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Super Flumina

Liberae sunt enim nostrae cogitationes - Cícero (Mil. 29 - 79) . Um blog de Rui Oliveira superflumina@sapo.pt

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Liberae sunt enim nostrae cogitationes - Cícero (Mil. 29 - 79) . Um blog de Rui Oliveira superflumina@sapo.pt

Não são bem a mesma coisa

Segundo esta notícia "Pais criticam retirada de Educação Cívica das escolas". Para mim, esta notícia está errada: não são os pais que criticam, mas a Confap, pela voz de Albino Almeida, que critica a saída da Educação Cívica no âmbito da revisão curricular. É bom não confundir "pais" com a "Confap", pois não são a mesma coisa e eu, particularmente, nunca me senti representado pela Confap (nem quero).

 

Quanto à educação Cívica, da maneira que era leccionada nos casos em que tenho conhecimento, não servia para nada.

As praxes e a Assembleia da República.

Os deputados da maioria chumbaram um projecto de resolução do BE com uma recomendação para desencorajar praxes violentas, segundo se pode ler no Público. Ora, sendo eu contra as praxes universitárias e, em geral, contra qualquer tipo de praxes (que por exemplo, também existem em equipas desportivas), concordo com o sentido de voto da maioria. Parece um paradoxo, mas não é.

 

O que contesto na praxe é a pressão psicológica que fazem sobre muitos estudantes, fazendo-lhes crer que se não passarem por ela, serão segregados e não serão integrados. Dizem que só participa na praxe quem quer, mas toda a gente sabe que não é verdade, pois a pressão dos pares faz com que muitos aceitem participar nela, mesmo que relutantemente. No dia em que não houver esta coerção, então quem participar, participa por sua livre vontade e ninguém tem nada que ver com isso.

 

De qualquer modo, acho que as praxes são algo de arcaico e que não têm grande justificação, seja para integração ou para qualquer outra coisa.

Para que serve andar na universidade?

Ouve-se frequentemente dizer que a actual geração de jovens é a mais qualificada de sempre e que apesar disso está no desemprego. Sempre pensei que o facto de ser ter uma licenciatura (por exemplo) não tinha que dar direito a ter um emprego. Através do Instapundit cheguei a este artigo de Charlie C. W. Cooke intitulado "Don't Occupy Education?" que também aborda este problema (destaques meus):

 

The number of people participating in the Occupy Wall Street sit-ins because they are angry that their education has not yielded the fruits that they hoped it would becomes more apparent by the day. Many of the protesters I have met are understandably ruffled that they are unemployed, and they often finish their remonstrations with a non-sequitur, delivered as if it were a knockout blow: “And I went to college!” Well, one might ask, “So what?” 

 

I first noticed this “college = good life” fallacy back in England. A close friend of mine was looking for a job straight out of college, and remained unemployed for six months while he searched for what he described as a “graduate job.”

 

Aqui em Portugal também já ouvi muito licenciado dizer que tinha que arranjar um emprego adequado às suas qualificações (e, ainda por cima, na "sua área"). Como se tal fosse um direito divino!

 

In the West, we are hard at work establishing a culture that fetishizes education, and instills the belief that college — regardless of its content or application — will, and should, inexorably lead to a better job, or a better life, or even a better America. Worse, that one has a right to these things. In doing so, we have created a Potemkin aristocracy, one based upon the erroneous and tragic conceit that having letters after one’s name intrinsically confers excellence. We are happily encouraging our children to join its ranks, regardless of whether there is any evidence that to do so will be in their interest.

 

De facto, para muita gente, a educação é a panaceia para tudo. Infelizmente, não é. Não é que eu seja contra o se ter um curso superior. É lógico que um curso superior dá melhores hipóteses de se conseguir um melhor emprego. Mas, sobretudo, tem que dar uma capacidade para ter um melhor desempenho, mesmo em tarefas em que não é preciso ter uma licenciatura. Eu sei que sou melhor tradutor por ter o curso que tenho. Mas o curso foi apenas a base, o resto foi trabalho meu. Não conheço praticamente nenhum recém-licenciado de tradução que esteja completamente apto para ser tradutor independente.

 

Um licenciado tem que saber em que medida o facto de ter tirado essa licenciatura melhorou a suas capacidades e, também, convencer um potencial empregador das vantagens em o contratar e de lhe mostrar aquilo que poderá aportar como mais-valia à empresa.

 

Estar à espera de um emprego conforme às qualificações académicas e, ainda por cima, na sua área de estudos, é estar a candidatar-se ao desemprego de lonfa duração. Um curso não é um direito a um emprego, mas apenas mais uma ferramenta que nos permitirá ter sucesso na nossa vida.

Parece que sim...

Terça-feira passada, o Hélder Guégués terminava um post com a seguinte pergunta: Senhoras jornalistas, então agora é assim que se escreve?

 

Tudo isto porque as ditas senhoras jornalistas tinham escrito «Júlia Pinheiro respondeu ontem às provocações feitas por Teresa Guilherme, que a sucede em Casa dos Segredos, reality show que se estreia a 18 de Setembro na TVI.»

 

Bom, não são só essas senhoras jornalistas que escrevem assim, pois, hoje, no Jornal de Notícias, a propósito da morte do ex-presidente da Câmara Municipal de Alcaboaça, pode-se ler o seguinte:

 

José Gonçalves Sapinho (PSD) deixou a Câmara Municipal de Alcobaça nas últimas eleições autárquicas, em 2009, nas quais já não foi candidato por motivos de saúde. Paulo Inácio (PSD) foi quem venceu e o sucedeu no cargo.

 

Enfim...

Voltamos ao mesmo

Ontem, o governo divulgou o processo de avaliação dos professores. Confesso que não é um assunto a que eu dê uma grande atenção. No entanto, penso que nos últimos anos, primeiro, com Maria de Lurdes Rodrigues, depois Isabel Alçada e agora, pelos vistos, com Nuno Crato se tem dado demasiada atenção e, sobretudo, dispendido muita energia e tempo com um assunto que não é, nem de perto nem de longe, um dos maiores problemas da educação em Portugal.

 

Vamos ter mais um processo desgastante, de atrito que, provavelmente não vai levar a lugar algum. E para avaliar o quê? A qualidade dos professores ou a progressão na carreira? É que não é exactamente a mesma coisa.

O Estado é deles

Esta notícia do Público é bastante esclarecedora quanto à forma como o PS encara o estado, ou melhor, como o PS se apropria do estado. Eis um excerto (destaques meus):


O Ministério da Educação pediu a uma escola do primeiro ciclo de Castelo de Vide autorização para filmar crianças a utilizar o Magalhães. Mas, segundo conta hoje o Rádio Clube e o jornal “24 Horas”, as imagens acabaram por passar num tempo de antena do Partido Socialista, na RTP, no passado dia 22.

 

O vídeo pode ser visto aqui.

 

Pode dizer-se que o PS e o PSD, quando no governo, se apropriam do estado, mas há uma coisa em que o PS é diferente do PSD: é que quando o fazem, fazem-no como se fosse direito deles, como se fosse natural e devido. Fazem-no por que pensam ser um direito próprio e, por isso, fazem-no como muito maior desfaçatez.

 

O PS gosta muito de ser visto como herdeiro do Partido Republicano e, por isso, está sempre a falar na ética republicana. Mas, como toda a gente que seja imparcial sabe, a esquerda republicana não primou, na 1.ª República, pela sua prática democrática. Como refere Rui Ramos ("O dia dos equívocos" in Outra Opinião - Ensaios de Opinião, O Independente: Lisboa, 2004, p. 28):

 

Com o 5 de Outubro, o estado tornou-se propriedade de um partido, que não admitia a rotação no governo. Para defender o seu monopólio, o PRP nunca teve problemas em desrespeitar a legalidade e as garantias dos cidadãos. Logo em 1910, uns juízes que se atreveram a considerar improcedente o processo criminal intentado contra um dos inimigos do PRP viram-se oficialmente ameaçados de serem deportados para a Índia. Ficou-se a saber que o governo republicano considerava os tribunais um mero instrumento do pode executivo para exercer punições políticas.

 

Ainda estamos longe deste cenário, mas a sensação que o PS tem que o estado lhe pertencem é muitíssimo parecida com a sensação que o Partido Republicano tinha em relação ao estado.

 

Exames, exames, exames...

Saíram os resultados dos exames do 9.º ano. Como já tinha acontecido com o 6.º e o 12.º anos, a Matemática sofreu melhorias consideráveis. As negativas desceram de 72,8 para 44,9 %, o que é verdadeiramente extraordinário  e a explicação dada pelo Ministério, de que "o esforço dos professores e alunos" e os "instrumentos de apoio" justificam estes resultados, é patética. Ninguém no seu perfeito juízo pode acreditar que de um ano para o outro isto possa acontecer, sem haver uma mãozinha da parte dos exames, como aliás foi denunciado pela SPM e APM.

 

Muita gente tem falado em facilitismo. Parece-me pelo que vi nos 6.º e 9.º anos que houve, realmente, algum facilitismo. As provas estavam longe de ser difíceis. Já quanto aos exames de 12.º ano, não tenho a certeza que se possa generalizar, até por que se concentram as atenções em Português, Matemática, talvez Física e pouco mais, esquecendo-se as outras disciplinas que, em boa verdade, também não abrangem um número tão significativo de alunos.

 

Parece-me, sem dúvida, que os exames de Matemática do 12.º ano foram algo facilitados, se virmos bem o quadro dos exames nacionais. O aumento é por demais significativo para, uma vez mais, acreditarmos nas explicações do Ministério. Também, na Física e Química A e Biologia e Geologia há alguns progressos, mas nem por sobras iguais à progressão da Matemátia A/Matemática ou Matemática B (embora em Física e Química a melhoria seja algo significativa em relação a 2006 e 2007).

 

Dá ideia que, como se criticava muito o desempenho dos alunos portuguesas nas ditas ciências duras, o Ministério decidiu resolver o assunto com uns exames um pouquinho mais acessíveis.

 

No entanto, digo eu que não se pode generalizar, porque nas restantes disciplinas as coisas não são assim tão claras. Em Português eu já tinha referido que a prova era mais difícil do que parecia ou de qu os alunos diziam à saída dos exames. Confirmou-se pelos resultados. A sensação que eu tive logo ao ler o exame é que este era um exame que me provocava alguma estranheza.

 

Mas, em outras disciplinas que não domino de modo algum, também há queixas. Mário Contumélias, hoje, queixa-se, no Jornal de Notícas, do exame de Desenho A:

 

A média de resultados dos exames de Desenho A, do 12.º ano, ficou-se pelos 11 valores, uma queda de 1,5 valores em relação aos resultados obtidos no ano passado. Isto, segundo o Ministério da Educação.

O que o ME não diz, pelo que ouço a docentes e alunos, é que o exame foi inesperadamente difícil e de realização impraticável, com qualidade, no tempo disponível; e exigiu a utilização de materiais com que muitas escolas e alunos não contavam. De tal forma que houve casos em que as escolas foram correr a comprar "ferramentas" necessárias ao exame, que tiveram de ser partilhadas pelos alunos e alunas, em condições deficitárias.Estas dificuldades criadas ao exame de Desenho configuram, por certo, má comunicação entre o ME e algumas escolas. Mas, tendo como ponto de referência as facilidades concedidas na área de Ciências, sobretudo em Matemática, parecem revelar uma estratégia política clara - facilitar em "Ciências Duras", dificultar em Artes.

 

Bom, parece que não sou só eu que pensa que o Ministério desejou facilitar as ciências duras. Se procurou dificultar nas outras, nomeadamente nas Artes como refere Mário Contumélias, não sei. Eu até defendo a existência de exames no final do Secundário. Mas este tipo de flutuações desacreditam-nos como instrumento de avaliação.

 

Por outro lado, penso que a entrada no Ensino Superior não deveria estar ligada às classificações obtidas no Secundário. As instituições do Ensino Superior deveriam ter autonomia para estabelecer os seus critérios de admissão de estudantes. Mas isso é já outra história...


Adenda

Valter Lemos percebeu a má publicidade que os resultados das provas do 9.º ano tiveram, e vem tentar virar o bico ao prego dizendo que os resultados foram maus.

 

É lógico que os resultados foram maus, mas o problema não é esse. É a forma como, apesar de maus, eles foram obtidos.  E isso diz muito do que os alunos portugueses (não) aprendem nas escolas no Ensino Básico.

Exames

Começou a época de exames e, como de costume, começou também a polémica. Para já, o exame de Português está a dar alguma bronca.

 

A ministra diz que as críticas da APP são um erro. Mas não diz porquê. Já tenho o exame, mas ainda não o vi com atenção. Mas, logo à partida, parece-me que há uma maldadezinha: pôr Camões é mesmo muito mauzinho. Tenho a impressão que nem professores, nem alunos estavam à espera. Mas, Camões está no programa, lá isso está...

 

Ontem ouvi, na televisão, alguns alunos a dizer que tinha sido fácil. Tenho algumas dúvidas quanto a isso.

 

Vou ver se tenho tempo de ver o exame com olhos de ver.

Muita parra...

O governo tem feio muita publicidade à extensão do ensino do inglês ao 1.º e 2.º anos do Ensino Básico. Ainda hoje, mais uma vez, leio no Jornal de Notícias uma notícias sobre o assunto.

 

No entanto, tenho muitas dúvidas quanto à eficácia desta medida. Mas, mais do que dúvidas em relação a este caso específico, tenho é mais dúvidas ao modo como está organizado o currículo da disciplinas de línguas estrangeiras em todo o Ensino Básico. Só para dar um exemplo, e continuando com o inglês, no 7.º ano, os alunos têm apenas 90 minutos de inglês por semana. É quase garantido que a maioria dos alunos não evolui no domínio da língua durante este ano.

 

Uma língua estrangeira para ser apreendida não pode ser dada uma vez por semana, pois precisa de uma certa permanência de contacto para começar a compreendê-la. A minha professora de Latim 2 na Faculdade dizia que era melhor estudar 15 minutos de latim por dia, do que estudar uma vez por semanda 4 horas seguidas.

 

Depois acontece o que têm que acontecer. Chegam ao Secundário com a ilusão de que sabem bastante, para depois terem uma desilusão. E, quando chegam a Faculdade e precisam mesmo de ler muito eminglês (por exemplo) é que descobrem que, afinal, ainda precisam de estudar mais.

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