O trabalho não tem dado muito descanso e, por isso, não tenho escrito muito no blog, apesar de não faltarem motivos, desde a guerra de Israel contra o Hamas (mais os disparates que se ouvem na comunicação social daqueles que reclamam pela proporcionalidade, que acham que há um genocídio ou que Israel é como a África do Sul do tempo do apartheid ou ainda que Gaza está bloqueada apenas por Israel - como se o Egipto não fizesse o mesmo), das notícias sobre o aumento da carga fiscal em 2007 e da cobrança coerciva fiscal em 2008 (mais o claro desmentido de que se todos pagarem, todos pagarão menos - a carga fiscal em Portugal não pára de aumentar), aos dramas da cooperação estratégica PR/Governo, etc.
Mas não deu para escrever sobre isso e, por isso, apenas me limito a desejar um bom ano a todos os que me lêem (e aos que me não me lêem também), tendo o (não tão) secreto desejo de que os portugueses tenham juízo e ponham o Sócrates fora do poleiro.
Nos últimos tempos tem havido grandes descobertas em Israel. Ainda hoje tivemos mais uma notícia, desta vez um conjunto de moedas do século VII d.C.
O engraçado sobre esta descoberta foi a forma como a SIC-N deu esta notícia. Primeiro, disseram que as moedas eram do séc. XVII e, depois, dizem que foram "arqueologistas" que fizeram a descoberta.
A peça jornalística passou várias vezes, sempre com vários erros.
Manoel de Oliveira faz hoje 100 anos. Para os seus indefectíveis um mestre absoluto em que cada filme é uma obra-prima, para os seus detractores, um chato de primeira grandeza. Para mim, como se costuma dizer, nem tanto ao mar nem tanto à terra.
Devo confessar que não me considero como um cinéflio, embora, como toda a gente, goste de ver filmes (mas normalmente em casa em DVD ou na televisão, sou muito preguiçoso para ir ao cinema). A produção actual vinda de Hollywood não me encanta muito (demasiadamente politicamente correcta, cheia de "boas intenções" e "causas nobres" e outras tretas que tais). Por outro lado, o cinema europeu é o que é, e também não é lá grande coisa, mas, diga-se, eu até gosto de o ver.
Manoel de Oliveira não é um autor mais ou menos chato do que outros. Para mim, a chateza não está no facto de os planos serem muito longos, dos actores quase não se moverem, de falarem de mais ou de menos, etc. Tudo depende do que eu posso compreender ou não do que estou a ver, se se enquadra mais ou menos nos meus gostos (ou se não se enquadra, se me consegue seduzir). Por isso, um filme como JFK do Oliver Stone foi, para mim, um filme chato. Não achei piada nenhuma aquilo.
De Oliveira não vi muitos filmes: Aniki-Bóbó, Amor de Perdição, O meu caso, Os canibais. Isto é, todos eles anteriores a 1990. Consegui vê-los até ao fim, sem problemas. Aniki-Bóbó é absolutamente fantástico. Os outros três são muito diferentes entre si, mas todos têm a sua piada.
Mas Manoel Oliveira é muito mais do que um realizador de cinema, é um caso único pela sua longevidade, mas também por tudo o quanto fez na vida. Pode dizer-se que além de ter uma vida longa, tem uma vida cheia.
Estava hoje a ver no canal Hollywood o filme O Chacal (The Jackal), quando, a certa altura, o assassino está a experimentar a sua arma, na legendagem lesse que a munição era de "urânio deplectivo".
Claro que o se queria dizer era "urânio empobrecido", embora eu já tenha encontrado ainda "urânio depletado", "urânio exaurido" e "urânio esgotado" (estas três últimas em textos brasileiros, muito raramente em textos portugueses).
Não sei de quando data a tradução/legendagem, mas o facto é que o termo "urânio empobrecido" é, depois de todo o barulho que foi feito à volta dele pelo seu uso na ex-Jugoslávia, bastante conhecido.
O problema dos termos técnicos é que se não se utiliza o termo mais corrente, nota-se logo e tal pode manchar (justa ou injustamente) toda uma tradução, embora não se possa avaliar uma tradução por um caso isolado.
O problemas dos termos técnicos é que, alguns deles, são muito visíveis e atraem logo as atenções.
Foi no mínimo surpreendente ouvir hoje António Vitorino, na RTP 1, substituir a conhecidíssima expressão "pescadinha de rabo na boca" pela nóvel "pescadinha de apêndice caudal na boca".
Não acredito que António Vitorino não tenha dito "rabo" por motivos politicamente correctos, nem por qualquer prurido em dizer rabo na televisão em horário nobre.
Isto é, acho eu que não foi por isso, mas também me escapa a razão. se calhar foi só para falarem dele (pois do que ele disse no programa já não me lembra nada. Não deve ter sido nada de muito importante).
Passam-se hoje 67 anos sobre o ataque japonês a Pearl Harbour que lançou os Estados Unidos na 2.ª Guerra Mundial.
Foi uma vitória táctica japonesa, mas estrategicamente foi um desastre, pois o ataque surpresa não conseguiu destruir os porta-aviões americanos (nem os submarinos), que foram a base do contra-ataque americano.
No entanto, este dia foi chamado pelos americanos "dia da infâmia", pois o ataque japonês foi efectuado sem uma declaração de guerra prévia. Foi Roosevelt, que num famoso discurso, enformou para sempre o modo como os americanos viram este dia:
"Yesterday, December 7, 1941 -- a date which will live in infamy -- the United States of America was suddenly and deliberately attacked by naval and air forces of the Empire of Japan."
Um discurso curto mas com um efeito dramático seguro que acentuava o lado traçoeiro do ataque japonês.
E, deste modo, a 2.ª Guerra Mundial entrava numa outra fase e alargava-se a outras regiões do globo.
Já por várias vezes me manifestei contra as praxes, pelo que esta notícia é muito bem-vinda.
Dizem que as praxes é para a intregação dos novos alunos. Balelas! E para integrar os caloiros não é necessário andar a pastoreá-los pelas ruas das cidades e a pô-los a comer erva ou a rebolar pelo chão. É tudo uma idiotice pegada.
Também não me falem em tradição. Eu até gosto da tradição, mas há tradições que deixam de ter sentido e essas devem ser abandonadas.
Talvez agora os praxistas tomem nota que, havendo quem se disponha a denunciar, as praxes não podem ser actos de humilhação e achincalhamento totalmente impunes.