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Super Flumina

Liberae sunt enim nostrae cogitationes - Cícero (Mil. 29 - 79) . Um blog de Rui Oliveira superflumina@sapo.pt

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Passagem de ano

Para todos os que me visitam e me lêem , quero desejar um

FELIZ ANO NOVO 2005

Pela minha parte, não declarando férias, apenos digo que o mais provável apenas voltar a escrever no blog em 3 de Janeiro do 2005. Mas nunca se sabe...

Ainda o maremoto

Com o muito trabalho que tenho, não pude esta semana dedicar-me muito ao blog (já se estar a tornar recorrente nos últimos tempos), mas ainda assim tenho acompanhado a situação na Ásia.

Se há coisa que me impressiona é esta mania dos portugueses acusarem logo que a embaixada não fez nada. Duvido que, humanamente, a embaixada em Banguecoque pudesse ter feito mais do que fez no meio daquela confusão. É claro que as pessoas que foram afectadas não têm (nem podem ter) a mesma percepção, pois a situaçãoem que se encontram é muito complicada.

De qualquer modo, acho que as críticas talvez sejam injustas.

Agora, a posição do embaixador é que é outra coisa. Este senhor deveria ter ido de imediato para a zona. Talvez não fosse fazer muito mais, mas era um sinal de solidariedade que dava a quem estava a sofrer. O tempo que demorou a partir foi manifestamente excessivo. Aqui, sim, penso que ele deveria ter, por iniciativa própria, agido de outra forma.

Idiotices

Verdadeiramente exemplar do ódio dos fundamentalistas laicos ao cristianismo, é o caso de Zapatero que consegui fazer uma mensagem de Natal sem mencionar uma vez a palavra "Navidad". Não estaria Zapatero com esta acção a desrespeitar e a ofender uma parte significativa da população espanhola? É que se Zapatero não celebra o Natal, se acha que isso não faz sentido, ele só tem uma coisa a fazer: abolir as celebrações do Natal em Espanha. Só assim será coerente.

A Espanha continua no bom caminho, sem dúvida!

Tratado de "Lateran"?

Já disse várias vezes que no que toca a tradução e legendagem de programas televisivos não sou demasiado duro para com alguns do erros que por vezes se descobrem nos ditos programas. E porquê? Porque sei em que condições frequentemente estes trabalhos são feitos. E, se eu me queixo pelos prazos loucos que tenho, por vezes, para fazer traduções, sei que no mundo da televisão os prazos são extremamente curtos para um trabalho tão específico como é o da legendagem. Por isso, tendo a compreender a dificuldade da tarefa.

No entanto, há erros e erros, e se uma boa tradução ou legendagem não pode ser avaliada pelo apontar erros pontuais, há pormenores que podem deitar a reputação do trabalho abaixo, não propriamente por uma questão de tradução errada mas, por exemplo, por demonstrar uma falha na cultura do tradutor.

É que na tradução (agora tomada aqui em latu sensu, isto é, englobando interpretação e legendagem) é muito mais do que passar um texto (também não desenvolverei aqui o conceito de texto que, nesta acepção, não se limita a objectos escritos) de uma língua para outra. Por outro lado, não basta saber línguas (pelo menos a de partida e a de chegada) para se ser bom tradutor. É que o tradutor é um intermediário entre duas culturas e por muito próximas que elas sejam, têm sempre particularidades que as fazem distinguir. Por outro lado, para se fazer uma boa tradução, o tradutor tem que fazer pesquisa e investigar e, aqui entra o problema dos prazos curtos (e da ignorância de quem frequentemente encomenda as traduções, pois pensam que traduzir é apenas uma transliteração), que impedem que esta pesquisa se faça em condições aceitáveis, advindo daí alguns dos erros que por vezes se observam.

Todavia, aquilo que observei hoje no Canal História num programa chamado "Os esbirros de Mussolini" é um erro que releva mais de uma deformação deficiente, não só universitária, mas muito principalmente pré-universitária.

É que a dada altura, fala-se do "Tratado de Lateran" em vez do Tratado de Latrão. Este tratado que pôs fim à contenda que desde o fim dos Estados Papais em 1871 opunha o então Reino de Itália e a Santa Sé e foi assinado em 11 de Fevereiro de 1929, no palácio de Latrão. Só que, que quem fez a versão portuguesa, por ignorância ou descuido, manteve a palavra inglesa "Lateran", não se lembrando sequer que, provavelmente, haveria um nome português para a dita palavra. Isto acontece, com a maior das probabilidades, por deficiência cultural do tradutor.

E se digo isto é porque já não é a primeira, nem segunda, nem terceira vez que noto que nomes próprios, topónimos, etc. não são traduzimos mesmo havendo já palavras portuguesas para essas palavras, algumas já lexicalizadas em português há centenas de anos.

São pormenores como este que podem arruinar uma tradução, pois revelam deficiências culturais que provavelmente se manifestarão noutros pontos da tradução e que nenhum domínio de língua, por melhor que seja, pode esconder.

Como diz Hans Vermeer no seu Esboço de uma teoria da tradução (ASA, 1986), "é indispensável inteirar-se bem e detalhadamente sobre todo o assunto que apareça numa tradução. Sem saber, não há tradução". (destaque do autor)

Por vezes a brevidade dos prazos impede a realização desta tarefa, mas o tradutor tem também obrigação de manter e actualizar uma cultura geral que resolverá muito destes problemas que vão surgindo. E, neste caso particular, trata-se de um problema de cultura geral.

A tradução é uma tarefa mais complexa e exigente do que a maioria das pessoas pensa e passa, também, por pormenores como este.
 

Vantagens da religião

O CAA tem-se esmerado nos últimos meses numa encarniçada luta contra a religião, e a Igreja Católica em particular. Ainda ontem colocou mais um artigo que obviamente gerou uma enorme catadupa de comentários. Devo dizer que nas primeiras discussões ainda participei, mas que agora desisti porque, de facto, lá não se aprende nada.

Eu sou católico, em parte por tradição familiar e, na sua maior parte, por escolha própria. E, digo por escolha própria, porque tive a oportunidade de ler muito sobre o assunto, sobre as várias religiões, sobre o ateísmo e agnosticismo, e cheguei a conclusão que continua a fazer sentido a ideia de Deus.

Não pretendo aqui explicar como e porquê cheguei a esta conclusão, apenas quero dizer que o ser crente pode ser uma escolha perfeitamente racional, isto é, usando a faculdade de raciocínio, própria da espécie humana. Pensar que as pessoas são religiosas por serem ignorantes ou por crendice é má-fé.

Todavia, afastei-me um pouco do objectivo desta entrada, que era apenas de dar conhecimento deste pequeno estudo que afirma que as pessoas que crêem (numa qualquer religião) são menos susceptíveis de se suicidarem.

Afinal, parece que ter uma religião sempre tem vantagens...

 

Intendência

Bom, em primeiro lugar, já regressei do fim-de-semana, que isto de nos afastarmo-nos do blog por outros motivos que não sejam apenas os de trabalho também é bom (pelo menos de vez em quando).

Por outro lado, agradeço, obviamente, a referência que me foi feita tanto pelo Nuno, como pelo André ao classificarem este meu blog entre os seus preferidos.

Não seria preciso dizê-lo, pois eles sabem-no, que também eles são bastante apreciados por estas paragens.

Em segundo lugar, não posso deixar de registar, com natural horror, a catástrofe ocorrida no sudeste asiático, cujas as reais proporções ainda estarmos por perceber completamente. O sentimento de impotência perante tantas milhares de mortes, tenderá sempre a chocar, embora, no caso das catástrofes naturais, ao contrário das provocadas pelo homem, todo este choque e horror tende a ser esquecido com bastante rapidez. Provavelmente, no final desta semana já não se falará muito do assunto.

Por fim, na política nacional, não se passa nada de novo. Foram todos de férias de Natal. É certo que se soube que Menezes seria cabeça de lista do PSD por Braga. Mas, numa democracia representativa como a nossa, em que os deputados, mesmo que sejam naturais ou residentes dos círculos pelos quais se candidatam, não se sentem muito ligados aos círculos que os elegem, esta questão dos cabeças de lista é um pouco de somenos importância. Todavia, é ainda assim significativa de modo como os partidos tratam esta questão. E, neste caso, não me pareceu uma opção muito feliz.

Mas a procissão ainda vai no adro e vamos ver muitos casos estranhos em todos os partidos.


Natal

Coimbra, 24 de Dezembro de 1979.

NATIVIDADE

Nascer e renascer...
Ser homem quantas vezes for preciso.
E em todas colher,
No paraíso,
A maçã proibida.
E comê-la, a saber
Que o castigo é perder
A inocência da vida.

Nascer e renascer...
Renovar sem descanso a condição.
Mas sem deixar de ser
O mesmo Adão
Impenintentemente natural,
Possuído da íntima certeza
De que não há pecado original
Que não seja o sinal doutra pureza.

Miguel Torga, Diário XIII


Transparência

O conflito israelo-árabe (não, o problema não é apenas israelo-palestiniano) é bastante mais complexo do que muitos nos querem fazer crer (isto é, aqueles que pensam do género Israel=maus e palestinianos=bons).

Se do lado de Israel os partidários do Grande Israel são cada vez menos e a maioria da população anseia, sinceramente, a paz, do lado palestiniano as coisas são um pouco mais complexas. Em primeiro lugar, acredito, também, que a maioria dos palestinianos gostariam mais de viver em paz do que em guerra. Mas, da parte dos seus dirigentes, tenho já dúvidas de que isso aconteça.

E a entrevista que Khaddoumi (que substituiu Arafat na liderança da Fatah) deu à televisão Al Aram do Irão é de uma cristalina clareza no que diz respeito ao pensamento de alguns dirigentes palestinianos quanto à possibilidade de resolução do conflito. E que disse ele?

Que os palestinianos , numa primeira fase, aceitariam um estado palestiniano ao lado de Israel, mas que, com o passar dos anos, elimariam o estado de Israel. Claro, clarinho com água. Para quem tem dúvidas quanto à má-fé com que alguns palestinianos negoceiam a paz, penso que terão ficado esclarecidos. Lembrem-se de que esta era uma organização dirigida por Arafat.

E pelo que diz a dita notícia, este plano palestinianos foi estabelecido já em 1974. Transcrevo parte da notícia:

"At this stage there will be two states," Khaddoumi told Iran's Al Aram television. "Many years from now, there will be only one."

Khaddoumi, who regards himself as Palestinian foreign minister, said he was confident that Israel would be eliminated. He said he always opposed Israel's existence and cited the Arab numerical superiority over the Jewish state.

"[There are] 300 million Arabs, while Israel has only the sea behind it," Khaddoumi said.

Khaddoumi said his platform was endorsed by the PLO in 1974. He said the strategy called for a phased plan that would establish authority over any territory obtained from Israel, concluding with an Arab war to destroy the Jewish state.

Assim se vê que, nos mais elevados postos de organizações palestinianas, há quem pense na destruição do estado Israel. Será que há gente que ainda não percebeu que Israel, antes de mais, luta pela sua sobrevivência?


Inverno

Estamos já no Inverno. Boa altura para relembrar aqui um dos poetas portugueses que mais aprecio: Camilo Pessanha. Devo dizer que Pessanha, juntamente com Cesário Verde e Fernando Pessoa são, para mim, os mais importantes poetas portugueses dos últimos 150 anos. Não quer com isto dizer que, para além desta trindade poética, não tenha havido bons poetas em Portugal.

Claro que tivemos e continuamos a ter, desde Torga, passando por Sophia, Cesariny ou Hélder (não me falem de Eugénio de Andrade que, sei lá porquê, nunca engracei muito com a sua poesia). Outros poetas estão a aparecer, mas como não os tenho lido muito (o tempo não dá para tudo, não é...) abstenho-me de os mencionar, esperando por uma outra altura.

Mas, voltando aos nossos poetas, parece-me que, e não entrando em precisões literárias, o cume que eles atingiram não voltou, ainda, a ser atingido.

E que poetas estranhos (em vários sentidos) eles são. Algo os une, como por exemplo, o facto de pouco terem publicado (organizadamente em livro) em vida. Cesário apenas publicou em publicações periódicos, sendo O livro de Cesário Verde (1887) um livro póstumo editado pelo seu amigo Silva Pinto. Pessanha para além da sua Clepsydra de 1920, apenas publicou um conjunto significativo de poemas na revista Centauro de 1916 em vida. Pessoa publicou, em português, um único livro, A Mensagem, em 1934.

Voltarei a falar deste três poetas, agora quero apenas deixar o díptico Paisagens de Inverno (utilizo a edição de Paulo Franchetti, 1995, da Relógio d'Água). De notar que, nesta edição, a ortografia não foi actualizada.


PAISAGENS DE INVERNO

I

(A Alberto Osório de Castro)

Ó meu coração, torna para traz.
Onde vaes a correr desatinado?
Meus olhos incendidos que o peccado
Queimou! Volvei, longas noites de paz.

Vergam da neve os olmos dos caminhos.
A cinza arrefeceu sobre o brazido.
Noites da serra, o casebre transido...
Scismae, meus olhos, como uns velhinhos.

Extinctas primaveras, evocae-as.
Já vae florir o pomar das maceiras.
Hemos de enfeitar os chapeus de maias.

Socegae, esfriae, olhos febris...
Hemos de ir a cantar nas derradeiras
Ladainhas... Doces vozes senis.


II

(A Abel Annibal de Azevedo)

Passou o outomno já, já torna o frio...
- Outomno de seu riso maguado.
Algido Inverno! Obliquo o sol, gelado...
- O sol, e as aguas limpidas do rio.

Aguas claras do rio! Aguas do rio,
Fugindo sob o meu olhar cançado,
Para onde me levaes meu vão cuidado?
Aonde vaes, meu coração vazio?

Ficae, cabellos d'ella, fluctuando,
E, debaixo das aguas fugidias,
Os seus olhos abertos e scismando...

Onde ides a correr, melancolias?
- E, refractadas, longamente ondeando,
As suas mãos translucidas e frias...


Intendência

Neste semana não tenho tido muito tempo para o blog pois tenho vários trabalhos que têm que ser acabadas até amanhã. Por isso, muito de interessante que se passou esta semana não tem sido comentado por mim.

De qualquer modo, não queria deixar de agraceder ao Francisco por me ter classificado entre a sua biblioteca de eleição. É sempre bom sabermos que somos apreciados.

Não transformando isto numa "sociedade do elogio mútuo" (deixemos isso para as capelinhas dos nossos intelectuais), o Aviz é também uma das minhas indispensáveis leituras diárias.

Entretanto, a minha lista de preferidos também está quase elaborada. Logo que a puder acabar também a publicarei.

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