, é que Scheleimacher desenvolve a sua teoria sobre os diferentes métodos de tradução.

Mas quem pensar que esta dicotomia entre tradutores literários e não-literários é coisa do passado (em termos de público em geral) está muito enganado. Em 2003, num seminário de tradução da União Latina no Porto, Yves Gambier, presidente da European Society for Translation Studies (EST), começou a sua comunicação assim "Les traducteurs littéraires et non-littéraires exercent-ils une même profession? Peuvent-ils recevoir en commun une formation appropriée?". Mais adiante, propondo-se a ultrapassar esta dicotomia:

"Cette opposition [literária/não-literária] reflète une perception de la traduction trop souvent encore considérée en dehors de son environnement socio-économique, y compris dans nombre d'entreprises où la traduction est mêlée à la communication, à la publicité, au marketing, à l'iexport-import, aux services de langues. Il n'y a pas de base sérieuse pour reproduire à l'infini cette distinction: d'une part, la traduction littéraire est souvent qualifiée ainsi uniquement à partir du texte de départ; d'autre part, la traduction non-littéraire donne lieu à des débats souvent séparés sinon marginalisés en traductologie (théorie) et lors de conférences, quand bien même l'immense volume du travail quotidien les concerne."

Depois de dar vários exemplos em que demonstra que o processo de tradução literária não é assim tão diferente dos processos da não-literária, Gambier afirma:

"Ils [os tradutores] doivent negocier avec leur donneur d'ouvrage, trouver un accord sur la prestation à fournir, recevoir et vérifier le texte à traduire, l'analyser et faire les recherches documentaires et terminologiques appropriées, transférer (en réflechissant sur les stratégies idoines et les degrés d'acceptabilité de leurs décisions et propositions), relire et réviser, adpater et corriger (l...), mettre en forme et livre."

Por isso, na conclusão, Gambier afirma ainda:

"Le traducteur (littéraire et non-littéraire) a à se faire admettre sa spéficié, parmi les "écrivants" (auteurs, rédacteurs, producteurs de sites, créateurs de documentations, écrivains). Et pour ce faire, il doit toujours préciser et maitriser ses compétences, ses rôles.

La dichotomie littéraire/non-littéraire appartient au passé, à une époque où certains pouvaient se payer le luxe d'être amateurs éclairés (plus ou moins riches ou désargentés) et d'autres se faisaient tâcherons pour survivre. Dans les deux cas, le traducteur était servile et les communications multilingues étaient réduites dans un monde qui ne connaisait pas encore la mondialisation accélérée, concurrentielle et uniformisante."

Estou perfeitamente de acordo com Gambier, não importa a natureza do texto, há uma certo número de procedimentos comuns que o tradutor tem que fazer sob pena de não fazer um serviço de qualidade.

A tradução é uima profissão apaixonante, pelo menos para mim, mas, frequentemente muito desgasttante, mesmo fisicamente. Qual é o tradutor que não fez noitadas para entregar as suas traduções a tempo?

Por isso, quando alguém não compreende como é que eu posso, tendo eu uma formação de Letras, estar empenhadíssimo numa tradução de engrenagens ou de tribologia, não percebem, nitidamente, o desafio que estes temas nos colocam (a minha formação anterior a ter mudado para Letras, que me levou primeiro para Engenharia é claro que me ajuda, pois ainda tenho muitas noções de matemática, física, geometria descritiva, mecânica, etc.).

Não percebem também que, tendo um método de trabalho estabelecido e uma boa capacidade de saber onde localizar a informação necessária, pode-se fazer traduções muito variadas. E que por isso, não importa o tipo de tradução, e ao contrário do que afirmou Schleiemacher, qualquer tradução tem que ter, independentemente do tema e da forma, qualidade.

Bom, parece-me que o pequeno texto que eu ia fazer para justificar o facto de nos próximos tempos poder não haver um tão grande número de actualizações do blog (embora vá tentar manter um ritmo diário), descambou para um texto sobre tradução. Mas essa é a minha paixão, para além de ser a minha profissão.

Post scriptum: tenho, é verdade, algumas traduções literárias feitas, sobretudo poemas, mas não tenciono publicá-las. É apenas o gozo que dá que me leva a fazê-las. Isto é, no meus tempos livres, faço tradução na mesma!

Estou espantado...

Segundo esta notícia, a polícia impediu os estudantes de invadirem a reunião do Senado da Universidade de Coimbra.

Será que a lei vai entrar nas universidades? Já era um começo (a seguir podiam tratar do assunto da praxe).

Da utilidade da praxe universitária

Este blog, nos últimos dois dias, tem andado um pouco abandonado porque tenho que uma tradução grande para fazer com uma complexidade técnica bastante elevada. E como para traduzir não basta saber línguas (quem pensar isso nunca será um grande tradutor), necessitei de procurar informação técnica pormenoriza junto de quem sabe e também onde se encontra literatura técnica adequada. Por isso, nestes últimos dois dias tenho passado o tempo na Faculdade de Engenharia do Porto (FEUP).

E por ter passado por lá tantas horas, pude observar alguns hábitos praxísticos lá daquela gente. Desde já digo que, enquanto estudante, fui sempre contra a praxe, não praxei nem fui praxado, não trajei à estudante (para ter uma farda bastou-me andar 16 meses no Exército), nunca participei na Semana da Queima, etc., etc., etc... e não me arrependo nada por isso. E nem por isso fui anti-social, pois criei amizades que ainda perduram actualmente.

Vem isto a propósito de que quando estava eu na biblioteca da FEUP, por baixo da entrada da biblioteca, numa zona coberta (foram dias de chuva), realizava-se por lá uma praxe que durou uma eternidade . Na segunda-fera estive na biblioteca das 9h às 17h (com intervalo para almoço, está claro) e durante todo esse tempo lá se ouvia os desgraçados cânticos, os gritos, os hi-hon com que os caloiros respondiam aos "doutores". E eu fiquei a pensar: bem, estes tipos (os caloiros) não vão às aulas? Porque é que eles aturam estes gajos que denominam a si mesmos "doutores", mas que são, alguns deles, do mais burro que anda na faculdade, pois têm já um número enorme de matrículas? Qual o sentido em andarem com os caloiros de um lado para o outro de mãs dadas?

A mim faz-me realmente pena ver jovens entregarem-se como cordeiros para serem imolados a estas praxes ridículas e, frequentemente, degradantes, aceitando o caso como se fosse uma fatalidade. É claro que não é fatalidade alguma. É claro que não têm que aceitar a praxe. Precisam é de ter vontade pois, penso também que há pessoas que pensam que se não forem praxadas não entraram a sério na Univeridade.

E isto é algo que me deixa triste pois essas pessoas aceitam que outros, nem que sejam por breves momentos, ajam autoritariamente sobre eles só porque chegaram primeiro à universidade. Sempre pensei que a praxe é o momento onde há muita gente, entre aqueles que praxam, que aproveita para poder fazer dislates e se rir à custa dos outros, pondo cá fora o ditadorzeco que tèm dentro deles.


Sinceramente não compreendo a utilidade da praxe, pois se queriam fazer integração dos alunos havia muitas outras maneiras de o fazer. Assim, tal como exite, não passa de um espectáculo degradante, tanto para que o faz, como para quem o sofre.

Abaixo a praxe!

Da utilidade da praxe universitária

Este blog, nos últimos dois dias, tem andado um pouco abandonado porque tenho que uma tradução grande para fazer com uma complexidade técnica bastante elevada. E como para traduzir não basta saber línguas (quem pensar isso nunca será um grande tradutor), necessitei de procurar informação técnica pormenoriza junto de quem sabe e também onde se encontra literatura técnica adequada. Por isso, nestes últimos dois dias tenho passado o tempo na Faculdade de Engenharia do Porto (FEUP).

E por ter passado por lá tantas horas, pude observar alguns hábitos praxísticos lá daquela gente. Desde já digo que, enquanto estudante, fui sempre contra a praxe, não praxei nem fui praxado, não trajei à estudante (para ter uma farda bastou-me andar 16 meses no Exército), nunca participei na Semana da Queima, etc., etc., etc... e não me arrependo nada por isso. E nem por isso fui anti-social, pois criei amizades que ainda perduram actualmente.

Vem isto a propósito de que quando estava eu na biblioteca da FEUP, por baixo da entrada da biblioteca, numa zona coberta (foram dias de chuva), realizava-se por lá uma praxe que durou uma eternidade . Na segunda-fera estive na biblioteca das 9h às 17h (com intervalo para almoço, está claro) e durante todo esse tempo lá se ouvia os desgraçados cânticos, os gritos, os hi-hon com que os caloiros respondiam aos "doutores". E eu fiquei a pensar: bem, estes tipos (os caloiros) não vão às aulas? Porque é que eles aturam estes gajos que denominam a si mesmos "doutores", mas que são, alguns deles, do mais burro que anda na faculdade, pois têm já um número enorme de matrículas? Qual o sentido em andarem com os caloiros de um lado para o outro de mãs dadas?

A mim faz-me realmente pena ver jovens entregarem-se como cordeiros para serem imolados a estas praxes ridículas e, frequentemente, degradantes, aceitando o caso como se fosse uma fatalidade. É claro que não é fatalidade alguma. É claro que não têm que aceitar a praxe. Precisam é de ter vontade pois, penso também que há pessoas que pensam que se não forem praxadas não entraram a sério na Univeridade.

E isto é algo que me deixa triste pois essas pessoas aceitam que outros, nem que sejam por breves momentos, ajam autoritariamente sobre eles só porque chegaram primeiro à universidade. Sempre pensei que a praxe é o momento onde há muita gente, entre aqueles que praxam, que aproveita para poder fazer dislates e se rir à custa dos outros, pondo cá fora o ditadorzeco que tèm dentro deles.


Sinceramente não compreendo a utilidade da praxe, pois se queriam fazer integração dos alunos havia muitas outras maneiras de o fazer. Assim, tal como exite, não passa de um espectáculo degradante, tanto para que o faz, como para quem o sofre.

Abaixo a praxe!

Roubados dizem eles

Os desgraçadinhos da 2.º Circular (lado vermelho) dizem que foram roubados no jogo com o Porto. Talvez... não vi o jogo, nada posso dizer sobre o assunto.

Mas o espectáculo dado pelos dirigentes - especialmente os do Benfica - depois do jogo foi tudo menos edificante.

Todos as semanas há equipas que são "roubadas" pelos árbitros, sendo o Benfica muitas vezes o beneficiado, e, excepção feita a alguns mais exaltados, não se vêem espectáculos tão indecorosos como o de ontem.

Parece-me que o início do campeonato fez mal ao Benfica, mas, como eu disse então, o Campeonato não acabava à 4.ª jornada.

Não vou fazer sermões moralistas dizendo que este jogo mostrou bem a qualidade do dirigismo desportivo nacional. Sou desejo anotar que o espectáculo foi mau de mais para ser verdade. Golos não validados já houve muitos (há uns anos, não muitos, o Benfica até teve um golo validado que nem sequer tinha entrado), penaltis e supostos penaltis por marcar são uma farturinha, etc., etc. etc...

Mas ontem os dirigentes do Benfica até parecia que tinham perdido tudo e que o campeonato já tinha acabdo. Não há dúvida que o Porto lhes provoca muita urticária. Vão ver que se tivessem perdido, digamos, com Belenenses não tinham feito aqueles ceninhas lamentáveis...

Afinal eles deveria saber que, parafraseando um sábio do nosso tempo, há mais vida para além do futebol.

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