Por hoje temos Torga
Coimbra, 3 de Novembro de 1993.
TERMO
Pára, imaginação!
Não há mais aventura, nem poesia.
A hora é de finados,
Com versos apagados
Na lareira onde a fogueira arida.
Pára, é da lei.
Agora é só cansaço desiludido
E memória teimosa que entristece
O nada que acontece
E o muito acontecido.
Pára, porque findou
O tempo intemporal
Do amor e da graça concedida
A quem nele, no seu barro original,
Modela a própria vida.
Miguel Torga, Diário (Volumes XIII a XVI), Círculo de Leitores, 2001, p. 1669.