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Super Flumina

Liberae sunt enim nostrae cogitationes - Cícero (Mil. 29 - 79) . Um blog de Rui Oliveira superflumina@sapo.pt

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Liberae sunt enim nostrae cogitationes - Cícero (Mil. 29 - 79) . Um blog de Rui Oliveira superflumina@sapo.pt

Os extremos tocam-se

Depois da excelente entrada de JCD com este título, lembrei-me das palavras de uma recensão ao livro Omnipotent Government: The Rise of the Total State and Total War (1944) de que, aliás, se pode fazer download aqui.


"Mises was one of the first analysts…to show that nazism and fascism were totalitarian collectivist systems which had far more in common with communism than with free-market capitalism. And, what is more, they were the logical out of the galloping statism and militarism   of the pre-fascist societies. Mises's linkage of fascism with Marxian socialism was a shocker in the Marx-laden intellectual world of the 1940s… but his linkage of the totalitarian countries as common examples of aggravated statism remains, of course, perfectly sound, as does his insight that the only viable alternative to the interventionist-collectivist path is laissez-faire capitalism, the free-market economic and free society." Murray Rothbard, Libertarian Review, June 1975.

Como se pode ver, os extremos tocam-se e és escusado os esquerdistas virem dizer que, por exemplo, o estalinismo foi um desvio, porque cada tentativa de imposição de uma sociedade socialista (seja ela a Polónia, Vietname, Cuba, Camboja, URSS, Coreia do Norte, etc.) implicou o empobrecimento do país em questão, a implantação do totalitarismo e a morte de milhares de pessoas, opositoras ou não a esses regimes. Dizem eles que o verdadeiro socialismo não era esse; o problema é que ainda não vimo outro (aliás, porque não existe).

Enfim, o que incomoda a esquerda é a exposição da sua verdadeira essência, em vez do verniz cuidadosamente espalhado pela comunicação social (no BE, a UDP é maoísta e o PSR trotsquista desistiram eles dessas ideologias?).

Evolução positiva

Lido no Jornal de Notícias:

John Kerry, em declarações ao jornal israelita "Yédiot Aharonot", considera que Israel não tem nenhum interlocutor válido do lado dos palestinianos com quem possa negociar a paz.
Kerry afirma ainda que, logo que seja presidente, irá falar com a comunidade árabe para que esta ajude a Autoridade Palestiniana a preparar-se de modo a ser um interlocutor válido capaz de fazer avançar com o Governo israelita o processo de paz.

Até o putativo (mas cada vez mais provável) candidato democrata à presidência dos EUA chegou a esta conclusão. Pelo menos, é um bom indício.

Para quem nega o anti-semitismo

que tal lerem a entrevista (sem link) de Alain Finkielkraut n'O Independente? Nesta entrevista, o filósofo francês explica as razões da lei do véu em França.

Passagem significativa desta entrevista é esta declaração de Finkielkraut:

O que os directores de liceu contam não são histórias de pequenos árabes apontados a dedo, detestados, etc., mas sim de alunos judeus que o estabelecimento de ensino é obrigado a transferir porque não tem possibilidade de garantir a sua segurança. É esta a situação que se vive.

O anti-semitismo tem, pelos vistos, um belo futuro na França e, agora, já não é exclusivo da extrema-direita.

Coluna semanal: Le bloc-notes

Da coluna de Ivan Rioufol, para além do seu interesse geral, retiro dois assuntos:

Os dois pesos, duas medidas da UE e, também, dos putativos defensores dos direitos humanos, pois como diz Rioufol:

La France a décidé, avec les quatorze autres pays membres de l'Union européenne, de restreindre sur son territoire l'accueil des futurs Européens de l'Est, qui rejoindront l'Union le 1er mai. Alors que le refrain «humaniste» nous répète que «l'immigration est une chance» dès qu'il s'agit de recevoir des familles du tiers-monde, des Polonais ou des Hongrois pourront, eux, être éconduits. Le gouvernement ne pourrait-il appliquer sa fermeté pour empêcher, en priorité, les islamistes de venir prêcher, en arabe, la rébellion ?

Isto é, não haverá aqui racismo? Será que é por os imigrantes de Leste serem brancos e, maioritariamente, cristãos que não merecem o apoio dos ditos "humanistas". Ou será que apenas são imigrantes as pessoas de outras cores e de outras religiões? (mais uma vez é o imaginário esquerdista a funcionar: brancos e cristãos não podem entrar na categoria dos pobres, humilhados e ofendidos).

Segundo assunto: a intolerância do pensamento único esquerdista perante discursos diferentes. Está instalada na esquerda, de forma tão arreigada, a ideia de superioridade moral, cultural e intelectural que, perante uma verdadeira diversidade de pensamento (e não apenas foclores do género terceiro mundista, feminista, estilos de vida alternativos, minorias, etc.) não conseguem resistir e tentam logo de eliminar a dissidência:


Illustration de l'intolérance qui sommeille chez des intellectuels de gauche : des universitaires protestent, cette semaine, contre la composition du jury d'agrégation de sciences économiques du supérieur, présidé depuis juin 2003 par Pascal Salin, enseignant à l'université Paris-IX Dauphine. Il est reproché à Pascal Salin d'être «connu pour son ultralibéralisme», selon le Syndicat national de l'enseignement supérieur. Il n'est évidemment jamais venu à l'idée de ces universitaires indignés – ni bien sûr de leurs collègues classés à droite – de se plaindre des plus fréquents jurys de gauche. L'«intelligence» dont se prévaut, ces derniers jours, la gauche immodeste prend parfois des allures de gourdin.

Este tipo de coisas acontece na Europa, mas também nas faculdades dos EUA (é so verem no Instapundit sob títulos do género "Crushing of dissent" ou então consultar o Tongue Tied para se ver exemplos destes.

A arrogância da esquerda não tem limites, a sua cegueira é total. Por isso, ao contrário do que dizem, não gostam de diversidade intelectual. Gostam é de diferentes discursos que se enquadrem nas suas belas teorias, utópicas, mas que pouco têm que ver com a realidade.

Mel Gibson, The Passion e o anti-semitismo

Vai pelos EUA uma grande controvérsia a propósito da estreia de ontem do filme The Passion of The Christ de Mel Gibson e do seu alegado anti-semitismo, para além, da exibição de uma violência que alguns julgam excessiva.

Como se pode compreender, como não vi o filme não posso, obviamente, opinar fundamentadamente sobre o assunto. Apesar disso, parece-me que as acusações de de anti-semitismo serão deslocadas, se o filme seguir, como parece ser o caso, os Evangelhos. Mas, falarei do assunto com maior fundamentação quando vir o filme.

No entanto, não me parece que o filme possa alimentar o anti-semitismo como afirmam alguns líderes judaicos. Nos dias de hoje, o anti-semitismo ou é de extrema-direita ou então é de matiz islâmico-esquerdista.

A acusação de deicídio apenas será um motivo anti-semita para uma pequena franja da extrema-direita, nunca para a esquerda ou fundamentalistas islâmicos. Não, o que alimenta hoje o ódio aos judeus é a política no Médio-Oriente que essa sim, faz depois reviver todos os antigos esterótipos aplicados aos judeus.

É o ódio à existência de Israel (e não apenas a oposição à política de Sharon - isso é apenas um disfarce) que une esquerda e fundamentalistas islâmicos. Acredito que mesmo que o conflito israelo-árabe (e digo israelo-árabe e não israelo-palestiniano porque o problemas é mesmo com o mundo árabe e muçulmano) se resolvesse, o anti-semitismo não acabaria.A recusa dos fundamentalistas islâmicos em aceitar que no Dar Al-Islam haja uma nação hebraica é uma fonte contínua para o anti-semitismo.

Quanto à esquerda (bom, não toda a esquerda, mas uma parte substancial) continua presa, ela própria, a estereótipos de opressores/oprimidos, identificando, obviamente, os israelitas como opressores. Isto é, têm uma visão muito estreita do problema. Só que daí, dão o passo seguinte, e dos israelitas passa a identificar os judeus como opressores ondem quer que eles vivam. Por outro lado, é bom não esquecer que o anti-semitismo vai de mãos dadas com o anti-americanismo. A incapacidade de ver a dimensão religiosa do problema é algo absolutamente normal nesta esquerda que não consegue sair de um quadro de referências que parece não ter passado do séc. XIX.

Penso, por isso, que os líderes judaicos estão a errar o alvo acerca deste filme. Nunca ele poderá alimentar o anti-semitismo. Os líderes judaicos deveriam, sim, preocupar-se com o que alimenta, verdadeiramente, o anti-semitismo actual.

Mas, a este assunto voltarei com mais tempo e, sobretudo, de uma forma mais ordenada que agora tratou-se apenas de um desabafo.

A ONU e o anti-semitismo

A negra história do anti-semitismo na ONU. Para quem pensa que a ONU pode ser a solução para a resolução dos problemas internacionais, talvez seja um artigo esclarecedor. Aliás, a ONU, na sua forma de funcionamento actual, não pode ser um bastião de democracia. O que não faltam lá são ditaduras...

Para não dizerem que embirro com o homem...

estou, hoje, como o Nuno Guerreiro, não vou comentar o que diz Vital Moreira neste artigo do Público de ontem (senão é que o meu amigo J diz que tenho sionismo em excesso). Para mais que ainda recentemente comentei alguns textos de VM no Causa Nossa pelo que nada mais iria acrescentar.

Mas já que VM fala do artigo de Edgar Morin (que penso já não estar em linha) no Le Monde, talvez não seja pior referir a resposta a esse artigo por parte de Lucien Oulahbib. Eis um excerto desta resposta:

Morin constate par exemple l'existence d'un "anti-judaïsme (...) dans la population française d'origine arabe et singulièrement dans la jeunesse" ou encore "le développement d'un anti-judaïsme arabe" en considérant qu'il se serait en fait "aggravé" par "l'aggravation du conflit israélo-palestinien" ou qu'il se situerait " au coeur de la tragédie du Moyen-Orient", à cause de la "politique d'Israël" qui l'aurait "suscité et amplifié".

Certes Morin décrit les méfaits de ce "terrorisme anti-israélien" lorsqu'il devient " anti-juif", mais il fait l’hypothèse non démontrée jusqu'à présent qu'une "solution équitable" à la "question palestinienne" permettrait "la diminution de l'antijudaïsme" et, surtout, jamais il ne tente de dégager les racines spécifiques de cet anti-judaïsme qui précède pourtant la création d'Israël !

Morin n'a de cesse de se gausser dans son article du fait que certains juifs voient dans l'actuel antijudaïsme la renaissance de l'antisémitisme européen alors que pour lui, il n'en est rien, le "nouvel antijudaïsme musulman" reprendrait "les thèmes de l'arsenal antijuif européen" du fait de l'existence de la question palestinienne et non pas par son dynamisme propre que Morin n'analyse jamais (il n'est pas le seul, Derrida dernièrement parle du 11 septembre comme "maladie auto-immune" ! ), sinon comme réplique aux méfaits israéliens.

Já agora vale a pena ler tudo.

Poesia sobre o dia de Cinzas

De D. Francisco Manuel de Melo (1608-1666), um dos meus poetas preferidos cuja obra é ainda largamente desconhecida (praticamente só os especialistas é que a conhecem):

Em dia de Cinzas sobre as palavras: Quia puluis es.

Melhor há de mil anos que me grita
Ua voz que me diz: És pó da terra.
Melhor há de mil anos que a desterra
Um sono, que esta voz desacredita.

Diz-me o pó que sou pó e a crer me incita
Que é vento quanto neste pó se encerra;
Diz-me outro vento que esse pó vil erra.
Qual destes a verdade solicita?

Pois se mente est pó, que foi do Mundo?
Que é do gosto? que é do ócio? que é da idade?
Que é do vigor constante e amor jucundo?

Que é da velhice? que é da mocidade?
Tragou-me a vida inteira o Mar profundo!
Ora quem diz sou pó falou verdade.

Dies Cinerum

Ou seja, à letra, "Dia de Cinzas", mas mais conhecido como "Quarta-Feira de Cinzas". Marca o início do tempo litúrgico da Quaresma na Igreja Católica (e também, penso eu, entre os anglicanos e mais algumas protestantes) e é dia de jejum e abstinência. Para quem não saiba, é hoje.

A benção e a imposição das Cinzas são uma prática penitencial muito antiga. Nos primeiros séculos da igreja, os cristãos que haviam prejudicado a sua comunidade com escândalos públicos, expiavam-nos durante a Quaresma. No começo desse tempo litúrgico recebiam as cinzas sobre a sua cabeça.O gesto é de origem bíblica e judaico, como sinal de luto e de dor.

Quando, no séc. IX, a penitência pública começou a ceder lugar à confissão privada e à absolvição individual dos pecados, o rito de imposição das cinzas foi aplicado a todos os fiéis.

Antes da reforma da liturgia promovida na sequência do Concílio Vaticano II, os fiéis eram exortados a aproximarem-se do altar, antes do início da missa, onde o padre impunha a cinzas na testa - ou no caso dos clérigos, no lugar da tonsura - dizendo as palavras "Memento, homo, quia pulvis es et in pulverem revertis", isto é, "Lembra-te, homem, de que és pó e ao pó hás-de voltar" (cf. Gén. 3, 19).

A liturgia pós-conciliar quis manter a importância tradicional deste dia, mas não tanto como uma recordação de que o homem é pó, mas mais como um sinal de uma vontade de conversão e renovação pascal. Por isso se introduziram novos textos e uma nova fórmula de imposição: "Arrependei-vos e acreditai no Evangelho" (Mc 1,15). Também o momento do rito foi alterado: depois da homília, para mostrar como a conversão e a penitência surgem da interpelação que a Palavra divina faz.

Sem dúvida que os sinais exteriores de penitência são importantes, mas de qualquer modo não devemos esquecer as palavras do profeta Isaías (Is. 58, 6-7), aliás presentes na Liturgia das Horas:

O jejum que me agrada é este:
libertar os que foram presos injustamente,
livrá-los do jugo que levam às costas,
pôr em liberdade os oprimidos,
quebrar toda a espécie de opressão,
repartir o teu pão com os esfomeados,
dar abrigo aos infelizes sem casa,
atender e vestir os nus e não desprezar o teu irmão.


Al-Qaeda planeou atacar o Mundial de Futebol no Japão

Segundo esta notícia a Al-Qaeda planeou, em 2002, fazer ataques no Japão durante a realização do Mundial de futebol mas os ataques não foram para a frente porque:

(...) it was difficult to establish a support system because of a dearth of Muslims in Japan, (...).

Bom, isto deve ser preocupante para países como a França, Bélgica ou Holanda, por exemplo, quando alguém responsável da Al-Qaeda diz que a existência de uma grande comunidade islâmica é essencial para a execução de atentados.

Obviamente que isto não quer dizer que todos os muçulmanos são terroristas. Apenas significa que os terroristas islâmicos têm maior facilidade em fundirem-se na paisagem e assim passarem despercebidos, para além de disporem de maiores bases de apoio.

Tem que se tirar esta conclusão pois, pelos vistos, foi a diminuta existência de muçulmanos no Japão que fez abortar os planos de atentados.

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