Ambicioso e entusiasmante?
David Pontes, director-adjunto do Jornal de Notícias, escreve na secção "Fio de terra" (sem ligação):
Não vale a pena estarmos com meias-medidas: o texto de 20 páginas que José Sócrates leu ontem no Parlamento é um ambicioso e entusiasmante programa de Governo. Ambicioso, porque traça metas bem definidas para tarefas difíceis. Entusiasmante, porque depois de mais de dois anos em que o discurso dominante foi de recriminação do passado e de contenção no presente, as palavaras (sic) de Sócrates vêm cheias de futuro.
Não vale a pena estarmos com meias-medidas: o texto de 20 páginas que José Sócrates leu ontem no Parlamento é um ambicioso e entusiasmante programa de Governo. Ambicioso, porque traça metas bem definidas para tarefas difíceis. Entusiasmante, porque depois de mais de dois anos em que o discurso dominante foi de recriminação do passado e de contenção no presente, as palavaras (sic) de Sócrates vêm cheias de futuro.
Deixando passar o tom panegírico que vem sido habitual na imprensa acerca do governo de Sócrates, eu que ouvi, isto é, que me dei ao trabalho de ouvir um longo e chato discurso pronunciado por Sócrates, não me dei conta destas duas características. Defeito meu? Má-vontade minha em relação ao homem? Talvez.
De facto, Sócrates enunciou uma data de coisas, com uns sound-bytes pelo caminho (as férias judiciais, por exemplo), mas nem uma palavra sobre como conseguir os meios financeiros para sua realização.
Por outro lado, bem pode ter falado no futuro, mas sem a sustentação necessária, é mais ou menos como andar a construir castelos na areia.
Isto é, para mim, Sócrates não disse nada de especialmente digno de registo, limitou-se a dar o rol de coisas que quer fazer (mas que se calhar não sabe como, nem como vai arranjar dinheiro para elas), mas a comunicação social em geral (ver, p. ex., António José Teixeira) ficou em extâse, maravilhada por tanto palavreado oco.
Enfim, cá espero para ver o que o governo realmente faz.
De facto, Sócrates enunciou uma data de coisas, com uns sound-bytes pelo caminho (as férias judiciais, por exemplo), mas nem uma palavra sobre como conseguir os meios financeiros para sua realização.
Por outro lado, bem pode ter falado no futuro, mas sem a sustentação necessária, é mais ou menos como andar a construir castelos na areia.
Isto é, para mim, Sócrates não disse nada de especialmente digno de registo, limitou-se a dar o rol de coisas que quer fazer (mas que se calhar não sabe como, nem como vai arranjar dinheiro para elas), mas a comunicação social em geral (ver, p. ex., António José Teixeira) ficou em extâse, maravilhada por tanto palavreado oco.
Enfim, cá espero para ver o que o governo realmente faz.