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Super Flumina

Liberae sunt enim nostrae cogitationes - Cícero (Mil. 29 - 79) . Um blog de Rui Oliveira superflumina@sapo.pt

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Liberae sunt enim nostrae cogitationes - Cícero (Mil. 29 - 79) . Um blog de Rui Oliveira superflumina@sapo.pt

Más ideias

Parece que nos BET Awards o pessoal que foi premiado, mais alguns que por lá passaram, não paravam de falar no Obama. Ok, é problema deles se querem o Obama como presidente.

Mas, depois começam a fazer pedidos muito estranhos:


During his monologue, host D.L. Hughley cracked jokes about Obama. Other attendees were more flattering. Backstage, Humanitarian Award winner Quincy Jones said he wanted Obama to be elected and create a Secretary of Culture position.

Mas, para que é que os americanos haveriam de querer um Ministério da Cultura? É que o nosso não serve para nada (não é só o nosso). A cultura não se faz com ministérios....

Só dão más ideias ao Obama...

Pequena diferença

Quando se fala no fundamentalismo islâmico há sempre alguns que vêm contra-argumentar com o fundamentalismo cristão (sendo os evangélicos americanos os exemplos normalmente dados).

 

É claro que é uma comparação completamente disparatada, pois não há comparação possível. E, Ian McEwan, na defesa que faz de Martin Amis, diz porque essa comparação é desajustada, dizendo ainda pelo meio que despreza o Islão radical:

 

"This is logically absurd and morally unacceptable. Martin is not a racist. And I myself despise Islamism, because it wants to create a society that I detest, based on religious belief, on a text, on lack of freedom for women, intolerance towards homosexuality and so on - we know it well."

McEwan recognised that similar views were held by some Christian hardliners in America.

"I find them equally absurd," he said. "I don't like these medieval visions of the world according to which God is coming to save the faithful and to damn the others. But those American Christians don't want to kill anyone in my city, that's the difference."

 

Esta diferença é absolutamente fundamental. É pena que haja gente que não a consiga ver.

Exames

Começou a época de exames e, como de costume, começou também a polémica. Para já, o exame de Português está a dar alguma bronca.

 

A ministra diz que as críticas da APP são um erro. Mas não diz porquê. Já tenho o exame, mas ainda não o vi com atenção. Mas, logo à partida, parece-me que há uma maldadezinha: pôr Camões é mesmo muito mauzinho. Tenho a impressão que nem professores, nem alunos estavam à espera. Mas, Camões está no programa, lá isso está...

 

Ontem ouvi, na televisão, alguns alunos a dizer que tinha sido fácil. Tenho algumas dúvidas quanto a isso.

 

Vou ver se tenho tempo de ver o exame com olhos de ver.

O "dia da Raça" (II)

No tempo da ditadura salazarista (eu não chamo a esse tempo, sob o qual vivi a minha infância e início de adolescência - e do qual não tenho saudades-, "fascismo" porque se há uma coisa que não existiu em Portugal foi "fascismo", mas sim uma ditadura autoritária) festejava-se um "Dia da Raça".

 

Que raça era esta que se festejava. Era uma espécie de "raça ariana" à moda portuguesa? Encontrei uma resposta aqui, por Conceição Meireles da FLUP:


Que ‘raça’ é comemorada a 10 de Junho?


“Quando se tenta exaltar o dia da Raça, é a raça do povo português entendida de uma forma geral, global”. O que está em causa é a “originalidade” e “a capacidade dos portugueses”, explica Conceição Meireles. “O Estado Novo sempre quis sublinhar a originalidade do povo português face aos outros povos europeus. Por alguma razão este pequeno povo tinha uma História de séculos; era dos Estados mais antigos da Europa e tinha um Império colonial que quase nenhum outro país europeu possuía”. Esta era a “raça do povo português que tinha de ser “exaltada a todo o custo”, era a “raça no sentido do dia do povo português”. De acordo com Conceição Meireles, o conceito de raça no Estado Novo deve ser entendido no sentido em que significa “um povo diferente, aparentemente frágil, mas com valores que lhe permitiram grandes realizações”. No dia da Raça e de Camões “exaltava-se a nação e o império, a metrópole e as colónias”.

 

Estamos muito longe de qualquer tentativa científica de definição de "raça". Aliás, quem ler a "Arte de Ser Português" de Teixeira de Pascoaes poderá ler, por exemplo:

 

RAÇA


Desejo agora referir-me, sobre tudo, ao sentido que anima, n'este livro, a palavra raça.

Empregámo-la como significando um certo numero de qualidades electivas, (n'um sentido superior) proprias dum Povo, organisado em Patria, isto é, independente, sob o ponto de vista politico e moral.

Taes qualidades são de natureza animal e espiritual, resultantes do meio fisico (paisagem) e da herança etnica, historica, juridica, literaria, artistica, religiosa e mesmo economia.

Herança, n'este caso, significa tambem tradição.

Uma raça tem assim os caracteres d'um sêr vivo, e como tal a devemos considerar.

 

[Teixeira de Pascoaes (1920). Arte de Ser Português, Renascença Portuguesa:Porto, 2.ª edição]

 

Esta ideia de "originalidade" do povo português estava disseminada na cultura portuguesa há já bastante tempo. O Estado Novo aproveitou-se dela para dar novos significados e justificar com a história o que estava a acontecer na época.

 

Agora ver no lapsus linguae cavaquista mais do que isso ou, ainda mais, sinistras  simpatias com ideais racistas ou similares é perfeitamente estúpido.

O "dia da Raça"

Uma pequena declaração de Cavaco, mais um "lapsus linguae" e, pronto, lá temos a extrema-esquerda a dizer que se trata "de uma afirmação grave" ou então "se trata de um lamentável equívoco ou existe outra explicação para a utilização do termo", pelo que pedem esclarecimentos.

 

O outro grupo de extrema-esquerda com representação parlamentar diz que o Presidente da república recuperou "a terminologia racista e segregadora do estado Novo".

 

E pronto, lá querem eles fazer disto uma "questão política que merece discussão". Enfim...

 

Se o presidente disser que se enganou, que foi um lapso, tudo bem. Eu acredito. Mas, se eu fosse a ele, já não diria mais nada. Com todos os seus defeitos, Cavaco Silva não tem que receber lições de democracia de marxistas, estalinistas, trostkistas, maoístas e quejandos.

 

Podem-me dizer que as pessoas que lutaram contra a ditadura salazarista poderão ficar ofendidas. Acredito e tenho que respeitar isso, Mas, também acredito que a maioria dos opositores saídos de movimentos comunistas e de extrema-esquerda não queriam implantar em Portugal um regime democrático e parlamentar, mas sim, uma ditadura, só que desta vez de extrema-esquerda. Isto é, Portugal continuaria a não ser um país democrático.

 

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