Para onde levam o Salgueiros? O Salgueiros continua numa curva descendente altamente inclinada e não sei mesmo onde vai parar. Infelizmente o futebol português tem sido, nos últimos, tempos em fértil em casos destes. Clubes históricos entram em queda abrupta. Foi o caso do Tirsense (embora este pareça ter invertido o rumo) ou do Leça. Mas o caso do Salgueiros e talvez mais dramático. Perderam o Vidal Pinheiro, onde se fizeram prédios. Receberam um terreno para construir um estádio, mas não o fizeram. Agora está agora transformado num lago artificial selvagem.
Certamente a gestão do Salgueiros, nos últimos anos, não foi a mais avisada. Mas, há dirigentes de outros clubes que continuam sem aprender a lição.
Foi na véspera do dia de Todos os Santos de 1517 que Lutero (10/11/1483 - 18/02/1546) publicou as suas 95 teses contra as indulgências na porta da igreja do castelo de Vitermberga.
Foi há 487 anos e mudou, para o bem ou para o mal, para sempre a face da Europa. A partir desse dia, Lutero começou a incompatiblizar-se com a Igreja Católica (apesar das teses expostas em si não exprimirem nenhum ponto de vista irreconciliável com as posições da Igreja), até ser condenado pela bula Exsurge domine de 15 de Junho de 1520. Aos poucos a Reforma começava a expandir-se pela Alemanha.
Depois do Cisma do Oriente em 1054, que separou a Igreja Católica da Igreja Ortodoxa de Constatinopla, a Igreja Católica já tinha sofrido uma outra grande crise com o chamado Grande Cisma do Ocidente, entre 1378 e 1417. A crise foi resolvida mas a autoridade da Igreja ficou muitíssimo abalada. O poder pontifício, a organização hierárquica e os sacramentos foram postas em causa por homens como Wyclif e Jan Huss. Assim, a Reforma protestante não nasceu do nada, mas apenas culminou um mal-estar que se sentia na Igreja na época tardo-medieval.
Como os meus leitores sabem, eu sou contra a Turquia na UE. Sou também da opinião de que não se deveria sequer abrir negociações tendo em vista a entrada na Turquia na UE. Há demasiadas questões políticas, culturais, religiosas, geográficas, demográficas em jogo para que o barco seja levado a bom porto. Penso mesmo que a entrada da Turquia na UE não iria aproveitar a ninguém. E, a minha posição nada tem que ver com a UE ser ou não um clube cristão, ou não.
No entanto é certo que o problema da Turquia é ser um país muçulmano e de, como todos os países muçulmanos, ter problemas com islamitas que estão em guerra declarada (embora andem para aí uns idiotas que ainda não viram isso) com o Ocidente (e não só com os Estados Unidos, ao contrário do que pensam esses míopes). Dizem-me que a Turquia é um país laico. Mas depois leio notícias como esta. A Turquia é um país laico à força, Lembrem-se que 80 anos de União Soviética não conseguiu acabar com as religiões aí existentes. Mas o império caíu, as religiões reapareceram em toda a força. E o mesmo acontece em vários países do leste europeu. Não se pode confundir os habitantes de Istambul com os da Anatólia ou os do Curdistão turco. Eu como não alinho em teorias multiculturalistas, tenho muitas dúvidas quanto à sã convivência entre povos tão diferentes dentro do mesmo espaço europeu.
Apesar de a Turquia ter interferido nos assuntos europeus durante cinco séculos, quase nada absorveu da cultura europeia. Culturalmente a Turquia seria um corpo estranho, não partilhando uma herança comum. Nada daquilo que influenciou e ajudou a construir a Europa de hoje, tem alguma importância na Turquia.
E pequenos episódios como aquele relatado na notícia, no dia nacional da Turquia, que comemora a criação da república da Turquia e, ao mesmo tempo, o fim do Império Otomano, são significativos de como a laicidade da Turquia é apenas um verniz que nunca penetrou profundamente no país.
Ontem, à noite, na A2, estava a dar o Clube de Jornalistas, programa que gosto de ver, quando me lembro, porque aparecem sempre por lá pessoas com opiniões pré-históricas e completamente suspensas no tempo. É uma verdadeira cápsula no tempo, faz-me voltar atrás cerca de 30 anos.
Outra característica que este programa tem, é a recorrente ideia do elevado conceito que têm da profissão de jornalista, quase como se fosse um sacerdócio, ideia complementada pela noção de que actualmente, obviamente devido à influência do poder económico (esse papão!), o jornalismo em geral não tem a mesma qualidade do jornalismo de outros tempos (o mito da Idade de Ouro reciclado e adaptado).
Bom, mas vamos ao que interessa e ao programa de ontem em concreto. Não o vi todo, por que me esqueci, mas ainda apanhei algumas pérolas. Um senhor, de seu nome António Rego Chaves, diz, a propósito da situação actual da comunicação social e do país, que era preciso não esquecermo-nos de que como era as coisas no tempo do Fascismo (coisa que, strictu sensu, nunca existiu em Portugal), para que agora não caiamos na mesma situação. Assim, segundo este senhor, a situação actual poderia levar a que o governo censurasse os media de agora como o governo da Outra Senhora fazia então.
É óbvio que isto é um absurdo e que a liberdade de imprensa não está agora mais ameaçada do que estava há 6 anos atrás. Alias, quando a Portugal Global foi criada e o deputado socialista João Carlos Silva nomeado presidente da RTP não ouvi estes arautos da liberdade a protestarem contra o controlo do governo (do PS) sobre media portugueses. Lembro-me do Pacheco Pereira reclamar e pouco mais...
Baptista-Bastos, também presente no programa, não poderia deixar de estar mais de acordo com Rego Chaves.
Enfim, verdadeiros dinossauros excelentíssimos que vivem ainda com os fantasmas do passado. Certamente estão com saudades da imprensa do imediatao pós-25A em que o Estado tudo podia e tudo mandava. Aí sim, é que era bom.
Post-scriptum. Não que tudo fosse mau no programa. O depoimento de Ana Sousa Dias foi interessante e certeiro.
Deste governo francês já nada me espanta. Por isso mesmo, esta afirmação de Micher Barnier, ministro dos negócios estrangeiros francês, não me faz impressiona mesno nada. Direi eu, mais uma frase para a lamentável figurinha feita por um governo deste segundo mandato de Chirac.
Mas dizer, sem se rir, que Arafat sempre procurou a paz é realmente uma idiotice. Enfim...
Ouço na SIC-N um senhor da Associação Académica de Coimbra, vestido à vampiro, a falar de democracia. Que desaforo.
É um verdadeiro paradoxo. Como podem estes senhores falarem de democracia quando, da forma mais antidemocrática possível, eles invadiam o Senado da Universidade para impedir o regular funcionamento democrático da instituição?.
A estes é que falta de certeza o "calo" democrático.
A comissão de Durão Barroso vai a votos no Parlamento Europeu. Segundo noticia a TSF, socialistas e liberais ainda têm dúvidas no sentido de voto, mais os primeiros do que os segundos.
Segundo dizem os analistas, a causa próxima da rejeição dos par(a)lamentares socialistas são as declarações do comissário Buttiglione sobre a homossexualidade e o estatuto das mulheres na sociedade. Bastaram uma afirmações fora do politicamente correcto, os media amplificam o caso distorcendo de vez em quando. E, pronto, é quanto baste para apresentar o homem como homofóbo.
Por muito contestáveis que sejam as suas declarações, não vi nelas qualquer homofobia (aliás, era bom que antes de começarem a adjectivarem tudo e todos, era bom definir o conceito com um pouco mais de rigor) nelas. Há sem dúvida uma opinião baseada nas suas crenças religiosas. Mas, e daí? Todos nós temos as nossas opiniões baseadas em crenças (religiosas ou não). Será que as opiniões com base laicas são melhores, só por não são religiosas. Dizem que ele não pode impor a sua visão à sociedade. E os outros, os laicos, podem impor as suas concepção e visões do mundo à sociedade? Tenho eu que acreditar, por exemplo, que uma sociedade multicultural perfeita é possível? Claro que não! Não acredito nisso. Como não acredito que a homossexualidade seja só uma questão de "nurture". Afinal se rapazes e raparigas são diferentes em tanta coisa, como por exemplo, na aprendizagem. No fundo, na política, há sempre uma facção que impõe a sua visão do mundo num aspecto particular à(s) outra(s). Buttiglione tem é que respeitar a instituição onde está e reger-se de acordo com os seus padrões sobre as liberdades e garantias dos cidadãos europeus.
Tudo este caso é de uma enorme hipocrisia que para mim esconde outro facto. O facto é que a esquerda europeia está ressabiada por o presidente da comissão não ser um deles. A escolha de Durão Barroso, alguém que veio da direita, europeísta convicto (para o meu gosto até demais) mas também atlantista e, pior, apoiante de George Bush, caiu-lhes muito mal. Foi um autêntico sapo vivo que engoliram. Por isso, Buttiglione é apenas um pretexto para eles se porem em bicos de pé, para marcarem posição. A comissão no seu todo é considerada demasiado liberal pela esquerda (como a UE tivesse liberais!). Ainda por cima Barroso quer manter Buttiglione e isso a esquerda acha que é arrogância. Como não lhes satisfez a vontadinha, os socialistas querem reprovar a nova equipa de comissários. Enfim... much ado about nothing.