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Super Flumina

Liberae sunt enim nostrae cogitationes - Cícero (Mil. 29 - 79) . Um blog de Rui Oliveira superflumina@sapo.pt

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Liberae sunt enim nostrae cogitationes - Cícero (Mil. 29 - 79) . Um blog de Rui Oliveira superflumina@sapo.pt

O Estado é deles

Esta notícia do Público é bastante esclarecedora quanto à forma como o PS encara o estado, ou melhor, como o PS se apropria do estado. Eis um excerto (destaques meus):


O Ministério da Educação pediu a uma escola do primeiro ciclo de Castelo de Vide autorização para filmar crianças a utilizar o Magalhães. Mas, segundo conta hoje o Rádio Clube e o jornal “24 Horas”, as imagens acabaram por passar num tempo de antena do Partido Socialista, na RTP, no passado dia 22.

 

O vídeo pode ser visto aqui.

 

Pode dizer-se que o PS e o PSD, quando no governo, se apropriam do estado, mas há uma coisa em que o PS é diferente do PSD: é que quando o fazem, fazem-no como se fosse direito deles, como se fosse natural e devido. Fazem-no por que pensam ser um direito próprio e, por isso, fazem-no como muito maior desfaçatez.

 

O PS gosta muito de ser visto como herdeiro do Partido Republicano e, por isso, está sempre a falar na ética republicana. Mas, como toda a gente que seja imparcial sabe, a esquerda republicana não primou, na 1.ª República, pela sua prática democrática. Como refere Rui Ramos ("O dia dos equívocos" in Outra Opinião - Ensaios de Opinião, O Independente: Lisboa, 2004, p. 28):

 

Com o 5 de Outubro, o estado tornou-se propriedade de um partido, que não admitia a rotação no governo. Para defender o seu monopólio, o PRP nunca teve problemas em desrespeitar a legalidade e as garantias dos cidadãos. Logo em 1910, uns juízes que se atreveram a considerar improcedente o processo criminal intentado contra um dos inimigos do PRP viram-se oficialmente ameaçados de serem deportados para a Índia. Ficou-se a saber que o governo republicano considerava os tribunais um mero instrumento do pode executivo para exercer punições políticas.

 

Ainda estamos longe deste cenário, mas a sensação que o PS tem que o estado lhe pertencem é muitíssimo parecida com a sensação que o Partido Republicano tinha em relação ao estado.

 

Voluntarismos

É absolutamente fantástica esta notícia do Público sobre a reunião do governo com peritos sobre a escolaridade obrigatória. Segundo diz a notícia:

 

O primeiro-ministro preside hoje à sessão de abertura de uma audição de peritos, que tem como objectivo auxiliar o Governo a concluir o mais rapidamente possível a meta de alargar a 12 anos a escolaridade obrigatória.

 

Como? Dá ideia que primeiro avançaram com a medida, porque parece bem, mas só agora é que se vai estudar o assunto. Não se fez qualquer trabalho preparatório? Por isso, não posso deixar de concordar com o comentário feito por Ramiro Marques:


Estudos para quê? Não é preciso fazer estudos sobre o impacto que esta medida (meter mais 30 mil alunos no ensino secundário) vai provocar no sistema porque a ministra da educação já disse que os actuais professores, equipamentos e instalações são suficientes para acomodar o aumento da escolaridade obrigatória para 12 anos. O objectivo disto é esconder a falta de resultados na economia, na saúde e na justiça, lançando para a opinião pública a ideia falsa de que o Governo tem vindo a melhorar o ensino. O que estes "peritos" vão dizer ao primeiro-ministro é aquilo que ele quer ouvir. Eu descodifico: a escola-armazém pode avançar! A estupidificação das novas gerações é necessária para que jovens e adultos, novos e velhos, fiquem privados de espírito crítico e aceitem mais facilmente um futuro que os remeterá para a condição de pobres alienados com alimentação e vestuários garantidos por subsídios estatais. Pelo menos, de fome não vão morrer. Essa não! O Governo socialista fará de quase todos os portugueses uns pobres coitados mas não deixará nenhum súbdito morrer à fome.

O Santo Condestável

Foi canonizado hoje D. Nuno Álvares Pereira, herói e santo. A sua influência na história de Portugal é absolutamente indelével e que permitiu a continuação da existência de Portugal. Tivesse Portugal sido incorporado em Castela no final do século XIV e, dificilmente, seríamos hoje em dia um país independente.

 

À influência político-militar junta-se uma dimensão religiosa e uma fé sem limites, que sempre o guiou. Por isso, como disse o Papa Bento XVI disse que "em qualquer situação,  mesmo de carácter militar e bélica, é possível actualizar e realizar os valores e princípios da vida cristã".

 

Foi, sem dúvida, uma figura ímpar na história portuguesa, santificado pelo povo bem antes de ter sido santificado pela Igreja.

25 de Abril

Comemorou-se hoje mais um 25 de Abril. O 35.º aniversário da Revolução do Cravos. E nas declarações, que se repetem todos os anos, se ouve que "falta cumprir Abril" ou que o "25 de Abril foi uma revolução inacabada". Sinceramente, não sei o que quer dizer que é "preciso cumprir Abril". Cheira-me a coisa religiosa. Provavelmente, "cumprir Abril" é instaurar o paraíso na Terra. Mas, isso já nós sabemos, acaba sempre mal, pois no século XX já foi tentado e morreram milhões de pessoas. 

 

Não acredito em paraísos na Terra e nem sequer preciso de recorrer ao famoso tópico  pessimista barroco do "homo homini lupus". Não considero que as sociedades tenham que ser uma selva, mas o que é verdade é que não há regimes ideais e, reconheço, que o homem é imperfeito, pelo que imperfeitas serão as suas realizações. Todavia, é sempre possíveis melhorá-las e é isso que devemos fazer, mas sem acreditar na "marcha inexorável do progresso" (tão do agrado do século XIX) que supostamente a humanidade deveria trilhar. Como disse G. K. Chesterton (em What's Wrong With the World),  "one of the first things that are wrong is this: the deep and silent modern assumption that past things have become impossible" .  Não podemos dar nada por garantido.

 

Do 25 de Abril fica sobretudo a implantação da democracia, certamente imperfeita, mas ainda assim democracia, o que já não é pouco. O queriam mais? Muito e eu também. Agora, cheira-me que esse cumprir Abril é do domínio da utopia e, como se sabe, as utopias costumam ser totalitárias.

 

Para mim, o 25 de Abril está a cumprir enquanto Portugal for uma democracia. Tudo o resto cabe também anós fazermos alguma coisa para sermos e estarmos melhores.

 

A falta que os clássicos fazem (III)

Através da Xantipa cheguei ao post Classic Nouveaux do Ponteiros Parados e não podia estar mais de acordo. Eis um excerto:

 

A actual desvalorização ou até mesmo desprezo pela cultura clássica representa, para nós, ávidos de modernidade, um suicídio civilizacional. Aprender Grego e Latim era muito mais do que aprender Grego e Latim. Significava um contacto próximo com autores que, muito anos de nós, perceberam tudo o que havia para perceber e que nos deram as referências conceptuais, morais, científicas e estéticas com as quais, durante séculos, conquistámos o mundo.

Obsessão americana

Os presidentes americanos têm uma obsessão quanto à entrada da Turquia na União Europeia. Na senda de George W. Bush, vem agora Obama botar faladura sobre o assunto. Claro que Sarkozy reagiu na TF1:

 

"Je travaille main dans la main avec le président Obama, mais s'agissant de l'Union européenne, c'est aux pays membres de l'Union européenne de décider", a déclaré Nicolas Sarkozy, interrogé sur la déclaration de son homologue, en duplex depuis Prague où il participe au sommet UE-Etats-Unis.

"J'ai toujours été opposé à cette entrée et je le reste. Je crois pouvoir dire qu'une immense majorité des Etats membres (de l'UE) est sur la position de la France", a-t-il ajouté.

"La Turquie, c'est un très grand pays allié de l'Europe et allié des Etats-Unis. Elle doit rester un partenaire privilégié, ma position n'a pas changé", a déclaré le chef de l'Etat.

 

Por seu lado, o inefável Zapatero, que continua a acreditar naquela treta da Aliança das Civilizações, diz que se deve manter a porta aberta à entrada da Turquia na UE.

 

Só um cego ou um crente em teorias mais ou menos absurdas de fraternidade universal e de construção de paraísos na terra é que pode acreditar que a Turquia seria uma boa adição para a União Europeia, ainda para mais se se confirmar o que vem escrito no El Mundo sobre as concessões feitas à Turquia para que esta aceitasse o nome o agora ex-primeiro-ministro dinamarquê Rasmussen (sublinhados do jornal):

 

Turquía recibió cinco concesiones por parte de la Organización del Tratado del Atlántico Norte (OTAN) a cambio de que accediera ayer en la cumbre de la alianza en Estrasburgo a la elección del primer ministro danés, Anders Fogh Rasmussen, como próximo secretario general de la organización. Entre ellas, Rasmussen tendrá que ofrecer un signo de disculpa por su actitud durante la controversia por la publicación de las caricaturas de Mahoma en un diario danés, al comienzo de un encuentro de la Alianza de Civilizaciones mañana lunes en Estambul, informaron hoy medios turcos.

Además, se espera que Dinamarca actúe contra la emisora de televisión kurda Roj Tv instalada en su territorio, que Turquía considera portavoz del proscrito Partido de los Trabajadores del Kurdistán (PKK).

El resto de las concesiones consisten en tres altos puestos de alto rango para Turquía en el seno de la OTAN: el número de dos de Rasmussen, un cargo de alto rango con responsabilidad para Afganistán y un puesto responsable del control de armamento.

 

Se isto for verdade é uma verdadeira vergonha para a NATO.

 

A Turquia nunca deverá entrar na União Europeia. Embora durante centenas de anos o Império Otomano tenha ocupado uma boa parte da Europa Oriental, a Turquia actual, pura e simplesmente, não é Europa e pouco partilha com ela, para além de uma pequena parte do território e muita história.

 

 

E sai mais um Alka-Seltzer para a mesa do canto

Pinto da Costa foi absolvido, o que já era esperado, tão fraquinha era a acusação baseada nos depoimentos de uma senhora ressabiada e, como já era sabido, pouco credível. Aliás, isto dela ser pouco credível nem sou eu que digo, neste caso, mas a própria juíza que excluiu o seu testemunho exactamente por falta de credibilidade.

 

Há para aí muito gente que deve andar agoniada, pois esperavam ganhar fora do campo. Embora a justiça portuguesa não seja nada de especialmente famoso, não desceu tão baixo como a justiça desportiva, ela sim completamente descredibilizada.

 

Enfim, como se costuma dizer, embrulha!

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